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Ucrânia inicia processo que pede extradição de Yanukovich

Kiev lembra que direito internacional e a Convenção Europa sobre entrega de pessoas que infringiram a lei regulam processos de extradição entre Ucrânia e Rússia


	Viktor Yanukovich: procurador Oleg Makhnitski lembrou que Justiça ucraniana autorizou detenção do líder deposto para seu processamento penal
 (Konstantin Chernichkin/Reuters)

Viktor Yanukovich: procurador Oleg Makhnitski lembrou que Justiça ucraniana autorizou detenção do líder deposto para seu processamento penal (Konstantin Chernichkin/Reuters)

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Da Redação

Publicado em 28 de fevereiro de 2014 às 17h23.

Kiev - A Procuradoria Geral da Ucrânia anunciou nesta sexta-feira o começo do processo de solicitação de extradição do deposto presidente Viktor Yanukovich, que se refugiou em território russo.

"A Procuradoria Geral espera, após apresentar em breve a solicitação (de extradição) a Moscou, receber uma resposta positiva da Procuradoria Geral da Federação Russa", informou um comunicado.

A nota ressalta que "a realização de uma entrevista coletiva em Rostov del Don por parte do cidadão ucraniano Viktor Yanukovich é uma confirmação do fato de seu paradeiro no território da Federação Russa".

Kiev lembra que o direito internacional e a Convenção Europa sobre a entrega de pessoas que infringiram a lei (1957) regulam os processos de extradição entre Ucrânia e Rússia.

Por sua parte, o procurador Oleg Makhnitski lembrou que a Justiça ucraniana autorizou a detenção do líder deposto para seu processamento penal.

"Foi parar na Rússia através da Crimeia com a ajuda de oficiais patriotas de um Estado desconhecido depois que a Ucrânia já tinha ditado uma ordem de busca e captura internacional contra Yanukovich", explicou.

Horas atrás a Procuradoria tinha antecipado que pediria a extradição de Yanukovich se fosse confirmado oficialmente que se encontra em território do país vizinho.

O comunicado oficial lembra que o foragido líder está acusado como suspeito de assassinatos maciços e premeditados, e de abuso de poder, e que a Justiça ucraniana ordenou sua detenção e a de vários de seus colaboradores mais próximos.


O Parlamento pediu nesta semana ao Tribunal Penal Internacional, com sede em Haia, que processe Yanukovich e outros antigos altos cargos por crimes contra a humanidade.

As novas autoridades lhes acusam do "assassinato em massa" de cidadãos ucranianos "durante as ações de protesto maciças no período compreendido entre 21 de novembro de 2013 e 22 de fevereiro de 2014".

Yanukovich rompeu hoje durante uma entrevista coletiva na cidade russa de Rostov del Don o silêncio que mantinha desde que foi derrubado no último dia 22 de fevereiro para afirmar que continua sendo o presidente legítimo da Ucrânia.

"Chegou a hora de dizer que tenho a intenção de seguir lutando pelo futuro da Ucrânia. Ninguém me derrubou... Tive que abandonar a Ucrânia pelas ameaças contra minha vida e minha família...", disse.

Segundo Yanukovich, o poder em Kiev "foi usurpado por nacionalistas e pró-fascistas, arruaceiros...que são a absoluta minoria dos moradores da Ucrânia".

"Nunca mandei a polícia disparar", assegurou Yanukovich, que acusou as potências ocidentais de contribuir à anarquia em seu país ao apoiar cegamente aos manifestantes.

Yanukovich se manifestou visivelmente doído com a atitude do presidente russo, Vladimir Putin, que ainda mantém um rigoroso silêncio sobre os fatos no país vizinho.

"Acho que a Rússia deve atuar. Conhecendo a personalidade de Vladimir Putin não entendo por que ele segue em silêncio. Esta é a pergunta", comentou.

A esse respeito, o procurador ucraniano tachou de "irresponsáveis" as afirmações de Yanukovich, já que não contribuem à estabilização do país, em particular na península da Crimeia, porque "estão dirigidas a agravar o atual conflito civil na península".

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