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Ucrânia pede à ONU investigação do local do acidente do avião russo

Kremlin acusou acusou o governo de Zelensky de estar por trás da queda da aeronave

Guerra na Ucrânia: O avião militar Il-76 caiu perto do município russo de Yablonovo, em 24 de janeiro de 2024 (AFP Photo)

Guerra na Ucrânia: O avião militar Il-76 caiu perto do município russo de Yablonovo, em 24 de janeiro de 2024 (AFP Photo)

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Agência de notícias

Publicado em 25 de janeiro de 2024 às 10h58.

A Ucrânia pediu nesta quinta-feira, 25, que ONU e Cruz Vermelha tenham acesso ao lugar do acidente do avião militar russo que, segundo Moscou, foi derrubado pelas forças de Kiev, enquanto transportava 65 prisioneiros de guerra ucranianos.

A Rússia acusou a Ucrânia de estar por trás da queda na quarta-feira, 24, de um avião de transporte Il-76, que caiu perto da cidade de Yablonovo, na região fronteiriça de Belgorod, matando todos os seus 74 ocupantes.

Segundo a versão de Moscou, estavam a bordo 65 prisioneiros ucranianos que seriam trocados, além de seis tripulantes e três soldados russos.

O Exército russo acusou as forças ucranianas de terem destruído o avião e garantiu que "sabiam" que os prisioneiros seriam transferidos para Belgorod para uma troca na fronteira.

Na quinta-feira, o porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov, criticou Kiev por um "ato monstruoso". Até agora, porém, a Rússia não deu provas do número, ou da identidade dos passageiros, nem de que a Ucrânia soubesse quem estava a bordo da aeronave.

A Ucrânia não confirma ter abatido o avião, mas indicou que continuará a atacar alvos militares em território russo.

Seu comissário de Direitos Humanos, Dmitro Lubinets, um dos responsáveis pelas trocas de prisioneiros, pediu hoje à ONU e ao Comitê Internacional da Cruz Vermelha que viajem para "inspecionar o local" do acidente. Lubinets disse, no entanto, estar "convencido" de que Moscou não autorizará "ninguém (…) a ver o local".

O serviço de Inteligência militar ucraniano insistiu, por sua vez, na falta de "informações confiáveis e completas" sobre os passageiros do avião.

"Campanha de propaganda"

O comissário ucraniano para os direitos humanos observou que, de qualquer modo, a Rússia é "responsável pela segurança" dos detidos, em conformidade com a Convenção de Genebra.

Lubinets acrescentou que "nada indica que houvesse tanta gente a bordo".

"Para mim, é um exemplo claro da Rússia planejando uma campanha de propaganda contra a Ucrânia", disse ele nas redes sociais.

Kiev reconheceu que uma troca de prisioneiros estava prevista, mas afirma "não ter sido informada" da necessidade de garantir o espaço aéreo na área do acidente.

Nesta quinta-feira, os serviços especiais do país (SBU) anunciaram a abertura de uma investigação sobre o acidente por "violação das leis e dos costumes de guerra", mas parece difícil realizá-la, uma vez que ocorreu em território russo.

O presidente ucraniano, Volodimir Zelensky, pediu uma investigação internacional e acusou a Rússia de "brincar com a vida dos prisioneiros ucranianos".

A Rússia, por sua vez, conseguiu organizar uma reunião de emergência do Conselho de Segurança da ONU às 19h (horário de Brasília) desta quinta-feira.

A região russa de Belgorod é alvo regular de ataques de drones e mísseis ucranianos. Kiev assumiu, em diferentes ocasiões, a responsabilidade pela destruição de aparelhos russos, com o último desses episódios ocorrendo na semana passada.

Já a Rússia esteve envolvida em inúmeros desastres aéreos, com frequência em circunstâncias estranhas, nas quais a narrativa de Moscovo levanta questões.

Um caso recente é a morte do chefe do grupo armado Wagner, Yevgueni Prigozhin, em um acidente de avião entre Moscou e São Petersburgo em agosto de 2023, semanas depois de seu motim contra o Kremlin. As autoridades russas negaram estarem envolvidas e alegaram que o avião pode ter explodido, porque seus passageiros detonaram uma granada a bordo.

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