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Ucrânia vai rever acordos de paz após eleições separatistas

"Essas pseudoeleições são uma violação grosseira do protocolo de Minsk de 5 de setembro", assinado entre Kiev e os separatistas, afirmou o presidente da Ucrânia

Votação em Donetsk: eleições reavivam tensões entre as potências ocidentais e a Rússia (Maxim Zmeyev/Reuters)

Votação em Donetsk: eleições reavivam tensões entre as potências ocidentais e a Rússia (Maxim Zmeyev/Reuters)

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Da Redação

Publicado em 3 de novembro de 2014 às 18h47.

A Ucrânia vai rever seus compromissos inscritos nos acordos de paz para o leste do país, que "foram violados de forma grosseira" pelas eleições realizadas no domingo pelos separatistas, declarou nesta segunda-feira o presidente Petro Poroshenko.

"Essas pseudoeleições são uma violação grosseira do protocolo de Minsk de 5 de setembro", assinado entre Kiev e os separatistas, afirmou Poroshenko em um discurso à nação, prometendo "rever" o plano de ação de Kiev.

O Conselho de Segurança Nacional e de Defesa vai se reunir na terça-feira para abordar, entre outras coisas, "a supressão da lei sobre o estatuto especial" dos redutos separatistas, adotada em setembro e que dá a essas regiões três anos de ampla autonomia, principalmente a possibilidade de criar "milícias populares", e garante a anistia para os combatentes que não tenham cometido crimes.

A adoção desse texto tinha sido amplamente interpretada como uma rendição das autoridades ucranianas após uma série de fracassos militares contra a ofensiva dos rebeldes, apoiados, segundo a Ucrânia, por tropas do governo russo.

Enquanto isso, bombardeios voltaram a sacudir Donetsk após a calma relativa de domingo.

Vásios disparos de artilharia e rajadas de metralhadoras pesadas podiam ser ouvidos durante a tarde perto do aeroporto desse reduto rebelde, cenário de intensos combates nos últimos meses, segundo jornalistas da AFP.

Grandes colunas de fumaça se erguiam de diferentes áreas em torno do aeroporto.

A União Europeia (UE) lamentou que as eleições no leste representem "um novo obstáculo no caminho da Ucrânia para a paz" e criticou a Rússia por ter reconhecido as eleições separatistas.

Berlim não descartou novas sanções europeias contra Moscou.

Como nos tempos da Guerra Fria, essas eleições reavivam as tensões entre as potências ocidentais e a Rússia, país que os europeus e os americanos acusam de apoiar os separatistas. Estes têm seu feudo em parte da região industrial de Donbass, que não controlada pelo governo ucraniano pró-ocidental.

Rússia "respeita" resultado das eleições

Moscou indicou que "respeita" o resultado das eleições presidenciais e legislativos nas autoproclamadas repúblicas de Donetsk e Lugansk, e considerou que os líderes eleitos devem agora "resolver os problemas práticos e restabelecer a vida normal" nessas regiões.

O vice-ministro das Relações Exteriores russo aumentou a pressão sobre Kiev pedindo que pusesse fim definitivamente as suas operações militares no leste e que negociasse com os insurgentes em igualdade de condições.

Os insurgentes pró-russos pegaram em armas em abril, um mês depois de Moscou ter anexado a península da Crimeia, em uma decisão que não foi reconhecida internacionalmente.

A Rússia justificou a anexação alegando que deveria proteger os cidadãos de origem russa, majoritários na Crimeia, após a revolução pró-ocidental e nacionalista ocorrida na capital ucraniana no fim de fevereiro.

Em relação ao leste ucraniano, Moscou afirma que somente fornece aos rebeldes apoio humanitário e político, mas não militar, ao contrário do que afirmam os ocidentais.

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