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Ucrânia encontra centenas de corpos em cidade retomada dos russos

"99% dos corpos exumados tinham sinais de morte violenta", disse o governador regional, Oleg Sinegubov

Ucrânia: país encontra centenas de corpos em cidade retomada dos russos (SERGEI CHUZAVKOV / AFP/Getty Images)

Ucrânia: país encontra centenas de corpos em cidade retomada dos russos (SERGEI CHUZAVKOV / AFP/Getty Images)

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AFP

Publicado em 16 de setembro de 2022 às 19h22.

Última atualização em 16 de setembro de 2022 às 19h23.

O presidente ucraniano, Volodimir Zelensky, denunciou nesta sexta-feira, 16, os crimes de um exército de "assassinos" e "torturadores" após a descoberta de centenas de corpos enterrados em uma área de mata perto de Izium, cidade do leste da Ucrânia, recuperada recentemente das tropas russas.

Segundo as autoridades locais, foram encontrados no total 450 túmulos na localidade e, entre eles, uma vala com os restos mortais de 17 soldados ucranianos.

"Noventa e nove por cento dos corpos exumados tinham sinais de morte violenta", disse à noite o governador regional, Oleg Sinegubov. "Há vários corpos com as mãos amarradas às costas e uma pessoa está enterrada com uma corda ao redor do pescoço. Obviamente, estas pessoas foram torturadas e executadas", disse no Telegram.

Segundo ele, neste local foram enterrados no total "450 corpos de civis com marcas de morte violenta e tortura".

"Também havia crianças" entre os corpos exumados durante o dia pelos "200 agentes e peritos" que trabalharam no local, acrescentou.

O que diz Zelensky?

O presidente ucraniano prometeu, em um vídeo publicado no Telegram, um "castigo terrivelmente justo" para os responsáveis pelos supostos crimes cometidos em Izium.

Zelensky havia visitado Izium na quarta-feira, em sua primeira viagem a esta região, fronteiriça com a Rússia desde a partida das forças de Moscou, expulsas graças a uma contraofensiva lançada no começo do mês em várias frentes.

Também teriam sido descobertos dez supostos "centros de tortura", segundo o chefe da polícia ucraniana, Igor Klimenko, em localidades retomadas dos russos na região de Kharkiv, duas delas na cidade de Balakliya.

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O Defensor do Povo ucraniano, Dmitro Loubinets, disse no Telegram que "provavelmente mais de 1.000 cidadãos ucranianos foram torturados e assassinados nos territórios libertados da região de Kharkiv".

"A Rússia só deixa morte e sofrimento. Assassinos. Torturadores", assegurou Zelensky. Alguns dos restos mortais exumados, detalhou o presidente ucraniano, eram de crianças e pessoas que provavelmente foram torturadas antes de morrer.

A comunidade internacional também reagiu à descoberta. A Rússia está agindo de uma "maneira horrível e se vê e se repete cada vez que a maré russa se retira de partes dos territórios que ocupava na Ucrânia", declarou o secretário de Estado americano, Antony Blinken, enfatizando que em "muitos casos se tratará de crimes de guerra".

A União Europeia (UE) se mostrou "profundamente consternada" pelas "atrocidades" cometidas perto de Izium. "Este comportamento desumano das forças russas  [...] deve cessar imediatamente", declarou em nota o chefe da diplomacia europeia, Josep Borrell.

O que já se sabe

Segundo Oleg Kotenko, encarregado governamental para a busca de pessoas desaparecidas, as tumbas foram cavadas durante os combates ocorridos  no momento da tomada da cidade pelas forças russas, em março, e também durante a ocupação russa, que terminou na semana passada.

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O governador regional, Oleg Sinegubov, informou que "os corpos serão submetidos a uma autópsia para determinar as causas da morte". Denunciando um "terror sangrento e brutal", considerou que "cada morte (...) se tornará uma prova dos crimes de guerra da Rússia".

O Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos informou rapidamente que quer enviar "em breve" uma equipe a Izium para "determinar as circunstâncias da morte dessas pessoas".

Putin quer continuar a guerra

Enquanto isso, na região de Lugansk (leste) prosseguiam os "combates de posições" nesta sexta-feira, e na região vizinha de Donetsk, os bombardeios russos, em particular em Bajmut, causaram cinco mortos e seis feridos, informou a Presidência ucraniana.

Na frente sul, onde as forças ucranianas encontraram maior resistência do que em Kharkiv, "a situação continua sendo difícil", embora o exército de Kiev continue bombardeando as pontes usadas pelas tropas do Kremlin, segundo a mesma fonte.

Nesta sexta, 12 pessoas ficaram feridas em bombardeios russos "maciços" em áreas recentemente liberadas pelas forças ucranianas nesta região.

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Na região separatista pró-russa de Lugansk, no Dombass (leste), o procurador-geral morreu juntamente com sua adjunta em uma explosão nos escritórios onde trabalhavam.

Presente junto do presidente russo, Vladimir Putin, em uma cúpula regional no Uzbequistão, o presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, pediu o fim do conflito na Ucrânia "o quanto antes".

Após se reunir com seu aliado chinês, Xi Jinping, Putin assegurou que quer pôr fim à guerra "o mais rápido possível", e acusou Kiev de "rechaçar qualquer processo de negociação", porém mais tarde informou que a ofensiva continuaria. "O plano não requer mudanças.... Não temos pressa", disse nesta sexta.

Os Estados-membros da ONU autorizaram nesta sexta, de forma excepcional, que o presidente Zelensky se dirija à Assembleia Geral da próxima semana por vídeo, apesar da oposição russa.

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