Comissão Europeia destaca a importância do acordo para a segurança econômica da Europa e a competitividade no Mercosul (Mercosul/Divulgação)
Agência de Notícias
Publicado em 3 de dezembro de 2024 às 17h10.
A diretora-geral de Comércio da Comissão Europeia, Sabine Weyand, afirmou nesta terça-feira, 3, que as negociações para concluir o acordo de associação entre a União Europeia (UE) e o Mercosul avançaram para o nível político. Agora, o comissário de Comércio, Maros Sefcovic, e representantes sul-americanos estão diretamente envolvidos no processo.
“O trabalho progrediu, as discussões estão em andamento também em nível político. O Comissário Sefcovic está totalmente envolvido no avanço das negociações e na garantia de um bom resultado para a Europa. Ele terá mais contatos com seus colegas nas próximas horas”, declarou Weyand durante uma audiência do Comitê de Comércio Internacional do Parlamento Europeu.
A diretora-geral explicou que, devido à natureza das negociações, não pode revelar publicamente as questões pendentes, mas prometeu informar sobre o acordo final assim que ele for concluído. [Grifar] Weyand enfatizou que esses acordos são fundamentais para a segurança econômica da Europa no atual cenário geopolítico, para proteger as cadeias de valor e reduzir dependências, além de oferecer às empresas europeias uma vantagem competitiva no Mercosul.
Apesar do avanço, a União Europeia segue dividida sobre o acordo, com a França liderando a oposição. O país argumenta que o pacto pode prejudicar os produtores agrícolas da UE. Em 2019, após 20 anos de negociações, o texto do acordo foi finalizado. No entanto, o lado europeu solicitou a inclusão de um anexo, exigindo mais garantias dos países latino-americanos quanto ao cumprimento do Acordo de Paris e da legislação trabalhista internacional, pontos que já estavam contemplados no acordo.
Entre as preocupações europeias, destaca-se o desmatamento da Amazônia e o uso das terras anteriormente cobertas por selva para a exploração agrícola, o que aumentaria a produção de produtos agrícolas. Em resposta, Weyand assegurou que o acordo “salvaguarda” essas questões e que as cotas de importação de produtos agrícolas sensíveis foram cuidadosamente ajustadas para evitar a desestabilização dos mercados da UE.
A diretora-geral explicou ainda que as cotas seriam gradualmente introduzidas e que a Comissão Europeia poderia suspendê-las caso desequilíbrios graves no mercado fossem identificados. Em relação às questões ambientais, Weyand destacou que a UE só avançará nas negociações com fortes garantias sobre o desmatamento, o que incluiria compromissos pioneiros em acordos internacionais, indo além das exigências de sustentabilidade estabelecidas com países como o Canadá e o Japão.
“Sei que há preocupações e a Comissão está trabalhando arduamente para resolvê-las. A Comissão só concluirá as negociações quando pudermos apresentar um acordo que responda às preocupações expressas pelos eurodeputados e por vários Estados-Membros”, afirmou Weyand.
Durante o debate no Parlamento, eurodeputados de diversos grupos políticos apontaram a falta de transparência da Comissão em relação ao Parlamento e alertaram para o risco de falta de reciprocidade nas exigências feitas aos produtores de cada bloco.
Em uma reunião anterior, o presidente do Comitê de Comércio Internacional, Bernd Lange, comentou que a situação interna na França representa um “problema” para a rápida conclusão das negociações e alertou sobre a “urgência” do contexto geopolítico, com a China se aproximando do Mercosul.