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UE condena expurgos na Turquia após tentativa de golpe

A UE afirma acompanhar "muito de perto e com preocupação" a evolução da situação, e convocou Ancara a respeitar direitos e liberdades individuais


	UE e Turquia: podem ser criados tribunais especiais para julgar os supostos golpistas, que terão seus bens embargados até o fim da investigação
 (Murad Sezer / Reuters)

UE e Turquia: podem ser criados tribunais especiais para julgar os supostos golpistas, que terão seus bens embargados até o fim da investigação (Murad Sezer / Reuters)

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Da Redação

Publicado em 22 de julho de 2016 às 12h48.

Uma semana depois da tentativa frustrada de golpe de Estado na Turquia, e apesar das reiteradas advertências da Europa pelos expurgos nas instituições do país, o presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, segue contando com o apoio de milhares de simpatizantes.

Pela primeira vez em quase 15 anos, a Turquia decretou o estado de emergência, adotado na quinta-feira pelo Parlamento, no qual o Partido da Justiça e do Desenvolvimento (AKP) de Erdogan tem maioria absoluta.

Todas as noites desde 16 de julho o "povo heroico" se manifesta para agradecer ao chefe de Estado por permitir o fracasso do golpe de Estado de sexta-feira passada, que deixou 265 mortos, incluindo 24 amotinados.

Em Istambul, Ancara, Esmirna (oeste) e em outras cidades, os seguidores do presidente demonstram seu ódio contra os golpistas, ignorando a inquietação provocada pelos expurgos que já levaram, segundo um balanço comunicado por Erdogan, à prisão de 10.410 militares, juízes e funcionários, enquanto outras 4.060 pessoas estão em prisão preventiva.

Entre elas, mais de 100 generais e almirantes e grande parte da hierarquia do exército, que enfrenta por um lado a guerrilha do Partido dos Trabalhadores do Curdistão (PKK) no sudeste e, por outro, a organização extremista Estado Islâmico (EI).

Todos são suspeitos de ter fomentado a revolta em nome do pregador exilado nos Estados Unidos Fethullah Gülen, acusado por Ancara de dirigir uma rede terrorista e cuja extradição provavelmente será solicitada formalmente em breve.

Segurando a bandeira turca, com crianças sobre os ombros, sendo fotografados em família ou com os amigos, buzinando e cantando, milhares de simpatizantes do presidente turco se reuniram novamente na noite de quinta-feira na ponte que cruza o Bósforo em Istambul.

Preocupação no ocidente

Esta ponte se converteu no símbolo do fracasso do golpe de Estado, porque foi para lá que os militares se dirigiram no dia 16 de julho ao amanhecer.

A União Europeia repetiu na quinta-feira que acompanha "muito de perto e com preocupação" a evolução da situação, e convocou Ancara "a respeitar em qualquer circunstância o Estado de direito, os direitos humanos e as liberdades fundamentais, incluindo o direito a receber um julgamento justo".

A Turquia anunciou que suspenderá temporariamente a Convenção Europeia de Direitos Humanos, o que a protegeria, dentro de alguns limites, de algumas condenações depois de ter instaurado o estado de emergência por três meses.

As medidas que acompanharão esta decisão ainda são difusas, embora o governo tenha descartado o toque de recolher. Citando fontes governamentais, os jornais Hürriyet e Sabah (pró-governamentais) explicaram que a prisão dos detidos pode se prolongar por uma semana ou mais.

Também podem ser criados tribunais especiais para julgar os supostos golpistas, que terão seus bens embargados até o fim da investigação.

O governo também planeja demitir sem indenização os funcionários que tiverem um "vínculo direto com o FETÖ", o acrônimo utilizado pelo executivo para chamar a organização de Gülen, que nega qualquer tipo de envolvimento.

Segundo os jornais, serão fechadas centenas de escolas e fundações gulenistas, que um responsável do AKP chamou de "estrutura clandestina e esotérica".

As autoridades turcas também estariam estudando reestruturar o potente serviço de inteligência, o MIT, informaram os dois jornais.

"Infelizmente, é evidente que ocorreram graves falhas (no serviço) de inteligência", reconheceu o vice-primeiro-ministro Numan Kurtulmus, que admitiu que não se sabe quem foi o organizador do golpe.

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