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UE e Otan se preparam para encontro com um imprevisível Trump

Líderes do bloco e da organização se encontrarão com o presidente americano na quinta-feira

Donald Trump: antes de tomar posse, o presidente americano chamou a Aliança Atlântica de "obsoleta" (Joshua Roberts/Reuters)

Donald Trump: antes de tomar posse, o presidente americano chamou a Aliança Atlântica de "obsoleta" (Joshua Roberts/Reuters)

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AFP

Publicado em 23 de maio de 2017 às 14h40.

Esperando o melhor, mas temendo o pior. Os líderes da UE e da Otan se preparam para seu primeiro encontro, na quinta-feira, com o presidente americano, Donald Trump.

"Todos se perguntam qual é a política de Trump para a Otan e a União Europeia (UE)", resume Markus Kaim, pesquisador do instituto alemão de política externa SWP.

Antes de tomar posse, o presidente americano chamou a Aliança Atlântica de "obsoleta". Meses depois, mudou de opinião em abril após se reunir com o seu secretário-geral Jens Stoltenberg.

Apesar desta mudança, a incerteza não diminuiu e em Bruxelas, onde estão as sedes de ambas as instituições, as reuniões se concentram nas maneiras de conseguir uma visita sem contratempos.

O objetivo é fazer com que "seja curta, dinâmica e positiva, e evitar comentários polêmicos", explica Tomas Valasek, diretor do think tank Carnegie Europe.

Para evitar problemas, não há coletiva de imprensa conjunta prevista para a cúpula da Otan.

Mesmo ambiente na UE. O presidente do Conselho Europeu, Donald Tusk, e do executivo comunitário, Jean-Claude Juncker, não preveem falar com a imprensa após se encontrarem com Trump na parte da manhã.

Também não está prevista entrevista coletiva do presidente americano, que enfrenta um grande escândalo político em seu país por seus vínculos com a Rússia e após a demissão do diretor do FBI, James Comey.

Palavras de Trump serão analisadas

Apesar das precauções, o encontro com os líderes da UE tem mais chances de fracassar, aponta Valasek, para quem nenhum presidente americano havia sido "tão abertamente oposto à UE".

As divergências sobre questões como acordos de livre comércio ou combate às mudanças climáticas são profundas.

Antes de sua eleição, Trump chamou Bruxelas de "antro" e previu que outros países seguiriam os passos do Reino Unido após o Brexit, antes de felicitar meses depois a UE por conseguir manter sua unidade.

"No geral, os sinais tem sido mais positivos desde a posse de Trump, por isso as expectativas são elevadas, mas os aliados vão examinar atentamente cada uma de suas palavras", declarou um diplomata europeu que pediu anonimato.

Apesar de sua aparente proximidade com a Rússia, que preocupa principalmente os países do leste europeu, e o questionamento de Washington ao princípio de ajuda a um parceiro da Otan em caso de ataque, o caminho para uma cúpula da Otan de sucesso parece pavimentado.

O secretário de Defesa americano, James Mattis, e o vice-presidente Mike Pence reafirmaram há alguns meses a "força" do vínculo transatlântico, embora tenham advertido que os países europeus deveriam aumentar seus gastos militares para 2% do PIB.

As prioridades dos Estados Unidos para a Otan são claras: um aumento dos gastos militares e que a Aliança se envolva na luta contra o terrorismo, juntando-se à coalizão internacional contra o grupo Estado Islâmico (EI) na Síria e no Iraque.

Ambos os pontos aparecem na agenda de uma reunião de cúpula sob medida para Donald Trump, que acontecerá dias depois do atentado suicida que matou ao menos 22 pessoas em Manchester, na Inglaterra.

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