Bruxelas - A União Europeia (UE) alcançou um acordo nesta quinta-feira, após muitas negociações, para adotar novas sanções contra a Rússia por seu envolvimento no conflito no leste da Ucrânia, onde a Otan afirma que cerca de mil soldados russos continuam mobilizados.
Ainda nesta quinta-feira, o governo ucraniano reconheceu pela primeira vez que os separatistas pró-russos controlam a fronteira leste com a Rússia até o mar de Azov.
Em agosto, os separatistas lançaram uma contra-ofensiva em direção às cidades estratégicas costeiras do sul da região de Donetsk, às margens do mar de Azov.
Se os rebeldes tomarem o porto de Mariupol, última grande cidade ucraniana ainda sob controle do exército, isso permitiria criar uma ligação terrestre entre a fronteira russa e a Crimeia, península ucraniana anexada em março pela Rússia.
Neste contexto de tensão, após vários dias de intensas discussões, os 28 países membros da UE concordaram em reforçar as sanções econômicas contra a Rússia, que devem entrar em vigor já a partir de sexta-feira para manter a pressão sobre Moscou após um acordo de cessar-fogo alcançado na sexta-feira passada entre Kiev e os rebeldes.
No momento em que a economia russa está à beira da recessão, a moeda russa caiu nesta quinta-feira em um novo recorde frente ao dólar.
Um assessor do Kremlin anunciou prontamente que a Rússia já preparou um novo pacote de medidas em represália às novas sanções ocidentais que afetarão a importação de carros de segunda mão e alguns bens de consumo.
"O ministério da Economia já preparou, até onde eu sei, a lista de produtos" que serão afetados pelas novas medidas, além dos produtos alimentícios sobre os quais já pesa um embargo, declarou Andrei Belousov à agência pública Ria-Novosti.
"Mas espero que o senso comum impere e que não tenhamos que ser obrigados a aplicá-las", acrescentou.
"Mas espero que o sentido comum impere e que não tenhamos de nos ver obrigados a aplicá-las", acrescentou.
Os produtos afetados são sensíveis para os sócios europeus, observou ainda.
As sanções da UE devem, por sua vez, restringir o acesso aos mercados de capitais e proibir o financiamento da dívida de três grandes empresas russas do setor da defesa e de três outras do setor de energia.
Esta interdição deve atingir as companhias petrolíferas Rosneft e Transneft, bem como a filial da gigante de gás Gazprom, de acordo com uma fonte europeia.
Também incluirá 24 nomes às centenas de personalidades russas e ucranianas pró-russas que já são alvos de sanções, congelamento de bens e proibição de vistos. No total, são 119 pessoas afetadas pelas sanções.
Contudo, a UE poderá "amenizar, suspender ou cancelar" as sanções contra a Rússia tendo em vista os acontecimentos no terreno, segundo o presidente do Conselho Europeu, Herman Van Rompuy, que afirmou que o grupo realizará "uma avaliação exaustiva sobre os progressos do plano de paz na Ucrânia até o final de setembro".
Otan preocupada
Mas a situação no terreno parece longe de ser resolvida. Segundo a Otan, "ainda há cerca de mil soldados russos" no leste da Ucrânia "com um número substancial de equipamentos", e 20.000 outros seguem mobilizados ao longo da fronteira entre os dois países.
"A Otan continua a pedir para que a Rússia encontre uma solução política à crise, em conjunto com a comunidade internacional e o governo ucraniano", declarou à AFP uma fonte da Aliança Atlântica, indicando que a Otan "continua muito preocupada com a crise Rússia/Ucrânia".
Essas informações contradizem as declarações feitas na quarta-feira pelo presidente ucraniano Petro Poroshenko de que a maioria das tropas russas teriam se retirado de seu território.
A Rússia nega qualquer envolvimento no conflito, que provocou a maior crise entre Moscou e o Ocidente desde o fim da Guerra Fria.
Contudo, jornalistas da AFP em Donetsk relataram ter ouvido duas séries de disparos durante a madrugada da região do aeroporto, controlado pelas tropas ucranianas e palco de combates nos últimos meses.
"O aeroporto foi alvo de disparos de morteiro", afirmou um porta-voz militar ucraniano, Oleksiï Dmytrachkivski. Segundo a prefeitura de Donetsk, "a noite foi agitada e salvas de tiros foram ouvidas na cidade".
Na terça-feira, os Estados Unidos consideraram que o cessar-fogo na Ucrânia "tem sido cumprido de maneira geral", apesar das informações sobre ataques e tiros em alguns locais.
Conferência internacional em Kiev
Dirigida pelos pró-ocidentais desde a queda do regime pró-Rússia de Viktor Yanukovytch em fevereiro após o movimento de contestação nascido na Praça Maidan, a Ucrânia recebe a partir desta quinta-feira uma conferência anual de três dias batizada de Yalta European Strategy (YES), dedicada à estratégia pró-europeia da Ucrânia que se prepara para ratificar até o fim do mês o Acordo de Associação com a União Europeia.
A décima primeira edição desta conferência que reúne representantes das elites políticas e especialistas ucranianos e e ocidentais e que era tradicionalmente realizada em Yalta, na Crimeia, acontecerá pela primeira vez em Kiev, após a anexação da península ucraniana à Rússia.
O presidente Petro Poroshenko pronunciará sexta-feira de manhã um discurso aos convidados da conferência.
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1. Velas e armas
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1/13 (Graham Denholm / Getty Images)
São Paulo – Na quinta-feira, o voo MH17 da Malaysian Airlines, que ia de Amsterdã para Kuala Lumpur, foi derrubado enquanto sobrevoava o céu do leste da Ucrânia. Desde então, o governo central ucraniano e a Rússia trocam acusações sobre quem foi responsável pelo míssil que atingiu o avião. Veja, a seguir, as fotos do desenrolar do conflito desde a queda do avião até este domingo.
