Mundo

Tymoshenko anuncia greve de fome contra fraude eleitoral

Tymoshenko, que completa sete anos de prisão por abuso de poder - para muitos, por perseguição política -, convocou todos os ucranianos a comparecer em massa às urnas

A ex-primeira-ministra ucraniana Yulia Timoshenko
 (Sergei Supinsky/AFP)

A ex-primeira-ministra ucraniana Yulia Timoshenko (Sergei Supinsky/AFP)

DR

Da Redação

Publicado em 29 de outubro de 2012 às 20h02.

Kiev - A ex-primeira-ministra ucraniana Yulia Tymoshenko entrou em greve de fome nesta segunda-feira em protesto contra a suposta fraude nas eleições legislativas da Ucrânia de ontem, vencidas pelo governante Partido das Regiões (PR), do presidente Viktor Yanukovich.

''Declaro-me em greve de fome em sinal de protesto pela falsificação das eleições e pela falta de legitimidade do Parlamento. Sei e acredito que a maioria dos ucranianos me entende e me apoia'', declarou Tymoshenko, segundo seu advogado, Sergei Vlasenko, em declaração às agências locais.

Tymoshenko, que completa sete anos de prisão por abuso de poder - para muitos, por perseguição política -, convocou todos os ucranianos a comparecer em massa às urnas, alegando que uma alta participação do eleitorado seria o melhor ''antídoto contra a falsificação''.

''Não penso em reconhecer como verdade essa grosseira mentira. As eleições foram falsificadas do primeiro ao último dia'', declarou a opositora, que acusou às autoridades de tentar corrigir os resultados com protocolos falsos e comissões eleitorais corruptas.

Neste aspecto, Tymoshenko assegurou que aceitar os resultados dessas eleições significa respaldar os atos daqueles que os falsificaram, fecharam as televisões independentes e perseguiram os candidatos opositores.

''A legitimidade do regime está esgotada. Este resultado eleitoral significa a condenação da oligarquia, seu padrinho e seus clãs'', ressaltou a opositora, que destacou que 73% dos eleitores não apoiaram o PR.

''Se estivesse em liberdade, convocaria, sem nenhuma duvida, ações indefinidas de desobediência civil para pôr os falsificadores em seu lugar, como já fizemos em outras ocasiões'', declarou a opositora em alusão à Revolução Laranja de 2004.


''Desde 29 de julho até 29 de outubro, o pleito se mostrou como o mais sujo da história da Ucrânia independente'', completou Tymoshenko.

A carismática dirigente opositora, que esteve em greve de fome durante várias semanas em abril após ser transferida a força para uma clínica, já tinha advertido ontem que as eleições não podiam ''ser reconhecidas como legítimas''.

Segundo a Comissão Eleitoral Central, a formação política governante alcançou 33,86% dos votos, com 65,2% de apuração.

A oposição, que denunciou numerosos casos de irregularidades por parte do partido governista, mantém que o PR obteve menos de 30% dos sufrágios, segundo a apuração paralela realizada por seus partidários.

A missão internacional de observadores da Organização sobre a Segurança e a Cooperação na Europa (OSCE), por sua vez, tachou hoje de ''passo para trás'' as eleições legislativas da Ucrânia, entre outras coisas, devido ao encarceramento de Tymoshenko e do ex-ministro do Interior Yuri Lutsenko.

O primeiro-ministro ucraniano, Nikolai Azárov, proclamou ontem à noite a vitória do partido que lidera (PR) e ressaltou que o pleito tinha sido limpo, ou seja, ocorrido dentro da normalidade.

Acompanhe tudo sobre:EleiçõesGrevesUcrânia

Mais de Mundo

Mais de 60 são presos após confronto entre torcedores de Israel e manifestantes na Holanda

Milei tira monopólio em aeroportos e alerta Aerolíneas: “ou privatiza ou fecha”

Sinos da Notre Dame tocam pela primeira vez desde o incêndio de 2019

França busca aliados europeus para ativar veto ao acordo UE-Mercosul