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Ucrânia afirma ter destruído blindados russos

Presidente ucraniano Petro Poroshenko conversou por telefone sobre incursão com o primeiro-ministro britânico, David Cameron

Tanque pró-russo em Donetsk: governo ucraniano confirmou a destruição de blindados russos (Dimitar Dilkoff/AFP)

Tanque pró-russo em Donetsk: governo ucraniano confirmou a destruição de blindados russos (Dimitar Dilkoff/AFP)

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Da Redação

Publicado em 15 de agosto de 2014 às 16h10.

Donetsk - Disparos de artilharia do Exército ucraniano destruíram em grande parte uma coluna de veículos blindados de transporte de tropas que entrou, segundo Kiev, no leste da Ucrânia a partir da Rússia quinta-feira à noite, anunciou a presidência ucraniana.

O presidente ucraniano Petro Poroshenko conversou por telefone sobre esta incursão com o primeiro-ministro britânico, David Cameron, e indicou que "grande parte deste material foi destruído durante a noite pela artilharia ucraniana", segundo um comunicado.

"Uma ação apropriada foi adotada contra esta coluna e uma parte dela não existe mais. Ela foi destruída", assegurou o porta-voz militar ucraniano Andriï Lyssenko.

Jornalistas britânicos relataram que 23 veículos blindados de transporte de tropas russas, apoiados por veículos logísticos, atravessaram a fronteira quinta-feira à noite perto do posto fronteiriço de Donetsk, por onde deve passar um comboio humanitário russo às populações do leste da Ucrânia vítimas dos combates entre as forças ucranianas e os separatistas pró-russos.

Jornalistas da AFP observaram por sua vez nesta sexta-feira, uma coluna de uma dúzia de veículos de tropas russos seguindo em direção ao posto de fronteira de Donetsk.

Moscou negou em várias ocasiões a passagem de tropas russas pela fronteira e denunciou nesta sexta-feira "tentativas de fazer fracassar" sua ajuda humanitária aos civis.

As autoridades ucranianas já haviam relatado anteriormente incursões de colunas militares russas nas regiões ucranianas de Donetsk e Lugansk, pelos postos de fronteira controlados pelos rebeldes.

Neste sentido, Londres convocou o embaixador russo para explicações sobre a incursão militar.

"O embaixador da Rússia no Reino Unido, Alexander Iakovenko, foi convocado para esclarecer as informações sobre uma incursão militar russa na Ucrânia e sobre o fornecimento contínuo de equipamentos" aos rebeldes, indicou o ministério das Relações Exteriores britânico em sua conta no Twitter.

A Ucrânia afirmou nesta sexta-feira ter destruído parcialmente uma coluna de blindados russos que havia entrado no dia anterior em seu território, em uma forte escalada da tensão entre Moscou e Kiev, que fez várias bolsas europeias despencarem.

O Ministério russo da Defesa negou nesta sexta-feira que haja uma incursão militar na Ucrânia.

Moscou também denuncia "tentativas de sabotar" a entrada de um comboio humanitário russo no leste da Ucrânia, alertando para possíveis "consequências".

Em uma tentativa de diminuir as tensões, o ministro ucraniano das Relações Exteriores, Pavlo Klimkin, anunciou que vai se reunir domingo em Berlim com seu colega russo, Sergei Lavrov, e com os líderes da diplomacia francesa e alemã.

Citando uma incursão de blindados russos na quinta-feira à noite em território ucraniano, o presidente Petro Poroshenko declarou que "grande parte desse material foi destruída durante a noite pela artilharia ucraniana" em uma conversa por telefone com o primeiro-ministro britânico, David Cameron.

"Uma ação apropriada foi tomada contra essa coluna e parte dela não existe mais. Ela foi destruída", afirmou o porta-voz militar ucraniano, Andrii Lysenko.

