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Ucrânia acusa Rússia de invasão direta e pede ajuda militar

A Ucrânia pediu ajuda militar de envergadura diante da entrada de tropas russas no leste do país, o que aumenta os temores de uma guerra

Cinegrafista filma automóvel incendiado no centro de Donetsk, no leste da Ucrânia (Francisco Leong/AFP)

Cinegrafista filma automóvel incendiado no centro de Donetsk, no leste da Ucrânia (Francisco Leong/AFP)

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Da Redação

Publicado em 28 de agosto de 2014 às 12h57.

Donetsk - A Ucrânia pediu nesta quinta-feira ajuda militar de envergadura diante da entrada de tropas russas no leste do país, o que aumenta os temores de uma guerra aberta entre a Ucrânia e a Rússia.

"Mais de mil soldados russos combatem atualmente na Ucrânia. Apoiam os separatistas, lutam com eles", afirmou um funcionário de alto escalão da Otan.

Estes soldados, que muitas vezes não usam insígnias, são reconhecíveis pela sua conduta, de "militar profissional", assegurou, insistindo que há cada vez mais informações que circulam publicamente sobre soldados russos mortos nos combates.

"Eles operam equipamentos sofisticados, aconselham os separatistas e os soldados avançam até 40 ou 50 km em território ucraniano", descreveu este oficial.

A Ucrânia acusou pela primeira vez a Rússia de invasão direta, depois de meses de suspeitas de Kiev e dos países ocidentais de que Moscou fornecia ajuda militar aos separatistas pró-russos que enfrentam o exército ucraniano no leste do país. O Kremlin negou a informação mais uma vez nesta quinta-feira.

"Não há mais que uma unidade" de uma dezena de "soldados russos que cruzaram a fronteira de forma não intencional há dois dias", disse o embaixador russo ante a Organização para a Segurança e a Cooperação na Europa (OSCE), Andrei Kelin, em referência a militares que Kiev disse ter detido na terça-feira.

Kelin respondia, assim, durante uma tensa reunião extraordinária, ao representante ucraniano ante a OSCE, Ihor Prokopchuk, que disse estar ciente "de uma invasão direta das forças militares russas nas regiões do leste da Ucrânia".

O embaixador da Ucrânia na União Europeia (UE), Konstiantyn Eliseyev, pediu a Bruxelas "ajuda militar de envergadura" diante da "não dissimulada invasão militar".

"Pedimos uma sessão extraordinária do Conselho Europeu no dia 30 de agosto sobre a Ucrânia (...) Basta de conivência e de apaziguamento do agressor. A solidariedade deve se materializar com sanções significativas e com uma ajuda militar e técnica de envergadura", declarou Eliseyev, segundo a página do Facebook da embaixada ucraniana ante a UE.

"Estamos extremamente preocupados pelos último acontecimentos, especialmente pelas informações em terra que chegam até nós", reagiu Maja Kocikancic, porta-voz do Serviço Exterior da UE.

O presidente ucraniano, Petro Poroshenko, cancelou uma visita nesta quinta-feira à Turquia e se reuniu de urgência com o Conselho Nacional de Segurança e de Defesa diante da rápida deterioração da situação pela entrada de tropas russas.

As autoridades ucranianas afirmaram pouco antes que as tropas russas haviam tomado o controle na véspera da estratégica cidade fronteiriça de Novoazovsk, 100 km ao sul do reduto rebelde de Donetsk.

Poroshenko também se referiu à captura das localidades de Amvrosivka e Starobecheve, a sudeste de Donetsk.

Soldados russos de férias

"Um número cada vez maior de tropas russas intervêm diretamente nos combates em território ucraniano", escreveu na manhã desta quinta-feira o embaixador americano em Kiev, Geoffrey Pyatt, no Twitter. "A Rússia também enviou seus sistemas de defesa aérea mais recentes", acrescentou.

O presidente francês, François Hollande, ressaltou em uma coletiva de imprensa que a presença de soldados russos em território ucraniano, se confirmada, é intolerável e inaceitável.

Por sua vez, a Lituânia acusou a Rússia de realizar uma evidente invasão militar na Ucrânia e pediu uma reunião do Conselho de Segurança das Nações Unidas sobre esta questão, que será realizada nesta quinta-feira às 16H00 GMT (13h00 de Brasília) na sede das Nações Unidas em Nova York, informaram fontes diplomáticas.

O primeiro-ministro ucraniano, Arseni Yatseniuk, já havia pedido na quarta-feira à Otan "ajuda prática e (...) decisões cruciais na cúpula" prevista para 4 de setembro.

Um líder dos separatistas admitiu na quarta-feira que soldados russos lutavam junto com eles.

"Se uniram a nós muitos soldados russos que preferem não passar suas férias na praia, mas nas fileiras com seus irmãos lutando pela liberdade do Donbass", disse Alexander Zajarchenko, "primeiro-ministro" da autoproclamada República Popular de Donetsk, em um comunicado publicado na internet.

Em terra, bombardeios com morteiros provocaram a morte de 11 civis nas últimas 24 horas no reduto separatista pró-russo de Donetsk, anunciaram nesta quinta-feira as autoridades locais.

"Como consequência dos disparos de artilharia contra bairros de Donetsk, 11 civis morreram e 22 ficaram feridos", informou em um comunicado a cidade.

Os combates entre o exército ucraniano e os rebeldes pró-russos no leste da Ucrânia deixaram mais de 2.200 mortos desde meados de abril, a metade deles no último mês, segundo a ONU.

Na Rússia, a imprensa da oposição informou sobre os funerais silenciados de dois paraquedistas de elite, sugerindo que haviam morrido em combate na Ucrânia.

O porta-voz do Kremlin, Dimitri Peskov, afirmou que estas informações estão sendo verificadas atualmente, segundo declarações citadas na quarta-feira pela agência oficial Itar-Tass.

Segundo uma associação de mães de soldados russos, 400 homens morreram ou ficaram feridos na Ucrânia.

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