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Turquia exige que Hollande explique encontro com curda morta

"Como você pode rotineiramente se encontrar com membros de uma organização classificada como terrorista pela União Europeia", pergunta Erdogan


	Recep Tayyip Erdogan, premiê turco, disse que Turquia buscará medidas legais sobre o assunto
 (Adem Altan/AFP)

Recep Tayyip Erdogan, premiê turco, disse que Turquia buscará medidas legais sobre o assunto (Adem Altan/AFP)

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Da Redação

Publicado em 12 de janeiro de 2013 às 11h13.

Istambul - O primeiro-ministro turco, Tayyip Erdogan, exigiu neste sábado que o presidente francês, François Hollande, explique por que ele se encontrou com uma das três militantes curdas mortas em Paris nesta semana.

As mortes por execução em um instituto no centro de Paris, na quinta-feira, lançou dúvidas sobre uma nova iniciativa do governo de Erdogan de lançar um processo de paz e acabar com 28 anos de insurgência pelo Partido dos Trabalhadores Curdos, que já custou mais de 40 mil vidas.

Hollande disse a repórteres que ele e outros políticos conheciam uma das três mulheres, que tinham laços com o partido.

"Como você pode rotineiramente se encontrar com membros de uma organização classificada como terrorista pela União Europeia e procuradas pela Interpol? Que tipo de política é essa?", afirmou Erdogan em discurso a um grupo empresarial, transmitido ao vivo pela CNN turca.

"O presidente francês deve esclarecer imediatamente ao público por que ele se encontrou com membros dessa organização terrorista, o que foi discutido, com qual finalidade ele estava se comunicando com essas terroristas", disse Erdogan, acrescentando que a Turquia buscará medidas legais sobre o assunto.

Entre as mortas estava Sakine Cansiz, uma das fundadoras do partido, muito conhecida dos nacionalistas curdos e que acreditava-se ser uma importante financiadora europeia do grupo, que tem o norte do Iraque como sede.

Em conversa com repórteres na quinta-feira, Hollande disse que uma das mulheres "era minha conhecida e de muitos políticos, porque ela vinha se encontrar conosco regularmente".


Erdogan disse que as mortes podem ser resultado da briga interna no partido ou uma tentativa de acabar com os esforços turcos para encerrar o conflito, que tem complicações para Síria, Irã e Iraque, todos países com minorias curdas.

"As mortes em Paris podem ter sido uma tentativa de sabotar essa iniciativa. Também podem ser acerto de contas entre as camadas do grupo terrorista separatista", afirmou.

Ele rejeitou acusações feitas por rebeldes e ativistas curdos de que membros do Estado turco estavam por trás das mortes, e exigiu que as autoridades francesas prendam as pessoas que estão por trás do ataque e finalmente esclareçam o incidente.

Investigadores franceses não forneceram indicações imediatas de quem pode ser o responsável pelas mortes. Erdogan prometeu levar adiante os esforços para encerrar o conflito.

Desde que o partido de Erdogan chegou ao poder, em 2002, ele expandiu os direitos políticos e culturais para os cerca de 15 milhões de curdos no país, para criar a base que encerraria uma guerra que atrapalhou o progresso econômico e democrático da nação.

Mas políticos e ativistas curdos também acusam Erdogan de aumentar as tensões com prisões e julgamentos de milhares de jornalistas, advogados e outros cidadãos curdos que têm buscado uma solução pacífica para o conflito.

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