Helicóptero militar ucraniano: estava sendo autorizado o retorno dos corpos dos cidadãos russos para a Rússia (Genya Savilov/AFP)
Da Redação
Publicado em 30 de maio de 2014 às 13h01.
Kiev - O governo da Ucrânia prometeu nesta sexta-feira avançar em uma ofensiva militar contra separatistas, apesar de um ataque mortal a um helicóptero do Exército, em meio à relatos crescentes de que combatentes voluntários da Rússia estão envolvidos em rebeliões no leste.
O presidente eleito, Petro Poroshenko, que conseguiu uma vitória esmagadora nas urnas em 25 de maio, jurou punir os responsáveis pela derrubada do helicóptero na quinta-feira, próximo à Slaviansk, que matou 14 militares, incluindo um general.
O ministro interino da Defesa, Mykhilo Koval, repetindo acusações de que a Rússia estava realizando "operações especiais" no leste da Ucrânia, disse nesta sexta-feira que as forças ucranianas vão continuar com ofensivas militares nas áreas de fronteira "até que essas regiões comecem a viver normalmente, até que haja paz".
As autoridades ucranianas alegam há tempos que as rebeliões têm sido fomentadas por Moscou entre a população de língua russa, que é especialmente vulnerável à propaganda de fronteira hostil à revolução pró-União Europeia, em Kiev, que derrubou o presidente apoiado por Moscou, Viktor Yanukovich, em fevereiro.
Relatos de autoridades da fronteira ucraniana e de jornalistas em terra parecem agora mostrar evidências crescentes de envolvimento direto de combatentes voluntários russos nas rebeliões que eclodiram há dois meses, logo após a anexação da Crimeia pela Rússia.
De acordo com esses relatos, os combatentes podem estar entrando na Ucrânia por locais antes turbulentos na Rússia e no extremo do Norte do Cáucaso, como a Chechênia, cujos próprios problemas nos últimos 20 anos deram origem à proliferação de grupos armados.
As autoridades da Ucrânia dizem que os guardas da fronteira russa não estão fazendo nada para impedir que combatentes cruzem a longa fronteira com a Rússia, com caminhões carregados de munição e armas.
No último relato do tipo, guardas da fronteira ucraniana disseram na sexta-feira terem apreendido um arsenal de armas, incluindo pistolas, metralhadoras, granadas, rifles de precisão e 84 caixas de munição em dois carros que estavam vindo da Rússia.
No total, 13 pessoas foram detidas, disse o serviço de guarda da fronteira em comunicado divulgado em seu site.
Correspondentes da Reuters em Donetsk, cidade industrial e um dos principais centros separatistas, viram caixões sendo colocados em um caminhão de vegetais na quinta-feira após serem informados por rebeldes que os "voluntários" da Rússia mortos no começo da semana em uma ofensiva militar estavam sendo repatriados.
Corpos
Uma autoridade do serviço de guardas da fronteira ucraniana disse nesta sexta-feira que estava sendo autorizado o retorno dos corpos dos cidadãos russos para a Rússia, por razões humanitárias.
"Nós não precisamos que eles fertilizem a terra da Ucrânia", disse Serhiy Astakhov, um assessor do chefe do serviço de guarda de fronteira em Kiev, em resposta à pergunta de um jornalista.
O ministro do Interior Arsen Avakov disse que as armas só poderiam ter sido trazidas da Rússia e foram encontradas no aeroporto de Donetsk após este ter sido retomado dos rebeldes.
Os relatos têm elevado novamente as tensões Rússia-Ocidente, levemente aliviadas depois de Moscou ter retirado milhares de soldados da fronteira com a Ucrânia, no que os Estados Unidos descreveram como um "sinal promissor".