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Uber e Lyft comemoram decisão da Suprema Corte da Califórnia que mantém motoristas como autônomos

Validação da Proposição 22 pela Suprema Corte da Califórnia marca uma vitória para empresas de transporte por aplicativo, com possíveis repercussões em debates trabalhistas nos EUA

Aplicativos comemoraram à decisão da Suprema Corte da Califórnia. (Bloomberg/Getty Images)

Aplicativos comemoraram à decisão da Suprema Corte da Califórnia. (Bloomberg/Getty Images)

Fernando Olivieri
Fernando Olivieri

Redator na Exame

Publicado em 7 de agosto de 2024 às 06h05.

A Suprema Corte da Califórnia manteve, no fim de julho, a validade da Proposição 22, uma medida aprovada pelos eleitores em 2020 que permite que empresas de transporte por aplicativo, como Uber, Lyft, Grubhub e DoorDash, classifiquem seus motoristas como contratantes independentes em vez de empregados. Essa decisão, que consolida o status dos motoristas de aplicativos como autônomos, é vista como uma vitória crucial para a indústria de transporte por aplicativo, que defende esse modelo de trabalho como essencial para a flexibilidade e viabilidade econômica das plataformas. As informações são da CNBC.

A Proposição 22 surgiu como uma resposta à lei AB5, que estabeleceu critérios mais rigorosos para a classificação de trabalhadores como autônomos na Califórnia. Enquanto a AB5 foi projetada para garantir que mais trabalhadores fossem considerados empregados e, portanto, tivessem acesso a benefícios como seguro-desemprego, horas extras e licença médica, a Proposição 22 reverteu parte dessas mudanças, mantendo os motoristas de aplicativos na categoria de trabalhadores independentes. O apoio à Proposição 22 foi impulsionado por uma campanha multimilionária financiada por empresas de tecnologia, que argumentaram que a medida era necessária para preservar a flexibilidade do trabalho para os motoristas.

Com a decisão da Suprema Corte, a Proposição 22 continua a vigorar, estabelecendo um modelo híbrido onde os motoristas são classificados como autônomos, mas com alguns benefícios garantidos, como um piso salarial baseado na distância percorrida e no tempo trabalhado, além de uma contribuição para a saúde para aqueles que trabalham mais de 15 horas por semana. Essa abordagem é vista como um compromisso que equilibra a necessidade de proteção dos trabalhadores com a manutenção da flexibilidade associada ao trabalho autônomo.

Efeito em outros estados

O impacto dessa decisão não se limita à Califórnia. A expectativa é que outros estados considerem adotar medidas semelhantes, influenciados pelo precedente estabelecido pela Suprema Corte da Califórnia. Em estados como Nova York, Massachusetts e Minnesota, as condições de trabalho dos motoristas de aplicativos têm sido objeto de intensos debates e negociações. Por exemplo, em Massachusetts, um acordo recente estabeleceu um piso salarial de US$ 32,50 (R$ 183,66) por hora para motoristas de aplicativos, além de outros benefícios trabalhistas. Em Nova York, acordos com as empresas Uber e Lyft resultaram em melhorias nas condições de trabalho e no pagamento retroativo de valores devidos a motoristas.

A decisão da Suprema Corte da Califórnia ocorrmue em um momento de crescente escrutínio sobre a gig economy nos Estados Unidos. Flórida e Minnesota têm considerado legislações semelhantes à Proposição 22, refletindo uma tendência de flexibilização das leis trabalhistas para acomodar o modelo de negócios das empresas de aplicativos. No entanto, a questão permanece controversa, com sindicatos e grupos de defesa dos trabalhadores argumentando que a classificação como autônomos priva os motoristas de direitos trabalhistas fundamentais.

Enquanto a decisão da Califórnia representa uma vitória para as empresas de tecnologia, a luta para definir a classificação dos trabalhadores da gig economy está longe de terminar. Em Massachusetts, por exemplo, motoristas de aplicativos têm buscado a sindicalização há mais de dois anos, apoiados por comitês de ação política e sindicatos importantes. Esses esforços destacam a tensão contínua entre a flexibilidade do trabalho autônomo e a necessidade de maior proteção para os trabalhadores.

A decisão da Suprema Corte da Califórnia também levanta questões sobre o futuro da legislação trabalhista nos Estados Unidos. Em estados com uma tradição sindical mais forte, como Nova York e Massachusetts, a batalha por direitos trabalhistas mais amplos para os trabalhadores de aplicativos continua a ser um tema central nas discussões legislativas e nas campanhas eleitorais. A possibilidade de introduzir novos benefícios, como a elegibilidade para compensação por acidentes de trabalho, está sendo considerada em várias jurisdições.

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