Ataque com centenas de drones ucranianos atinge o território russo, incluindo Moscou (AFP)
Agência de notícias
Publicado em 11 de março de 2025 às 06h40.
Última atualização em 11 de março de 2025 às 06h44.
A Ucrânia efetuou um ataque com centenas de drones contra o território russo, incluindo Moscou, poucas horas antes de uma reunião nesta terça-feira, 11, com representantes do governo dos Estados Unidos na Arábia Saudita. O encontro terá como tema a apresentação de um plano de trégua parcial no conflito entre os dois países.
O Ministério da Defesa da Rússia informou que suas forças derrubaram 337 drones ucranianos durante a noite. Este foi o ataque mais intenso contra o território russo desde o início da invasão da Ucrânia, há mais de três anos. Desses, 91 foram interceptados na região de Moscou, que normalmente está distante das principais hostilidades da guerra. O governador local informou que o bombardeio resultou em uma vítima fatal e três feridos.
O encontro em Jidá, cidade costeira da Arábia Saudita, marca o primeiro de alto escalão entre os Estados Unidos e a Ucrânia desde o confronto verbal entre os presidentes Donald Trump e Volodimir Zelensky na Casa Branca. Desde então, autoridades ucranianas têm trabalhado para recuperar a boa vontade do principal aliado de Kiev, os Estados Unidos, que exige concessões para que o conflito, iniciado com a invasão da Rússia, chegue ao fim.
Em um gesto nesse sentido, um funcionário de alto escalão do governo ucraniano antecipou que o país apresentará uma proposta de trégua aérea e marítima, a qual foi bem recebida pelo secretário de Estado americano, Marco Rubio, que chegou a Jidá na segunda-feira. Contudo, poucas horas antes do encontro, o prefeito de Moscou, Sergei Sobyanin, denunciou o "ataque maciço" de drones ucranianos contra a capital russa. A imprensa russa divulgou imagens de edifícios residenciais atingidos pela queda de destroços dos drones, com janelas quebradas e buracos nos telhados.
Prédio de apartamentos danificado após ataque com drones em Moscou (AFP)
O emissário americano para o Oriente Médio, Steve Witkoff, afirmou que a reunião em Jidá deve servir para "definir um marco para um acordo de paz e um cessar-fogo inicial". Desde que voltou à Casa Branca, Trump alterou a postura dos Estados Unidos em relação à Ucrânia, aproximando-se mais da Rússia. Ele acusou Zelensky de ser um "ditador", ingrato e de não querer a paz.
Após o confronto entre os dois na Casa Branca, Washington suspendeu a ajuda militar à Ucrânia e interrompeu o compartilhamento de informações de inteligência. Nos últimos dias, a situação parece ter se acalmado, com Trump afirmando que agora Zelensky estaria disposto a negociar, embora tenha ameaçado Moscou com a imposição de novas sanções. O secretário de Estado, Marco Rubio, também demonstrou otimismo com a proposta de trégua "aérea e marítima", afirmando que ela "é o tipo de concessão necessária para acabar com o conflito".
"Não conseguiremos um cessar-fogo e o fim desta guerra se as duas partes não fizerem concessões", insistiu Rubio.
Zelensky se reuniu na segunda-feira em Jidá com autoridades sauditas, mas deixará nas mãos de três funcionários de alto escalão de seu governo os contatos com a delegação americana, liderada por Rubio. O secretário de Estado, por sua vez, expressou confiança de que as conversas permitirão resolver a suspensão da ajuda militar americana à Ucrânia. No entanto, ele alertou que a reunião não terá como objetivo "desenhar linhas em um mapa" para um acordo final, embora tenha assegurado que informará à parte russa as ideias discutidas.
Esse encontro também consolidará a influência internacional da Arábia Saudita, um aliado histórico dos Estados Unidos no Oriente Médio. Recentemente, o reino recebeu um primeiro encontro entre representantes do governo Trump e autoridades russas. Zelensky se encontrou na segunda-feira com o príncipe herdeiro Mohammed bin Salman, e afirmou que a Arábia Saudita é "uma plataforma muito importante para a diplomacia".
Segundo a presidência ucraniana, a conversa entre os dois líderes abordou a possibilidade de uma mediação da Arábia Saudita para a libertação de prisioneiros militares e civis, além do retorno das crianças deportadas para a Rússia. O governo chinês, por sua vez, declarou que espera que "as partes possam alcançar uma solução justa e duradoura que seja aceitável para todos", conforme afirmou a porta-voz do Ministério das Relações Exteriores, Mao Ning.
As negociações em Jidá acontecem em um momento delicado para Kiev, que está em desvantagem numérica e de munições na linha de frente da guerra. Durante o fim de semana, a Rússia reivindicou avanços importantes na região de Kursk, parcialmente ocupada pelas tropas ucranianas, e também relatou progressos na região ucraniana de Sumy pela primeira vez desde 2022. O comandante do exército ucraniano anunciou o envio de reforços para a região de Kursk, onde o Ministério da Defesa russo informou a derrubada de 126 drones na madrugada de terça-feira.