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Ucrânia receberá dos americanos munição proibida em vários países

Biden, presidente dos EUA, tem sofrido pressão do presidente ucraniano, Volodmir Zelenski, que argumenta que as munições são a melhor maneira de matar os russos que estão entrincheirados e bloqueando a contraofensiva para retomar o território

Joe Biden e Volodymyr Zelensky (Emmanuel PEUCHOT/AFP)

Joe Biden e Volodymyr Zelensky (Emmanuel PEUCHOT/AFP)

Estadão Conteúdo
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Agência de notícias

Publicado em 8 de julho de 2023 às 09h13.

Distanciando-se de vários de seus aliados mais próximos, o presidente dos EUA, Joe Biden, anunciou ontem que fornecerá bombas de fragmentação à Ucrânia, apesar das preocupações de que elas possam colocar civis em perigo. Em entrevista à CNN, que irá ao ar no domingo, ele disse que foi uma "decisão muito difícil de se tomar", mas que estava convencido de que era necessária.

O presidente americano afirmou ter conversado com seus aliados antes de anunciar o envio. A medida, que dribla a lei dos EUA que proíbe a produção, o uso ou a transferência de munições de fragmentação com uma taxa de falha de mais de 1%, ocorre em meio a preocupações com a lentidão da contraofensiva de Kiev contra as tropas russas entrincheiradas e a diminuição dos estoques de artilharia convencional.

Há mais de seis meses, Biden e seus assessores vêm analisando uma das questões mais difíceis da guerra: arriscar que as forças ucranianas fiquem sem os projéteis de artilharia de que precisam para combater a Rússia ou concordar em enviar munições de fragmentação - armas proibidas em mais de 100 países e conhecidas por causar ferimentos graves em civis, especialmente crianças. Muitos dos aliados dos EUA assinaram um tratado internacional que proíbe o uso, o armazenamento ou a transferência desse tipo de bomba.

Reservas

Vários dos principais assessores de Biden, incluindo o secretário de Estado, Antony Blinken, recomendaram que ele tomasse a iniciativa de enviar o arsenal, apesar de apresentarem "profundas reservas", de acordo com fontes familiarizadas com as discussões.

O Departamento de Estado demonstrou resistência tanto devido a preocupações humanitárias como pelo fato de os EUA estarem drasticamente fora de sintonia com seus aliados. A Ucrânia, que utilizou suas próprias munições de fragmentação na guerra, está esgotando o suprimento disponível de projéteis de artilharia convencionais, e levará tempo para aumentar a produção.

Biden tem sofrido pressão constante do presidente ucraniano, Volodmir Zelenski, que argumenta que as munições são a melhor maneira de matar os russos que estão entrincheirados e bloqueando a contraofensiva para retomar o território.

No entanto, durante meses, Biden e seus assessores tentaram adiar a decisão, esperando que a maré virasse em favor de Kiev. Parte da preocupação tem sido a de que os EUA perderiam o argumento moral, usando uma arma que grande parte do mundo condena, apesar de a Rússia usá-la com frequência.

O governo americano também está ciente de que o envio de armas para a Ucrânia seria extremamente impopular entre os aliados e membros do próprio partido de Biden; ao longo dos anos, muitos democratas criticaram o uso dessas armas pelas tropas americanas.

Mais de 100 países assinaram um tratado que proíbe o uso de munições de fragmentação, que lançam bombas menores que se espalham por uma extensa área. Essas cargas explosivas não são detonadas imediatamente e podem ser acionadas muito tempo depois do fim de um conflito. Civis foram mutilados por bombas de fragmentação em locais como Vietnã e Laos décadas depois de serem lançadas. (COM AGÊNCIAS INTERNACIONAIS)

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