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Ucrânia considera ilegal inauguração de ponte entre Crimeia e Rússia

Ponte de 19 quilômetros, construída sobre o estreito de Kerch sem passar por território ucraniano, foi inaugurada hoje pelo presidente Vladimir Putin

Ucrânia: país se nega a renunciar à sua soberania sobre a Crimeia, que foi anexada pela Rússia em 2014 (Bloomberg/Bloomberg)

Ucrânia: país se nega a renunciar à sua soberania sobre a Crimeia, que foi anexada pela Rússia em 2014 (Bloomberg/Bloomberg)

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EFE

Publicado em 15 de maio de 2018 às 21h00.

Kiev - O presidente da Ucrânia, Petro Poroshenko, qualificou de ilegal nesta terça-feira a inauguração da ponte construída entre a península anexada da Crimeia e a Rússia, feito que considerou uma nova "violação" da soberania ucraniana.

"A construção ilegal da ponte de Kerch é outra evidência do desprezo do direito internacional por parte do Kremlin", denunciou Poroshenko em comunicado.

A ponte de 19 quilômetros, construída sobre o estreito de Kerch sem passar por território ucraniano, foi inaugurada hoje pessoalmente pelo presidente russo, Vladimir Putin, como uma vitória simbólica em "um dia histórico para a Rússia".

A Ucrânia, por sua vez, se nega a renunciar à sua soberania sobre a Crimeia, que foi anexada pela Rússia em 2014, e garantiu que essa nova "tentativa de legitimar a ocupação temporária da península" será em vão.

"O invasor necessitará da ponte quando tiver que deixar o mais rápido possível a Crimeia", afirmou Poroshenko, que advertiu que a carga contra a Rússia "por seus crimes internacionais está aumentando".

Nessa mesma linha, o ministro das Relações Exteriores ucraniano, Pavlo Klimkin, considerou que "os dois extremos da ponte são uma maneira de se chegar a lugar nenhum".

"Trata-se de uma ponte entre a Crimeia, onde as pessoas vivem intimidadas ou desaparecem, e a Rússia, onde mais de mil pessoas são presas em apenas um dia por protestarem pacificamente", opinou Klimkin.

O Ministério das Relações Exteriores ucraniano lembrou que Kiev já processou a Rússia pela perda dos portos na região devido à construção da ponte de Kerch, que liga a Crimeia com a região russa de Krasnodar.

Além disso, Kiev denunciou que a obra teve impacto negativo no meio ambiente marinho, na navegação e na pesca ao redor do território.

Concretamente, o governo ucraniano alertou que a poluição causada pela construção da ponte representa um "grave perigo" para os recursos ecológicos do Mar Negro e do Mar de Azov, além da destruição do ecossistema da ilhota de Tuzla, que também é reivindicada por Kiev como parte da Crimeia.

A maioria dos eleitores da Crimeia apoiaram a denominada "reunificação" com a Rússia em um referendo considerado ilegal por Kiev e por boa parte da comunidade internacional. No entanto, há quatro anos, os moradores da península vêm sofrendo as consequências do isolamento do território.

Além da imposição de sanções econômicas que incluem fortes restrições às importações e aos investimentos, também foram cortados todos os vínculos comerciais com o resto do território ucraniano, o que gerou forte inflação e a escassez de muitos produtos básicos, que continua até hoje.

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