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Turquia pede mobilização islâmica contra Holanda e Alemanha

O presidente turco disse que considera a Europa "um continente importante demais para ser abandonado à mercê dos Estados canalhas"

Erdogan: "Continuaremos com os passos que demos ontem. Intensificaremos a luta contra a xenofobia, o racismo e a hostilidade ao islã" (foto/Reuters)

Erdogan: "Continuaremos com os passos que demos ontem. Intensificaremos a luta contra a xenofobia, o racismo e a hostilidade ao islã" (foto/Reuters)

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EFE

Publicado em 14 de março de 2017 às 21h11.

Última atualização em 14 de março de 2017 às 21h12.

Istambul - A Turquia elevou nesta terça-feira o tom das críticas a Holanda e Alemanha, pedindo aos muçulmanos residentes nesses países para que não votem nos partidos do governo e prometendo combater o "fascismo" na Europa.

Assim propôs o presidente turco, o islamita Recep Tayyip Erdogan, ao considerar a Europa "um continente importante demais para ser abandonado à mercê dos Estados canalhas".

Erdogan pediu que os países mostrem mais sensibilidade e mais decisão frente a esta atitude durante um discurso no palácio presidencial em Ancara, transmitido ao vivo pela emissora "NTV".

"Continuaremos com os passos que demos ontem. Intensificaremos a luta contra a xenofobia, o racismo e a hostilidade ao islã, começando com a Organização da Cooperação Islâmica. Faço um pedido a Holanda e Alemanha, a todos os irmãos estrangeiros muçulmanos que estão lá: 'quando forem votar, esses dois (governos), que abrigam inimizade em relação à Turquia, não votem neles!" pediu Erdogan.

No mesmo discurso, o governante voltou a criticar duramente a atitude da Holanda por reter, no sábado passado, a ministra de Família e Assuntos Sociais turca, Fatma Betül Sayan, que viajou a Roterdã para um comício, mas foi expulsa do país, o que Ancara considera uma violação da Convenção de Viena.

Após acusações de "fascismo" e "nazismo", Erdogan falou de "terrorismo de Estado" e lembrou o massacre de Srebrenica na antiga Iugoslávia, onde em 1995 as tropas holandesas sob mandato da ONU não impediram um massacre de bósnios a mãos de milícias sérvias.

"Conhecemos a Holanda e os holandeses desde o massacre de Srebrenica. Conhecemos seu caráter, sua personalidade tão perversa desde que masacraram oito mil bósnios. Sabemos bem. O terrorismo de Estado da Holanda causa o maior dano à Europa e à UE. A UE deixou de ser um símbolo da justiça, das liberdades e dos direitos humanos", acrescentou.

Na segunda-feira, Erdogan acusou a Alemanha e a chanceler Angela Merkel de "apoiarem o terrorismo de forma aberta" por "assumirem uma posição pela Holanda", e hoje continuou com as críticas.

"Agora sai a chanceler alemã e diz: 'Estou com a Holanda'. Já sabíamos que não havia diferença. Não esperávamos outra coisa. Eles atacam com cavalos e cachorros, e o senhor também ataca com cavalos e cachorros", disse Erdogan.

A tensão foi originada nas últimas semanas, devido às excursões de vários altos cargos turcos que tentaram viajar para países europeus para pedir aos cidadãos turcos residentes no exterior votos a favor da reforma constitucional que irá a consulta popular no dia 16 de abril.

Esta reforma, idealizada por Erdogan e impulsionada pelo partido governamental, o islamita Justiça e Desenvolvimento (AKP), prevê entregar todo o poder Executivo ao presidente e eliminar o cargo de primeiro-ministro, algo duramente criticado pela oposição.

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