A tensão aumentou consideravelmente depois que jornalistas britânicos informaram que 23 veículos blindados de transporte de tropas russas, apoiados por veículos de logística, haviam cruzado a fronteira na noite de quinta-feita, perto do posto de fronteira de Donetsk, por onde deve passar o polêmico comboio humanitário russo com destino às vítimas do conflito no leste da Ucrânia.

Advertências ocidentais

Moscou negou em várias ocasiões a passagem de tropas russas pela fronteira, como acusam Kiev e as potências ocidentais.

Já os ministros das Relações Exteriores da União Europeia exigiram nesta sexta que a Rússia "pare imediatamente com qualquer forma de hostilidade" na fronteira com a Ucrânia.

Neste sentido, o embaixador da Rússia no Reino Unido, Alexander Iakovenko, foi convocado para esclarecer as informações sobre a incursão militar russa na Ucrânia e sobre o fornecimento contínuo de equipamentos aos rebeldes, enquanto o presidente francês, François Hollande, pediu que a Rússia "respeite a integridade territorial ucraniana".

O secretário-geral da Otan, Anders Fogh Rasmussen, considerou que uma ação desse tipo provaria "claramente o envolvimento da Rússia na desestabilização da Ucrânia".

Várias bolsas europeias despencaram com o anúncio da incursão militar russa na Ucrânia. A Bolsa de Frankfurt caiu 1,44%, e a de Paris 0,74%.

A Otan confirmou a entrada de blindados russos, enquanto o chefe da missão de observadores da OSCE na região, Paul Picard, disse "não ter visto nenhum caminhão ou veículo blindado cruzar a fronteira", acrescentando que só poderia falar sobre "os postos de controle de Gukovo e de Donetsk".

Comboio humanitário russo bloqueado

Moscou reagiu a essas afirmações denunciando "tentativas (do lado ucraniano) de causar o fracasso de sua ajuda humanitária" destinada à população do leste da Ucrânia.

Em um comunicado, o Ministério russo das Relações Exteriores aponta para "a intensificação brutal das operações militares" ucranianas nessa região "que, evidentemente, tem como objetivo cortar o itinerário estabelecido com Kiev" para a passagem do comboio humanitário russo.

Um comboio humanitário russo de cerca de 300 caminhões continuava estacionado nesta sexta-feira à noite a 30 km da passagem fronteiriça de Donetsk, na localidade de Kamensk-Shakhtinski.

De acordo com o Exército ucraniano, 41 guardas de fronteira e 18 agentes alfandegários chegaram a Donetsk para inspecionar esses caminhões, mas não começaram o trabalho, à espera de documentos da Cruz Vermelha, que deve ficar responsável pela distribuição da ajuda.

A viagem do comboio foi problemática desde a sua saída, na terça-feira, de uma base militar da região de Moscou. A Ucrânia e as potências ocidentais temem que sirva de pretexto para uma intervenção militar russa. A Rússia considerou "absurdo" esse temor.

O presidente russo, Vladimir Putin, se comprometeu, nesta sexta, durante um encontro com seu colega finlandês Sauli Niinistö, a fazer tudo para ajudar as vítimas do conflito.

Depois de longas horas de negociações, Kiev aceitou a passagem do comboio, que transporta, segundo Moscou, mais de 1.800 toneladas de alimentos e medicamentos para áreas separatistas do leste da Ucrânia que o governo tenta controlar.

A situação humanitária continua a se deteriorar no leste do país, onde o avanço do Exército ucraniano vem causando baixas civis. Os Estados Unidos pediram na quinta-feira "moderação" às forças ucranianas.

Em Donetsk, principal reduto separatista, os combates se intensificaram no centro da cidade. Onze civis morreram em 24 horas, segundo o prefeito.

Kiev, que aperta o cerco sobre os separatistas, reivindicou na quinta-feira o controle da estrada entre Lugansk e a fronteira russa, cortando assim a rota a ser utilizada pelo comboio humanitário de Moscou.

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