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UE celebrará 60º aniversário proclamando unidade contra o Brexit

A cúpula de Roma pretende marcar, nas palavras do presidente da Comissão Europeia, o "nascimento da nova União Europeia"

Roma: a reunião será no Campidoglio, o mesmo lugar onde em 1957 seis dos Estados-membros assinaram os primeiros tratados (Alessandro Bianchi/Reuters)

Roma: a reunião será no Campidoglio, o mesmo lugar onde em 1957 seis dos Estados-membros assinaram os primeiros tratados (Alessandro Bianchi/Reuters)

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EFE

Publicado em 24 de março de 2017 às 13h24.

Bruxelas - A União Europeia (UE) lembra neste sábado em Roma, na Itália, o 60º aniversário da assinatura de seu tratado de fundação, uma celebração na qual os líderes dos 27 países-membros (salvo o Reino Unido) proclamarão sua unidade e enfatizarão sua vontade de seguirem juntos após o "Brexit".

A reunião será no Campidoglio, o mesmo lugar onde, em 25 de março de 1957, seis dos Estados-membros - Alemanha, França, Itália, Bélgica, Holanda e Luxemburgo - assinaram os Tratados da Comunidade Econômica Europeia e de Energia Atômica, o embrião da atual UE.

A cúpula de Roma pretende marcar, nas palavras do presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker, o "nascimento da nova UE" e contribuir para o debate sobre o futuro desse projeto.

No sábado, os dirigentes europeus adotarão uma declaração conjunta que estabelece uma visão para os próximos anos e inclui pistas sobre a maneira em que a UE propõe avançar.

O texto, ao qual teve acesso à Agência Efe, faz uma revisão das conquistas do projeto comunitário, de seus principais desafios (entre os quais inclui o terrorismo e a imigração) e as áreas nas quais a UE quer dar prioridade: a segurança, o progresso econômico, a Europa social e o peso da UE no mundo.

Fontes diplomáticas indicaram que a Espanha "está satisfeita" com o texto, que gerou um grande consenso e que ao mesmo tempo é "ambicioso, porque contém conceitos com muita carga política".

A primeira-ministra polonesa, Beata Szydlo, advertiu nesta quinta-feira que seu país não aceitará uma declaração que não inclua alguns postulados que considera fundamentais, entre os quais figura "a unidade da União Europeia, uma cooperação estreita com a Otan, o fortalecimento do papel dos parlamentos nacionais e um mercado comum unido".

Por outro lado, a Grécia também mostrou esta semana reservas em relação ao documento e reivindicou alguma referência no âmbito social.

As mesmas fontes descartaram mudanças de última hora na declaração e indicaram que a Polônia não apresentou nenhuma objeção durante a redação do documento, e que não acreditam que a Grécia irá vetá-lo.

Na última cúpula entre os 27 ocorrida em 10 de março, na qual foram discutidos os elementos da declaração, Polônia, Hungria e outros países deixaram claro que não lhes agradava a possibilidade de uma Europa que promova a cooperação em diferentes velocidades, pois temem ficar à margem.

"Alguns de nossos colegas veem isto como a introdução de uma nova divisa, um novo tipo de Cortina de Ferro entre o Leste e o Oeste. Não é esta a intenção", ressaltou então o presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker.

A declaração evita as referências às velocidades e opta por uma fórmula mais suave.

Em particular, Juncker disse que a UE trabalhará "unida" e "em diferentes ritmos e intensidades, quando for necessário", em linha com os Tratados e deixando "a porta aberta para os que quiserem se unir mais tarde".

A responsável para a Europa em Bruxelas do centro de estudos German Marshall Fund dos Estados Unidos, Rosa Balfour, disse à Efe que fazer menção no texto às distintas velocidades poderia causar "desunião" entre os países.

No entanto, Balfour reconheceu que o progresso em diferentes ritmos "pode refletir um enfoque pragmático para manter a UE em movimento".

A especialista opinou que "essa é a mensagem que deve ser divulgada quatro dias antes de o Reino Unido ativar o artigo 50 (do Tratado)", em referência ao dia 29 de março, quando Londres notificará formalmente sua vontade de deixar a UE.

Balfour acrescentou que os líderes da UE deveriam chegar a "uma visão futura de como a UE poderia ser relevante" nos próximos anos, uma questão que, segundo ela, "é difícil de resolver".

"Em tempos de eleições e incerteza, é compreensível que ninguém tenha surgido com uma grande ideia para seguir adiante com a integração europeia", concluiu a especialista.

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