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UE insta China a abordar suas 'diferenças' em cúpula em Pequim

A China e a UE intensificaram a sua aproximação diplomática este ano para fortalecer a recuperação pós-pandemia e restabelecer os seus laços

Von der Leyen alertou esta semana que o bloco "não tolerará" tais desequilíbrios indefinidamente (Leon Sadiki/Bloomberg/Getty Images)

Von der Leyen alertou esta semana que o bloco "não tolerará" tais desequilíbrios indefinidamente (Leon Sadiki/Bloomberg/Getty Images)

Estadão Conteúdo
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Agência de notícias

Publicado em 7 de dezembro de 2023 às 09h18.

A presidente do braço Executivo da União Europeia(UE), Ursula von der Leyen, instou nesta quinta-feira, 7, o presidente chinês, Xi Jinping, a abordar os "desequilíbrios e diferenças" em suas relações durante a primeira cúpula presencial entre o bloco e o país asiático em quatro anos.

A China e a UE intensificaram a sua aproximação diplomática este ano para fortalecer a recuperação pós-pandemia e restabelecer os seus laços, com uma série de visitas de comissários europeus a Pequim para retomar o diálogo.

Nas suas observações iniciais, Von der Leyen, presidente da Comissão Europeia, agradeceu a Xi pela "calorosa recepção" em sua segunda viagem à China este ano.

"A China é o parceiro comercial mais importante da UE", disse ela, acompanhada pelo presidente do Conselho Europeu, Charles Michel, e pelo chefe da diplomacia da UE, Josep Borrell. "Mas há desequilíbrios e diferenças claras que devemos abordar", destacou.

"Às vezes os nossos interesses coincidem", como na cooperação em inteligência artificial e alterações climáticas. "Mas quando isso não acontece, precisamos abordar e administrar com responsabilidade as preocupações que temos", argumentou.

Relação estável

Michel disse que o bloco procura "uma relação estável e mutuamente benéfica com a China", mas também quer "promover os valores europeus, incluindo os direitos humanos e a democracia" durante a cúpula.

A UE está confiante de que as reuniões desta quinta-feira com o alto comando chinês sejam uma oportunidade para discutir questões de interesse comum, como a mudança climática e a saúde.

Em sua declaração, o presidente Xi disse aos seus convidados europeus que devem "responder conjuntamente aos desafios globais".

Os diálogos deverão também abordar questões mais espinhosas, como os direitos humanos e as relações da China com a Rússia, apesar da guerra na Ucrânia, e o crescente abismo comercial entre os dois lados.

Von der Leyen alertou esta semana que o bloco "não tolerará" tais desequilíbrios indefinidamente. "Temos ferramentas para proteger o nosso mercado", disse à AFP.

Pequim respondeu na quarta-feira que a política comercial da UE em relação à China, querendo equilibrar a balança mas restringindo a exportação de tecnologia sensível, não "faz sentido".

Autoridades europeias repetiram várias vezes neste ano que buscam reduzir os riscos em suas relações econômicas depois que a guerra na Ucrânia expôs o perigo da dependência do continente à energia russa.

"Zero confiança"

A meta de Pequim será "dificultar ou atrasar esta redução de riscos com um custo mínimo", afirmou na quarta-feira Grzegorz Stec, analista do centro de estudos sobre a China MERICS.

Pequim tentará "projetar sua imagem de ator global responsável e tranquilizar os atores europeus sobre o rumo da economia chinesa", afirmou Stec.

Às vésperas da cúpula, a Itália anunciou sua saída da iniciativa chinesa das Novas Rotas da Seda, uma estratégia para o desenvolvimento global de infraestruturas.

A primeira-ministra Giorgia Meloni se opôs à participação da Itália em uma iniciativa que muitos viram como um esforço de Pequim para ganhar influência política, e cujos benefícios econômicos são limitados para Roma.

A agenda da cúpula também incluirá as guerra entre Israel e Hamas e a da Rússia na Ucrânia.

A China, que não condenou a invasão à Ucrânia, recebeu o presidente russo, Vladimir Putin, em outubro em Pequim, quando Xi exaltou sua "profunda amizade".

Esse nível de camaradagem sera pouco provável nas negociações com as autoridades europeias, que segundo um analista, têm "zero confiança" em Pequim.

"Cada parte tem poucas possibilidades de alcançar o que quer da outra", adiantou à AFP Nicholas Bequelin, do Centro Paul Tsai sobre a China na Universidade de Yale.

"Interesses comuns"

Os europeus disseram que vão instar Pequim a usar os seus laços com Moscou para pressionar pelo fim da guerra na Ucrânia.

Embora a China não tenha fornecido ajuda militar a Moscou, reforçou seus laços econômicos enquanto o Ocidente tenta isolar a Rússia.

A China disse que a reunião desempenhará um "papel importante na construção do passado e na condução do futuro".

"A China e a Europa são parceiras, não rivais, e os seus interesses comuns superam em muito as suas diferenças", disse esta semana o porta-voz diplomático Wang Wenbin.

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