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UE fecha acordo sobre novas sanções contra a Rússia

A União Europeia irá adotar novas sanções contra a Rússia por seu envolvimento no conflito no leste ucraniano

O presidente do Conselho Europeu, Herman Van Rompuy: UE poderá rever sanções (John Thys/AFP)

O presidente do Conselho Europeu, Herman Van Rompuy: UE poderá rever sanções (John Thys/AFP)

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Da Redação

Publicado em 11 de setembro de 2014 às 13h13.

Bruxelas - A União Europeia (UE) alcançou um acordo nesta quinta-feira, após muitas negociações, para adotar novas sanções contra a Rússia por seu envolvimento no conflito no leste da Ucrânia, onde a Otan afirma que cerca de mil soldados russos continuam mobilizados.

Ainda nesta quinta-feira, o governo ucraniano reconheceu pela primeira vez que os separatistas pró-russos controlam a fronteira leste com a Rússia até o mar de Azov.

Em agosto, os separatistas lançaram uma contra-ofensiva em direção às cidades estratégicas costeiras do sul da região de Donetsk, às margens do mar de Azov.

Se os rebeldes tomarem o porto de Mariupol, última grande cidade ucraniana ainda sob controle do exército, isso permitiria criar uma ligação terrestre entre a fronteira russa e a Crimeia, península ucraniana anexada em março pela Rússia.

Neste contexto de tensão, após vários dias de intensas discussões, os 28 países membros da UE concordaram em reforçar as sanções econômicas contra a Rússia, que devem entrar em vigor já a partir de sexta-feira para manter a pressão sobre Moscou após um acordo de cessar-fogo alcançado na sexta-feira passada entre Kiev e os rebeldes.

No momento em que a economia russa está à beira da recessão, a moeda russa caiu nesta quinta-feira em um novo recorde frente ao dólar.

Um assessor do Kremlin anunciou prontamente que a Rússia já preparou um novo pacote de medidas em represália às novas sanções ocidentais que afetarão a importação de carros de segunda mão e alguns bens de consumo.

"O ministério da Economia já preparou, até onde eu sei, a lista de produtos" que serão afetados pelas novas medidas, além dos produtos alimentícios sobre os quais já pesa um embargo, declarou Andrei Belousov à agência pública Ria-Novosti.

"Mas espero que o senso comum impere e que não tenhamos que ser obrigados a aplicá-las", acrescentou.

"Mas espero que o sentido comum impere e que não tenhamos de nos ver obrigados a aplicá-las", acrescentou.

Os produtos afetados são sensíveis para os sócios europeus, observou ainda.

As sanções da UE devem, por sua vez, restringir o acesso aos mercados de capitais e proibir o financiamento da dívida de três grandes empresas russas do setor da defesa e de três outras do setor de energia.

Esta interdição deve atingir as companhias petrolíferas Rosneft e Transneft, bem como a filial da gigante de gás Gazprom, de acordo com uma fonte europeia.

Também incluirá 24 nomes às centenas de personalidades russas e ucranianas pró-russas que já são alvos de sanções, congelamento de bens e proibição de vistos. No total, são 119 pessoas afetadas pelas sanções.

Contudo, a UE poderá "amenizar, suspender ou cancelar" as sanções contra a Rússia tendo em vista os acontecimentos no terreno, segundo o presidente do Conselho Europeu, Herman Van Rompuy, que afirmou que o grupo realizará "uma avaliação exaustiva sobre os progressos do plano de paz na Ucrânia até o final de setembro".

Otan preocupada

Mas a situação no terreno parece longe de ser resolvida. Segundo a Otan, "ainda há cerca de mil soldados russos" no leste da Ucrânia "com um número substancial de equipamentos", e 20.000 outros seguem mobilizados ao longo da fronteira entre os dois países.

"A Otan continua a pedir para que a Rússia encontre uma solução política à crise, em conjunto com a comunidade internacional e o governo ucraniano", declarou à AFP uma fonte da Aliança Atlântica, indicando que a Otan "continua muito preocupada com a crise Rússia/Ucrânia".

Essas informações contradizem as declarações feitas na quarta-feira pelo presidente ucraniano Petro Poroshenko de que a maioria das tropas russas teriam se retirado de seu território.

A Rússia nega qualquer envolvimento no conflito, que provocou a maior crise entre Moscou e o Ocidente desde o fim da Guerra Fria.

Contudo, jornalistas da AFP em Donetsk relataram ter ouvido duas séries de disparos durante a madrugada da região do aeroporto, controlado pelas tropas ucranianas e palco de combates nos últimos meses.

"O aeroporto foi alvo de disparos de morteiro", afirmou um porta-voz militar ucraniano, Oleksiï Dmytrachkivski. Segundo a prefeitura de Donetsk, "a noite foi agitada e salvas de tiros foram ouvidas na cidade".

Na terça-feira, os Estados Unidos consideraram que o cessar-fogo na Ucrânia "tem sido cumprido de maneira geral", apesar das informações sobre ataques e tiros em alguns locais.

Conferência internacional em Kiev

Dirigida pelos pró-ocidentais desde a queda do regime pró-Rússia de Viktor Yanukovytch em fevereiro após o movimento de contestação nascido na Praça Maidan, a Ucrânia recebe a partir desta quinta-feira uma conferência anual de três dias batizada de Yalta European Strategy (YES), dedicada à estratégia pró-europeia da Ucrânia que se prepara para ratificar até o fim do mês o Acordo de Associação com a União Europeia.

A décima primeira edição desta conferência que reúne representantes das elites políticas e especialistas ucranianos e e ocidentais e que era tradicionalmente realizada em Yalta, na Crimeia, acontecerá pela primeira vez em Kiev, após a anexação da península ucraniana à Rússia.

O presidente Petro Poroshenko pronunciará sexta-feira de manhã um discurso aos convidados da conferência.

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