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Ucrânia acusa separatistas de alterar local da queda

A alteração dificulta a investigação sobre a queda da aeronave

Rebelde bloqueia passagem de veículos em área de queda do avião
 (DOMINIQUE FAGET/AFP)

Rebelde bloqueia passagem de veículos em área de queda do avião (DOMINIQUE FAGET/AFP)

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Da Redação

Publicado em 19 de julho de 2014 às 17h38.

Grabove - <strong><a href="https://exame.com.br/topicos/ucrania">Ucrânia</a></strong> e <strong><a href="https://exame.com.br/topicos/malasia">Malásia</a></strong> acusaram neste sábado os rebeldes pró-russos de terem alterado as provas no lugar onde caiu o avião malaio no leste da Ucrânia, o que pode falsificar a investigação sobre a queda da aeronave.</p>

Os principais dirigentes mundiais pedem o início imediato de uma investigação da queda do avião que matou as 298 pessoas a bordo. O secretário de Estado americano, John Kerry, afirmou que seu país está profundamente preocupado com as dificuldades que se apresentam para dar início às investigações.

Neste sentido, a chefe do governo alemão, a chanceler Angela Merkel, e o presidente russo, Valdimir Putin, "entraram em acordo para que uma comissão internacional e independente, sob a direção da Organização de Aviação Civil Internacional (OAIC), possa ter rapidamente acesso do acidente para esclarecer as circunstâncias da queda e resgatar as vítimas", informou o governo alemão em um comunicado.

Mas o ministro dos Transportes malaio, Liow Tiong Lai, que viajou para a Ucrânia, alertou que "a integridade do local está comprometida".

"Há informações que mostram que provas vitais não foram mantidas no lugar. As interferências no local da queda podem corromper a investigação", declarou.

"Não impedir tais interferências é uma traição às vidas que se perderam", acrescentou em coletiva de imprensa. "O mais importante agora é averiguar quem derrubou o avião. Pedimos justiça", concluiu.

Quase ao mesmo tempo, o governo ucraniano acusava os rebeldes do leste do país, suspeitos de ter derrubado o avião comercial malaio, de "tentar destruir, com o apoio da Rússia, as provas deste crime internacional".

Isto dificultará o trabalho das primeiras equipes de investigação estrangeiras, holandeses e malaios, que chegaram ao leste da Ucrânia controlado pelos separatistas onde caiu o avião na tarde desta quinta-feira.

O voo MH17, da companhia Malasia Airlines, que viajava de Amsterdã a Kuala Lumpur caiu por razões ainda desconhecidas, embora tudo indique que foi derrubado por um míssil que matou seus 298 ocupantes.

Pressão sobre Moscou

A Rússia criticou neste sábado as acusações dos Estados Unidos segundo as quais os rebeldes pró-russos são responsáveis ​​pela queda do avião, provavelmente abatido por um míssil.

"Os comunicados do governo americano são a prova da percepção profundamente aberrante de Washington do que está acontecendo na Ucrânia", declarou às agências de notícias russas o vice-chanceler Sergei Ryabkov.

Apesar do clima de tensão, o ministro russo das Relações Exteriores, Serguei Lavrov, e seu colega americano John Kerry concordaram neste sábado, durante uma conversa por telefone, em utilizar de sua influência para acabar com o conflito na Ucrânia, segundo a chancelaria russa.

Os diplomatas também estão de acordo com a necessidade de uma investigação internacional equitativa, aberta e independente para esclarecer o que aconteceu com o avião malaio ao sobrevoar o leste da Ucrânia.

A zona de impacto fica em uma área controlada pelos rebeldes, perto da cidade de Shajarsk. O conflito armado entre os separatistas pró-russos, que rechaçaram um cessar-fogo, e o governo de Kiev dificulta as operações de investigação e identificação dos cadáveres.

"Os terroristas levaram 38 cadáveres de vítimas para o necrotério de Donetsk, onde especialistas com um forte sotaque russo declararam que fariam autópsia", informou em uma declaração oficial.

O governo acusa os rebeldes de não permitir aos órgãos competentes ucranianos começar a investigação e não deixar que os representantes e especialistas estrangeiros vão ao local onde estão os restos do avião.

O líder dos separatistas confirmou no sábado aos jornalistas da AFP em Grabove que os corpos foram levados ao necrotério de Donetsk. Os combatentes pró-russos impediam o acesso ao perímetro do avião.

Mark Rukke, o primeiro-ministro da Holanda, de onde são 192 das 298 vítimas, manteve a este propósito uma "conversa muito intensa com o presidente russo", segundo informou Haia.

"Ele tem que assumir suas responsabilidades para facilitar o acesso ao local da queda", acrescentou.

"Não vemos que a Rússia esteja usando sua influência de forma eficácia para conseguir que os separatistas, que estão em controle do local, permitam o acesso de que necessitamos", declarou o ministro das Relações Exteriores britânico, Philip Hammond.

Luvas brancas e sacos pretos

Várias pessoas usando uniformes e luvas brancas e azuis saiam de um campo de trigo para colocar os pedaços de corpos em grandes sacos pretos. A operação é realizada sob controle rebelde.

Em sua declaração, o governo de Kiev pede à Rússia que "retirar seus terroristas e permita aos especialistas ucranianos e internacionais fazer um exame de todos os aspectos da tragédia".

Moscou, por sua vez, exigiu neste sábado a Kiev outorgar aos especialistas internacionais acesso aos documentos de seu arsenal de mísseis ar-ar e terra-ar. Na sexta-feira, o ministério russo da Defesa, afirmou que os sistemas de mísseis Buk, do exército ucraniano, o tipo de armamento suspeito de ter derrubado o Boeing malaio, estavam ativos no dia da catástrofe.

O conflito, que se mantinha neste sábado com combates em Lugansk, recrudesceu também na frente diplomática. O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, apontou na sexta-feira os separatistas pró-russos como responsáveis e assegurou que tinham o apoio da Rússia.

Na sexta-feira, cerca de trinta inspetores da Organização para a Segurança e a Cooperação na Europa (OSCE) foram a primeira equipe internacional a chegar ao local mas afirmaram ter tido só um "acesso limitado".

A polícia holandesa mandou no sábado várias equipes a visitar as famílias das vítimas para captar amostras de DNA e compilar informação que ajude a identificar os corpos.

No campo, as forças de Kiev declararam ter retomado o controle do sudeste da cidade de Lugansk, cidade de quase 500.000 habitantes, principal bastião dos rebeldes, ao lado de Donestk.

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