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UE convoca embaixador turco após declaração ameaçadora de Erdogan

Presidente turco declarou que nenhum europeu poderá "dar um passo nas ruas em segurança" se a União Europeia (UE) mantiver sua atitude hostil

Tayyip Erdogan: presidente turco fez declarações polêmicas em um contexto de tensão entre Turquia e UE (Huseyin Aldemir/Reuters)

Tayyip Erdogan: presidente turco fez declarações polêmicas em um contexto de tensão entre Turquia e UE (Huseyin Aldemir/Reuters)

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AFP

Publicado em 23 de março de 2017 às 10h29.

A União Europeia convocou o embaixador da Turquia em Bruxelas para pedir explicações, após declarações ameaçadoras do presidente turco, Recep Tayyip Erdogan.

"Pedimos ao representante permanente da Turquia ante a UE que venha ao Serviço Europeu de Ação Exterior [a diplomacia europeia], já que desejamos receber uma explicação", afirmou a porta-voz Maja Kocijancic

Erdogan declarou na quarta-feira que nenhum europeu poderá "dar um passo nas ruas em segurança" se a União Europeia (UE) mantiver sua atitude hostil, segundo a ele, a respeito da Turquia.

"Eu me dirijo mais uma vez aos europeus (...) A Turquia não é um país que possa ser sacudido, com cuja honra se possa brincar, cujos ministros possam ser expulsos", declarou Erdogan durante discurso em Ancara.

"O mundo inteiro acompanha o que está acontecendo de muito perto. Se continuarem se comportando desta maneira, amanhã nenhum europeu, nenhum ocidental, poderá dar um passo em segurança, sereno, nas ruas, em nenhuma parte do mundo", advertiu.

O presidente turco fez estas declarações em um contexto de tensão entre Turquia e UE, depois da proibição na Alemanha e Holanda de vários comícios pró-Erdogan dos quais participariam ministros turcos.

"Enquanto isso, na Turquia, pedimos à Europa que respeite os direitos humanos e a democracia", lançou o chefe de Estado nesta quarta-feira.

O aumento da tensão com a Europa ocorre a menos de um mês do referendo, previsto para 16 de abril, que quer reforçar os poderes presidenciais na Turquia, o que permitirá a Erdogan se manter no poder até 2029.

Em resposta, os dirigentes turcos aumentaram suas reações contra as capitais europeias. Erdogan acusou a chanceler alemã, Angela Merkel, de recorrer a "práticas nazistas", causando indignação em Berlim.

O presidente turco é acusado por seus críticos de deriva autoritária, principalmente depois da tentativa de golpe de Estado de 15 de julho, seguida por vários expurgos que afetaram a imprensa.

Rechaçando as críticas europeias sobre os jornalistas presos na Turquia, Erdogan afirmou: "quando olham a lista de nomes [de jornalistas presos], há assassinos, ladrões de apartamentos, pedófilos, vigaristas: tudo, menos jornalistas!".

Em Berlim, o novo presidente alemão, Frank-Walter Steinmeier, condenou a atitude das autoridades turcas com os meios de comunicação e pediu que libertem o correspondente turco-alemão do jornal Die Welt no país, Deniz Yücel, preso por propaganda "terrorista".

"Respeitem o Estado de direito, a liberdade dos meios de comunicação e os jornalistas. Libertem Deniz Yücel!" - disse Steinmeier em um discurso durante seu juramento no Parlamento alemão.

O ex-chefe da diplomacia alemã e novo presidente se mostrou "preocupado" com a evolução da situação na Turquia após anos de aproximação com a União Europeia.

"Presidente Erdogan, não ponha em perigo o que construíram com outros!" - disse. "Pare suas comparações terríveis com o nazismo, não corte relações com os países que querem uma parceria com a Turquia".

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