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Twitter e telefone canalizam pressão contra moratória nos EUA

Pronunciamentos pela TV, telefonemas para partidários e apelos pelas redes sociais foram incluídos no lobby de ambos os partidos

Obama se reúne com John Boehner (esq.), presidente da Câmara dos Representantes para tratar do aumento do teto da dívida (Jewel Samad/AFP)

Obama se reúne com John Boehner (esq.), presidente da Câmara dos Representantes para tratar do aumento do teto da dívida (Jewel Samad/AFP)

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Da Redação

Publicado em 29 de julho de 2011 às 19h50.

Washington - Pelo telefone e pela Internet, os americanos atenderam na sexta-feira ao pedido do presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, para pressionar o Congresso a aprovar o novo limite de endividamento do governo.

O apelo de Obama foi feito num pronunciamento pela TV, o segundo em uma semana. O Departamento do Tesouro diz que, se o novo teto do endividamento não for aprovado até terça-feira, os EUA terão de declarar uma inédita moratória.

"Na noite de segunda-feira, pedi ao povo americano que fizesse sua voz ser ouvida neste debate, e sua resposta foi avassaladora", disse Obama, referindo-se aos telefonemas e e-mails enviados pela população aos parlamentares.

"Então, por favor, a todo o povo americano, mantenha isso", disse o presidente em declarações transmitidas por várias redes durante a manhã.

"Se vocês quiserem ver um acordo bipartidário, uma lei que possa ser aprovada em ambas as Casas do Congresso e que eu possa sancionar, faça os seus representantes no Congresso saberem disso. Deem um telefonema. Mandem um e-mail. Tuítem. Mantenham a pressão sobre Washington, e poderemos passar por isso."

Logo depois do discurso, os circuitos telefônicos do Congresso ficaram sobrecarregados, dificultando as ligações externas. Por volta de meio-dia, Dan Weiser, diretor de comunicações da administração da Câmara, disse que havia um aumento de 10% nas ligações recebidas, em relação aos dias normais.

Várias ligações para o gabinete do presidente da Câmara, o republicano John Boehner, não puderam ser completadas - ou davam sinal de ocupado, ou caíam em uma mensagem com música patriótica, pedindo que a pessoa que ligou esperasse na linha.

Boehner tem ativamente buscado uma prorrogação temporária do limite de endividamento, mas enfrenta resistências de parte do seu próprio partido.


Um porta-voz de Boehner negou que o gabinete dele tenha ficado sobrecarregado por telefonemas depois do discurso de Obama.
Já Zec Petkanas, porta-voz do líder democrata no Senado, Harry Reid, disse que o gabinete dele recebeu na sexta-feira milhares de telefonemas manifestando apoio a um acordo bipartidário.

Pelo Twitter

Obama usou também recursos mais modernos, enviando mensagens a seus 9,4 milhões de seguidores no Twitter, aos quais pediu que façam contato com seus parlamentares.

"Acabou o momento de colocar o partido em primeiro lugar. Se você quer ver um #acordobipartidário, avise o Congresso. Ligue. Mande email. Tuíte. -BO", disse uma mensagem no Twitter, usando as iniciais do presidente para demonstrar que se tratava de um apelo pessoal do presidente, e não de assessores.

Mas depois disso, os assessores se encarregaram de alimentar o Twitter presidencial, publicando os nomes de usuário no Twitter de deputados e senadores republicanos, para que os interessados pudessem personalizar seus apelos.

A "hashtag" (identificação de um tema) "#compromisse" (acordo) foi então inundada por mensagens de pessoas fazendo seus apelos em até 140 caracteres.

Um exemplo veio do usuário John McMullen, designer da Califórnia. Dirigindo-se aos deputados republicanos Cory Gardner, Mike Coffman e Scott Tipton, todos do Colorado, ele disse: "@RepTipton @repcorygardner @RepMikeCoffman por favor parem com a loucura. Apoiem um #acordo bipartidário para a redução do déficit. Já chega."

Entenda o caso

No último dia 16 de maio, os Estados Unidos atingiram o limite legal de endividamento público - de US$ 14,3 trilhões (cerca de R$ 22,2 trilhões). Na ocasião, o secretário do Tesouro dos Estados Unidos, Timothy Geithner, anunciou medidas temporárias, como a suspensão de investimentos em fundos de pensão, a fim que evitar que a dívida ultrapassasse esse limite.

Segundo levantamentos do governo, o país deve ultrapassar o chamado "teto de sua dívida" no próximo dia 2 de agosto. Negociações entre o presidente Barack Obama e o líder do Congresso, o republicano John Boehner, não conseguiram romper o impasse a respeito do tema.

Os republicanos, que fazem oposição ao presidente Obama e controlam a Câmara dos Representantes - o equivalente à Câmara dos Deputados -, exigem que um acordo para elevar a dívida esteja condicionado a cortes no orçamento americano para reduzir o déficit, calculado em cerca de US$ 1,2 trilhão para o ano fiscal que termina em setembro. Por sua vez, o governo americano e o Partido Democrata se opõem a cortar programas sociais.

Para entrar em vigor, o acordo por um novo teto da dívida deve ser aprovado primeiro na Câmara dos Representantes e depois pelo Senado americano.

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