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UE: pior crise do século 21 não é a financeira, mas a climática

'Não há dúvida de que a crise financeira passará, mas a crise climática ainda está por vir' disse o representante do bloco na COP17

A UE quer que o clima receba tanta atenção quanto a crise financeira (Getty Images)

A UE quer que o clima receba tanta atenção quanto a crise financeira (Getty Images)

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Da Redação

Publicado em 7 de dezembro de 2011 às 15h11.

Durban, África do Sul - A verdadeira crise do século 21 não é a financeira, mas a decorrente do aquecimento global, advertiu nesta quarta-feira Jo Leinen, chefe da delegação do Parlamento Europeu na Conferência da ONU sobre Mudanças Climáticas realizada em Durban (África do Sul).

'Não há dúvida de que a crise financeira passará, mas a crise climática ainda está por vir', declarou Leinen em entrevista coletiva, na qual a União Europeia (UE) voltou a pedir que se alcance em 2015 um acordo global vinculante para combater a mudança climática.

Leinen lembrou que, na próxima sexta-feira, ocorre em Bruxelas uma cúpula para enfrentar a crise financeira, e expressou o desejo de que a conferência de Durban, que termina também na sexta, seja merecedora da mesma atenção midiática.

'Todos sabemos que, no ano passado, houve 5% a mais de emissões que em 2009, e que não há perspectivas que isso mude neste ano ou no próximo', assinalou o representante do Parlamento Europeu, ao insistir na urgência das medidas.

Os esforços atuais da comunidade internacional não servirão para manter o aumento das temperaturas médias mundiais daqui até o final de século abaixo dos 2 graus centígrados considerados perigosos, dizem os especialistas.

As principais tarefas da cúpula de Durban são decidir o futuro do Protocolo de Kyoto, único tratado existente sobre o corte de emissões - que expira em 2012 -, e dar início aos trabalhos do Fundo Verde para o Clima que deve ajudar os países menos desenvolvidos a combater a mudança climática.

Kyoto, que entrou em vigor em 2005, impõe metas de cortes de emissões de gases do efeito estufa a 37 nações desenvolvidas, mas não foi ratificado pelos EUA, maiores poluidores do mundo, e isentou Brasil, China e Índia de obrigações por serem consideradas economias em desenvolvimento quando o documento foi assinado em 1997.


Em Durban, os únicos que se mostraram dispostos a pactuar um segundo período de compromisso de Kyoto são os países da União Europeia (UE), enquanto que o Japão, Rússia e Canadá decidiram não renová-lo.

Leinen e a comissária de Meio ambiente da UE, Connie Hedegaard, vincularam nesta quarta-feira a adesão do bloco europeu a um segundo período de Kyoto a um compromisso por parte dos demais países a alcançar um acordo global vinculante sobre corte de emissões, com datas fixadas.

Para Bruxelas, esse novo tratado seja negociado em 2015, algo que ainda não conta com o aval de Washington, que antes exige um esforço similar da China, nem Pequim, que alega a necessidade de as nações ricas que mais poluíram até agora serem as únicas submetidas a compromissos vinculantes.

'Precisamos com urgência que os países assinem um plano que leve a um acordo global vinculante em 2015. O recorrente jogo de pingue-pongue de acusações entre EUA e China já não é aceitável e deve terminar', afirmou Leinen.

O parlamentar europeu também enfatizou a importância que, na cúpula, se inicie o Fundo Verde para o Clima estipulado no ano passado na conferência de Cancún.

A partir de 2020, o Fundo deve proporcionar US$ 100 bilhões anuais aos países mais pobres para enfrentar a mudança climática. Uma parte do financiamento poderia vir de um imposto sobre o transporte marítimo, proposta que figura na minuta em debate entre os delegados dos mais de 190 países presentes em Durban. 

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