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Ucranianos da Crimeia votam em massa a favor de reunificação

95,5% dos habitantes votaram neste domingo a favor de se integrar à Rússia


	Habitantes da Crimeia comemoram em Simferopol resultado de referendo: após a divulgação dos primeiros resultados, milhares de ucranianos saíram às ruas
 (Dimitar Dilkoff/AFP)

Habitantes da Crimeia comemoram em Simferopol resultado de referendo: após a divulgação dos primeiros resultados, milhares de ucranianos saíram às ruas (Dimitar Dilkoff/AFP)

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Da Redação

Publicado em 17 de março de 2014 às 06h58.

Simferopol - A Crimeia votou neste domingo por uma esmagadora maioria a favor da reunificação desta península ucraniana à Rússia, em um referendo denunciado por Kiev e pelo Ocidente.

"95,5% dos habitantes da Crimeia votaram neste domingo a favor de se integrar à Rússia", anunciou o presidente da comissão eleitoral local, Mikhail Malychev, informando os primeiros resultados após a apuração de mais da metade dos votos.

A taxa de participação na consulta - organizada às pressas em meio à ocupação da península por tropas russas há duas semanas - foi de 81%.

"Voltamos para casa!", disse o premiê da Crimeia, Serguei Axionov, à multidão que ocupa a praça Lênin, em Simferopol, antes de se juntar ao coro de pessoas e marinheiros da Frota do Mar Negro que cantavam o hino russo.

Mais cedo, a Casa Branca havia informado que rejeitava o referendo e acusou Moscou de atos "perigosos e desestabilizantes".

O presidente americano, Barack Obama, conversou por telefone com Vladimir Putin, que afirmou que o referendo sobre a anexação da região ucraniana da Crimeia à Rússia estava "completamente em consonância com as normas do direito internacional".

A Crimeia foi historicamente parte da Rússia até que a União Soviética a cedeu à Ucrânia, em 1954, por decisão de Nikita Khrushchev. No entanto, Moscou manteve no porto de Sebastopol a base de sua frota no Mar Negro.

A população da região é, em sua maioria, de língua russa, e favorável à incorporação à Rússia. Já as minorias ucraniana e tártara, que representam 37% da população, haviam pedido o boicote do referendo.


Cenas de festa

Após a divulgação dos primeiros resultados, milhares de ucranianos saíram às ruas de Simferopol e Sebastopol para comemorar.

"Obrigado a todos os que participaram do referendo e expressaram sua opção. Tomamos uma decisão muito importante que entrará para a história", declarou Axionov em sua conta no Twitter.

"O Parlamento da Crimeia se reunirá na segunda-feira em sessão extraordinária para adotar uma candidatura oficial de integração à Federação da Rússia", acrescentou.

Já a Casa Branca rejeitou os resultados do referendo e criticou as ações perigosas e desestabilizadoras de Moscou nesta crise.

"Este referendo é contrário à Constituição da Ucrânia, e a comunidade internacional não reconhecerá os resultados desta votação realizada sob ameaças de violência e intimidação por parte da intervenção militar russa que viola as leis internacionais", declarou o porta-voz da Casa Branca, Jay Carney.

O referendo, apresentado como um exercício de democracia popular pelas autoridades separatistas e por Moscou, foi realizado na presença de milhares de soldados russos que controlam a região há duas semanas junto às milícias separatistas.

O presidente russo, Vladimir Putin, afirmou em uma conversa por telefone com a chefe de governo alemão, Angela Merkel, que respeitaria "a escolha dos habitantes da Crimeia" e repetiu que o referendo estava em conformidade com o direito internacional.

Horas antes da divulgação dos primeiros resultados, a União Europeia condenou oficialmente o referendo, classificando-o de "ilegal e ilegítimo", e anunciou que serão decididas sanções na segunda-feira.


As autoridades separatistas chegaram ao poder em Simferopol após a destituição em Kiev, no dia 22 de fevereiro, do presidente pró-russo Viktor Yanukovytch.

Os eleitores da Crimeia, 1,5 milhão de pessoas, deveriam optar entre "a reunificação com a Rússia como membro da Federação Russa" ou o retorno a um status de 1992, que nunca foi aplicado e que concede uma maior autonomia à região.

A opção de manter o status atual dentro da Ucrânia não fazia parte das opções.

Bases ucranianas desbloqueadas 

Por sua vez, o ministro da Defesa interino da Ucrânia, Igor Teniukh, anunciou neste domingo que a Rússia aceitou levantar o bloqueio das bases militares da Ucrânia na Crimeia até o dia 21 de março.

Estas bases, que até agora estavam bloqueadas pelas forças russas ou pró-russas e cujo abastecimento se tornou difícil, poderão reconstituir suas reservas durante este período de tempo, indicou o ministro.

Teniukh acrescentou que as tropas ucranianas na Crimeia seguiam em estado de alerta, mas que no local a situação era calma.

Por sua vez, a tensão parecia se intensificar no leste da Ucrânia, onde manifestantes pró-russos entraram nas sedes do Ministério Público e dos serviços especiais (SBU) na cidade de língua russa de Donetsk, após uma manifestação a favor da anexação da Crimeia à Rússia.


Os manifestantes invadiram os dois edifícios sem encontrar grande resistência por parte das forças de segurança. Eles exigem a libertação de seu líder, o autoproclamado "governador" Pavlo Gubarev.

Neste contexto, o primeiro-ministro ucraniano, Arseni Yatseniuk, pediu à OSCE o envio urgente de observadores no leste e no sul da Ucrânia, incluindo na Crimeia.

"O mandato deve ser ampliado ao leste e ao sul da Ucrânia, incluindo a Crimeia", declarou Yatseniuk, segundo um comunicado do governo. "Espero que esta decisão seja votada durante uma reunião extraordinária da Organização para a Segurança e a Cooperação na Europa (OSCE)", acrescentou.

O governo ucraniano não para de repetir que o referendo na Crimeia é ilegal e anticonstitucional, mas não tem meios para se opor a ele.

Os países ocidentais classificaram de ilegítimo o referendo. Também advertiram que o resultado não será reconhecido em nível internacional e que estão dispostos a aplicar sanções contra a Rússia.

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