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2. Pelo chão
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2/13 (Getty Images)
As bagagens e pertences pessoais das vítimas que estavam a bordo do Malaysia Airlines voo MH17 estão espalhadas por Grabovo, na Ucrânia. Segundo relatos de correspondentes internacionais, os destroços do avião estão espalhados a até 15 km do ponto central onde está a maior parte da fuselagem.
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3. Memória saqueada
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3/13 (Maxim Zmeyev/Reuters)
Dinheiro, joias, objetos pessoais e até cartões de créditos das 298 vítimas do voo MH17 da Malaysia Airlines, abatido por um míssil na Ucrânia, na sexta-feira, estão sendo saqueados. Militantes separatistas admitem que removeram objetos, além das caixas-pretas, do local do acidente.
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4. Sem destino
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4/13 (Brendan Hoffman / Getty Images)
Hoje, um vagão de trem refrigerado com parte dos corpos dos passageiros de Malaysia Airlines vôo MH17 aguarda na estação de trem para o transporte ruma a um destino ainda desconhecido. O vôo MH17 da Malaysia Airlines viajava de Amsterdã para Kuala Lumpur quando caiu matando todos os 298 a bordo, incluindo 80 crianças.
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5. Caixa-preta
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5/13 (Getty Images)
O governo da Ucrânia disse neste domingo que interceptou conversas telefônicas entre os rebeldes pró-russos e os militares russos. Os
rebeldes admitiram hoje podem estar com a caixa-preta e prometeram entregar caixas pretas do voo malaio à Organização da Aviação Civil Internacional.
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6. Represália Europeia
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6/13 (Maxim Zmeyev/Reuters)
De
acordo com o WSJ, os líderes europeus ameaçaram impor sanções mais duras contra a Rússia, em decorrência da queda do voo MH17, sem deixar ainda claro o que pode acontecer em represália. Os chanceleres da União Europeia se reunirão em Bruxelas nesta terça-feira para decidir o que fazer, mas há uma grande chance que ativos na Europa construídos por empresários russos, bem como as de empresas originárias do país, possam ser congelados.
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7. Maioria holandesa
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7/13 (Graham Denholm / Getty Images)
A maioria das 298 pessoas a bordo do voo MH 17 era de nacionalidade holandesa. Entre as vítimas havia 154 passageiros holandeses, 27 australianos, 23 malaios, onze indonésios, seis britânicos, quatro alemães, quatro belgas, três filipinos e um canadense no voo. "As famílias querem enterrar seus parentes", declarou ministro do Exterior holandês, Frans Timmermans. Um grupo de 15 especialistas holandeses foi enviado ao local da tragédia para identificar os corpos.
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8. Domingo de homenagem
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8/13 (Christopher Furlong / Getty Images)
Velas em memória das vítimas foram acesas durante uma missa especial na Igreja de Saint Vitus em Hilversum, Holanda, nesta manhã. Três famílias da cidade morreram no acidente. Por todo o país o domingo foi marcado por homenagens às vitimas da tragédia, lembradas em cultos, eventos esportivos e oficiais e no aeroporto Schiphol de Amsterdã, de onde o avião partiu na última quinta-feira.
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9. Em busca da cura
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9/13 (Graham Denholm / Getty Images)
Um participante da 20ª Conferência Internacional de AIDS que acontece hoje em Melbourne, Austrália, amarra uma fita vermelha em homenagem daqueles que perderam suas vidas no voo MH17. Pelo menos seis enviados estavam no avião rumo ao encontro dos maiores especialistas em busca da cura para a doença.
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10. EUA diz que sabe
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10/13 (gett)
Os
Estados Unidos detectaram o lançamento de um míssil antiaéreo e observou sua trajetória na quinta-feira passada, quando o avião da Malaysia Airlines caiu, supostamente atingido, no leste da Ucrânia, afirmou neste domingo o secretário de Estado, John Kerry. O presidente Barack Obama já hava dito que tudo apontava para que o avião tivesse atingido por rebeldes pró-russos. 'Sabemos, com certeza, que durante o último mês houve um fluxo de armamento, um comboio de uns 150 veículos incluídos transporte de pessoal, lança mísseis, artilharia, da Rússia para o leste da Ucrânia', disse ele.
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11. Artigo editado
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11/13 (Getty Images)
O imbróglio da Ucrânia e Russia chegou à web. Primeiro, um computador de Kiev, capital da Ucrânia,
editou o artigo em russo para "acidentes de aviação comercial" colocando a culpa da queda em "terroristas da auto-proclamada República Popular de Donetsk com mísseis de sistema Buk, que os terroristas receberam da Federação Russa". Menos de uma hora depois, alguém com um endereço de IP russo mudou o texto para "o avião foi abatido por soldados ucranianos".
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12. Duas tragédias no ano
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12/13 (Maxim Zmeyev/Reuters)
Depois de ter um avião desaparecido nos ares em março, nesta quinta-feira, o Boeing 777 da companhia Malaysia Airlines com 295 passageiros a bordo caiu na região de Donetsk, no leste da Ucrânia, sem deixar sobreviventes. A
companhia já apresentava uma operação deficitária antes disso, suportada por verbas governamentais e que degringolava cada vez mais pela imagem afetada com a tragédia. Agora deve ter de enfrentar processos movidos por pessoas de vários países.
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13. Agora, veja quais são os exércitos mais poderosos
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13/13 (Bradley Rhen / US Army / Wikimedia Commons)