Manifestante com rosto coberto de sangue é visto durante conflitos com a polícia em Atenas, na Grécia (John Kolesidis/Reuters)
Da Redação
Publicado em 11 de maio de 2011 às 14h35.
Atenas/Bruxelas - Os ministros das Finanças da União Europeia discutirão a crise de dívida da Grécia na semana que vem, mas não decidirão sobre um novo pacote de ajuda financeira até que uma inspeção em Atenas, que começou nesta quarta-feira em meio a uma greve nacional, dê um veredicto sobre o progresso das reformas.
Embora jornais gregos tenham noticiado que um acordo estaria sendo discutido para a concessão de um empréstimo adicional da UE e do Fundo Monetário Internacional (FMI) para a Grécia em troca de mais privatizações, autoridades da zona do euro amenizaram expectativas de novidades iminentes.
Durante reunião na próxima segunda-feira, ministros das Finanças da zona do euro devem dizer que a Grécia deve cumprir metas de cortes e privatizações já combinadas se quiser um novo financiamento de emergência no ano que vem, segundo uma fonte do bloco monetário europeu.
O vice-ministro das Finanças alemão, Joerg Asmussen, disse que nenhuma decisão pode ser tomada antes que a inspeção da UE e do FMI informe o progresso da Grécia nas condições impostas pelo resgate atual de 110 bilhões de euros.
"Haverá um debate sobre a Grécia na semana que vem. Nenhuma decisão será tomada", disse Asmussen.
A inspeção irá se concentrar no plano fiscal de 2011 a 2015 e no progresso do país para levantar 50 bilhões de euros com privatizações.
Um ano após o acordo com a UE e o FMI, investidores estão convencidos de que o socorro ao país altamente endividado não foi suficiente e que a Grécia será obrigada a reestruturar sua dívida, impondo prejuízos a investidores privados de bônus, a menos que os credores entrem com mais fundos. A Grécia tenta lidar com um montante de dívida de 327 bilhões de euros.
"Mistura Explosiva"
Os gregos já estão cansados dos profundos cortes de gastos públicos e dos aumentos de impostos que ameaçam sua qualidade de vida.
A polícia combateu manifestantes em Atenas com gás lacrimogêneo, durante uma greve de grande escala contra os cortes de salários e aumentos de impostos, parte da austeridade fiscal do governo do Partido Socialista.
A greve nacional paralisou voos e embarques. Os hospitais funcionam com o número mínimo de funcionários, as escolas estão fechadas e o transporte público foi interrompido.
"As pessoas sentem que não podem pagar as contas e, ao mesmo tempo, acreditam que essas políticas não são eficazes. Isso é uma mistura explosiva", disse Costas Panagopoulos, do grupo de pesquisa ALCO.
A Alemanha --que, como maior economia da Europa, é a principal credora dos empréstimos concedidos a Grécia, Irlanda e Portugal-- deixou claro que não pode haver uma ajuda adicional ou facilitamento dos termos de financiamento sem compromissos fiscais em troca.