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Ucrânia avalia plano dos EUA para encerrar guerra com a Rússia

O plano também prevê a redução do exército ucraniano para 400 mil soldados — menos da metade do contingente atual

O comunicado do gabinete de Zelensky não trouxe detalhes nem avaliações sobre o conteúdo (Adem Altan/AFP)

O comunicado do gabinete de Zelensky não trouxe detalhes nem avaliações sobre o conteúdo (Adem Altan/AFP)

Luiz Anversa
Luiz Anversa

Repórter

Publicado em 20 de novembro de 2025 às 16h35.

A Ucrânia declarou nesta quinta-feira estar disposta a trabalhar com os Estados Unidos em um plano para pôr fim à guerra contra a Rússia após Washington apresentar oficialmente um “projeto” ao presidente Volodimir Zelensky.

Nenhum detalhe foi divulgado pelas partes, mas uma fonte próxima ao assunto afirmou à AFP que a proposta incluiria algumas das exigências de Moscou. O gabinete de Zelensky informou que espera discutir o conteúdo com Donald Trump nos próximos dias.

Questão territorial

O plano parece contemplar demandas centrais da Rússia que a Ucrânia já havia rejeitado, considerando-as equivalentes a uma rendição. A proposta, composta por 28 pontos, prevê o “reconhecimento da Crimeia e de outras regiões ocupadas pelos russos”.

Atualmente, tropas russas controlam cerca de 20% do território ucraniano, devastado por anos de combates. Em 2022, o Kremlin anunciou a anexação de quatro regiões — Donetsk, Luhansk, Zaporizhzhia e Kherson — sem conseguir dominá-las totalmente. A Crimeia, por sua vez, foi anexada em 2014 e permanece sob controle absoluto de Moscou.

Autoridades ucranianas reiteraram diversas vezes que não reconhecerão a ocupação russa, embora admitam que podem ser forçadas a fazê-lo. Zelensky alertou que ceder áreas como Luhansk e Donetsk, ainda sob controle de Kiev, deixaria o país mais vulnerável a futuros ataques. “É uma questão de sobrevivência do nosso país”, afirmou recentemente.

Tropas e armamento

O plano também prevê a redução do exército ucraniano para 400 mil soldados — menos da metade do contingente atual — e a renúncia ao uso de armamento de longo alcance. Além disso, seria proibida a presença de tropas ocidentais em território ucraniano.

Essas condições refletem exigências já apresentadas pela Rússia nas negociações de Istambul, incluindo a diminuição das forças armadas, a suspensão de novos recrutamentos e o bloqueio ao envio de armas ocidentais. Moscou também insiste em não aceitar tropas da Otan na Ucrânia.

Por outro lado, Kiev busca garantias de segurança oferecidas por países ocidentais, como a criação de uma força de paz europeia para prevenir novos ataques. A proposta incluiria disposições nesse sentido.

Origem do plano

De acordo com o Axios, o projeto teria sido elaborado em conversas secretas entre o governo de Donald Trump e autoridades russas. Muitos pontos coincidem com as posições defendidas por Moscou para encerrar o conflito.

“Parece que os russos propuseram isso aos americanos e eles aceitaram”, disse uma autoridade à AFP.

A Ucrânia confirmou o recebimento do plano e afirmou que, segundo a análise dos Estados Unidos, ele “poderia revitalizar a diplomacia”. O comunicado do gabinete de Zelensky não trouxe detalhes nem avaliações sobre o conteúdo, mas destacou o acordo com Washington em “garantir um fim digno para a guerra”.

Zelensky se reuniu com oficiais do exército americano em Kiev. O Kremlin, por sua vez, preferiu não comentar o assunto.

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