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UE e EUA adotam novas sanções contra a Rússia

Objetivo das sanções é obrigar o presidente Vladimir Putin a suspender seu apoio aos rebeldes separatistas pró-russos no leste da Ucrânia

O secretário de Estado americano, John Kerry (d), cumprimenta o chanceler ucraniano, Pavlo Kliklin, em Washington (Paul J. Richards/AFP)

O secretário de Estado americano, John Kerry (d), cumprimenta o chanceler ucraniano, Pavlo Kliklin, em Washington (Paul J. Richards/AFP)

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Da Redação

Publicado em 29 de julho de 2014 às 15h31.

Bruxelas - A União Europeia decidiu nesta terça-feira adotar novas sanções econômicas contra a Rússia para obrigar o presidente Vladimir Putin a suspender seu apoio aos rebeldes separatistas pró-russos no leste da Ucrânia, onde as forças de Kiev mantêm uma ofensiva e recuperam terreno.

Reunidos em Bruxelas, os embaixadores dos 28 países membros do bloco adotaram novas sanções que incluem a restrição aos bancos públicos russos de operar no mercado financeiro europeu, a proibição à compra e venda de armamento militar, assim como restrições à venda de material com dupla utilização (civil e militar) ou destinados à indústria petroleira russa.

Os europeus também decidiram bloquear os bens de quatro empresários russos ligados ao presidente Putin, acusados de se beneficiar da anexação da Crimeia ou de contribuir ativamente para a desestabilização do leste da Ucrânia.

O presidente do Conselho Europeu, Herman Van Rompuy, afirmou que as novas sanções são uma "forte advertência" a Moscou, mas podem ser revertidas.

Os Estados Unidos também preparam uma nova série de sanções contra a Rússia em razão de seu envolvimento na crise na Ucrânia, segundo o secretário de Estado John Kerry. A Casa Branca indicou que as medidas podem ser anunciadas ainda nesta terça.

"Deixamos claro que sanções adicionais e custos adicionais podem ser impostos à Rússia," disse um porta-voz. "Teremos algumas notícias sobre isto em breve -- talvez hoje."

O objetivo destas sanções foi confirmado na segunda-feira pelos líderes francês François Hollande, americano Barack Obama, alemã Angela Merkel, britânico David Cameron e italiano Matteo Renzi: pressionar o presidente russo a fechar a fronteira russo-ucraniana com o objetivo de impedir o fornecimento de armas aos separatistas na Ucrânia e obrigá-los a negociar com Kiev.

Com esta nova série de sanções, o bloco dá um passo importante por ter imposto medidas que atingirão pela primeira vez setores econômicos importantes da Rússia, assumindo o risco de prejudicar sua própria economia.

Esta mudança de postura ocorreu após a queda de um avião civil da companhia Malaysia Airlines no leste da Ucrânia com quase 300 pessoas a bordo, incluindo muitos holandeses.

Local de queda de avião inacessível

Nesta terça-feira, as forças ucranianas intensificaram sua ofensiva e reivindicaram novas vitórias, incluindo a tomada da cidade de Stepanivka, 80 km a leste de Donetsk.

Os confrontos voltaram a impedir nesta terça-feira, pelo terceiro dia consecutivo, o acesso dos especialistas holandeses e malaios ao local onde o Boeing 777 da Malaysia Airlines caiu com 298 pessoas a bordo, derrubado por um míssil, no dia 17 de julho.

Alguns restos humanos e do avião estão espalhados pelos campos.

O governo holandês fez um apelo ao presidente ucraniano, Petro Poroshenko, para que interrompa os ataques perto deste local. Segundo a Rússia, a ofensiva viola a resolução votada pela ONU após a tragédia.

Os insurgentes reconheceram na segunda-feira que haviam perdido o controle de parte das zonas de Snijné, Shajtarsk e Torez, situadas a leste de Donestsk, a menos de 30 quilômetros do local da catástrofe aérea.

O Estado-Maior do Exército ucraniano indicou que contingentes de separatistas locais com suas famílias se preparavam para deixar o território ucraniano, mas que "nas cidades libertadas ainda existem muitos combatentes (separatistas) com grandes reservas de armas e munições".

A escalada de violência se intensificou após a queda do avião malaio que viajava de Amsterdã a Kuala Lumpur, em um incidente que, segundo a ONU, pode ser considerado um crime de guerra.

O governo ucraniano e os países ocidentais acusam os separatistas de terem provocado a tragédia e denunciam a Rússia por armar a rebelião.

Observadores da OSCE (Organização para a Segurança e a Cooperação na Europa) devem viajar nesta terça-feira ao sul da Rússia para iniciar uma missão de vigilância de duas passagens fronteiriças com a Ucrânia, através das quais armas podem ser enviadas.

ONU critica uso de armas pesadas

Além disso, dezessete civis, entre eles três crianças, morreram nas últimas 24 horas atingidas por disparos de artilharia em Gorlivka, um reduto separatista 45 km ao norte de Donetsk, indicou a administração regional em um comunicado, informando que o ataque também deixou 43 feridos.

A ONU criticou o uso de armas pesadas por parte de ambos os grupos, nos três meses de um conflito que matou mais de 1.100 pessoas nesta ex-república soviética.

A Rússia criticou duramente esse relatório do Alto Comissariado da ONU para os Direitos Humanos sobre a Ucrânia.

"Nossa principal conclusão é que o relatório é parcial e, inclusive, hipócrita", declarou o porta-voz da diplomacia russa, Alexander Lukashevich.

"Sua mensagem central é que o governo ucraniano pode continuar utilizando legitimamente a força para restabelecer a ordem no leste do país", acrescentou a fonte.

"O relatório da missão de observação da ONU não contém o mais importante: a exigência de uma suspensão imediata das operações militares realizadas pelas autoridades de Kiev contra seu próprio povo. Sem isso, falar de direitos humanos na Ucrânia não tem sentido", acrescentou Lukashevich.

Fortes explosões também foram ouvidas durante a madrugada e por volta do meio-dia desta terça-feira em Donetsk, comprovaram jornalistas da AFP.

Em Lugansk, outro reduto separatista, as autoridades locais informaram sobre a morte de cinco civis.

Nos últimos dias, o exército ucraniano ganhou espaço sobre a rebelião dos pró-russos.

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