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Turquia prende mais de mil em protestos inflamados contra prisão de opositor do presidente

Prefeito de Istambul, Ekrem Imamoglu, foi detido e destituído do cargo; manifestações se espalham por 55 províncias

Protestos na Turquia: mais de mil pessoas foram detidas após a prisão do prefeito de Istambul, Ekrem Imamoglu, principal opositor de Erdogan (AFP)

Protestos na Turquia: mais de mil pessoas foram detidas após a prisão do prefeito de Istambul, Ekrem Imamoglu, principal opositor de Erdogan (AFP)

Publicado em 24 de março de 2025 às 11h44.

Última atualização em 24 de março de 2025 às 12h26.

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A Turquia vive sua maior onda de protestos em mais de uma década após a prisão de Ekrem Imamoglu, prefeito de Istambul e principal rival político do presidente Recep Tayyip Erdogan. Desde a detenção de Imamoglu na quarta-feira, 19, foram presas mais de 1,1 mil pessoas em manifestações que atingiram 55 das 81 províncias do país, segundo o Ministério do Interior. Entre os detidos estão jornalistas e advogados que atuavam na cobertura ou defesa dos manifestantes.

A prisão de Imamoglu, de 53 anos, ocorre no momento em que ele foi escolhido como candidato à Presidência pelo Partido Republicano do Povo (CHP), recebendo 15 milhões de votos internos. Ele era visto como o único nome viável da oposição para enfrentar Erdogan nas urnas em 2028.

Imamoglu foi acusado de corrupção, perdeu o cargo no domingo e passou a primeira noite na prisão de Silivri, região metropolitana de Istambul. Em mensagem enviada por seus advogados, classificou o processo como uma “execução política sem julgamento” e declarou: “Vencerei esta guerra!”.

Repressão e bloqueios em redes sociais

Segundo o governador de Istambul, Davut Gul, os manifestantes teriam danificado “mesquitas e cemitérios” (AFP)

O Ministério do Interior informou a prisão de 1.133 pessoas por “atividades ilegais”. Segundo o governador de Istambul, Davut Gul, os manifestantes teriam danificado “mesquitas e cemitérios”. Ele afirmou que “nenhuma tentativa de perturbar a ordem pública será tolerada”.

A Ordem dos Advogados de Esmirna confirmou a detenção de dois advogados, incluindo seu ex-presidente, por defenderem manifestantes.

As autoridades também atuam para restringir a disseminação das manifestações nas redes. A plataforma X (antigo Twitter) informou que o governo turco tentou bloquear mais de 700 contas de jornalistas, veículos de mídia, estudantes e ativistas. “Nos opomos às ordens judiciais da Autoridade Turca de Tecnologias da Informação e Comunicação”, declarou a empresa em nota.

A repressão foi criticada publicamente por Dilek Kaya Imamoglu, esposa do prefeito detido. “O que está sendo feito contra membros da imprensa é uma questão de liberdade. Nenhum de nós pode permanecer em silêncio diante disso”, escreveu na plataforma X.

Imamoglu foi eleito prefeito de Istambul em 2019, encerrando 25 anos de domínio do partido de Erdogan na maior cidade do país. Seu cargo é considerado estratégico — o próprio Erdogan começou sua carreira política no mesmo posto.

*Com o Globo e AFP.

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