Presidente do Conselho Europeu, António Costa, ao lado de Volodymyr Zelensk, presidente da Ucrânia (AFP)
Agência de Notícias
Publicado em 7 de março de 2025 às 06h11.
Última atualização em 7 de março de 2025 às 06h12.
Os chefes de Estado e de governo da União Europeia (UE), com exceção da Hungria, enfatizaram nesta quinta-feira, 6, que qualquer acordo de paz para acabar com a guerra na Ucrânia deve incluir "garantias de segurança robustas e confiáveis" para Kiev, a fim de evitar futuras agressões russas.
Esse foi um dos resultados de uma cúpula europeia realizada em Bruxelas para discutir a defesa europeia e o apoio à Ucrânia.
Diante da recusa da Hungria em endossar o texto das conclusões sobre Kiev, o documento foi adotado com o apoio dos outros 26 Estados-membros.
O texto aprovado pelos 26 líderes enfatiza que qualquer trégua ou cessar-fogo "só pode ocorrer como parte do processo que leva a um acordo de paz abrangente".
"Qualquer acordo desse tipo precisa ser acompanhado de garantias de segurança robustas e confiáveis para a Ucrânia, a fim de ajudar a impedir futuras agressões russas", acrescenta a declaração.
Os países também argumentam que não pode haver negociações sobre a Ucrânia sem Kiev, nem pode haver conversas que afetem a segurança da Europa sem o envolvimento do Velho Continente.
"A segurança ucraniana, europeia, transatlântica e global está interligada", diz o documento, que também declara que a paz "deve respeitar a independência, a soberania e a integridade territorial" da Ucrânia.
A carta observa que "à luz das negociações para uma paz abrangente, justa e duradoura, a União Europeia e os Estados-membros estão preparados para contribuir ainda mais para as garantias de segurança com base em suas respectivas competências e capacidades, de acordo com o direito internacional, inclusive explorando a possível utilização de instrumentos da Política Comum de Segurança e Defesa".
Os instrumentos da Política Comum de Segurança e Defesa incluem missões civis e militares, mas não são mencionados explicitamente no texto acordado.
O documento observa que as garantias de segurança devem ser adotadas em conjunto com a Ucrânia, bem como com parceiros da Otan com ideias semelhantes.
"Uma Ucrânia capaz de se defender com eficácia é parte integrante de qualquer garantia de segurança futura. Nesse contexto, a União Europeia e os Estados-membros estão empenhados em contribuir para o treinamento e o equipamento das Forças Armadas ucranianas e em intensificar o trabalho de apoio e desenvolvimento da indústria de defesa ucraniana e aprofundar sua cooperação com a indústria de defesa europeia", afirma o documento.
Segundo o texto, "alcançar a paz por meio da força exige que a Ucrânia esteja na posição mais forte possível, com as robustas capacidades militares e de defesa da própria Ucrânia como um componente essencial. Isso se aplica antes, durante e depois das negociações para acabar com a guerra".
O documento também reitera a intenção de fornecer apoio político, financeiro, econômico, humanitário, militar e diplomático a Kiev e de continuar a pressionar a Rússia com novas sanções.
Além disso, a declaração lembra que a UE fornecerá à Ucrânia 30,6 bilhões de euros em apoio financeiro até 2025 e pede aos ministros dos Estados-membros que "avancem rapidamente com os trabalhos sobre as iniciativas, em particular a proposta pelo alto representante (da União Europeia para Assuntos Exteriores), para coordenar um maior apoio militar da UE à Ucrânia".
A Comissão e os Estados-membros também são instados a usar "todas as opções disponíveis no âmbito do Mecanismo para Ucrânia para aumentar o apoio financeiro a esse país".
"Todos nós queremos a paz. A diferença é que 26 acreditam que o caminho para a paz é fortalecer as capacidades de defesa da Ucrânia, e a Hungria se desligou desse consenso. Ela está sozinha. Um país isolado não cria uma divisão", analisou o presidente do Conselho Europeu, António Costa, sobre a recusa de Budapeste em endossar as conclusões sobre a Ucrânia na entrevista coletiva de imprensa após a cúpula.
O político português ressaltou que os 26 países que apoiaram as conclusões "permanecem unidos com uma posição comum e continuarão a apoiar a Ucrânia, como temos feito desde o primeiro dia, em 24 de fevereiro de 2022".
A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, disse que todos querem "paz por meio da força, uma paz justa e duradoura, mas paz a partir de uma posição de força".
"Isso também é do interesse do presidente (dos Estados Unidos, Donald) Trump: ter paz por meio da força. Se ele quiser isso, só será possível com o apoio da União Europeia e de seus Estados-membros", comentou.