terremoto turquia síria siria (KADIR DEMIR, BULENT KILIC/AFP)
AFP
Publicado em 7 de fevereiro de 2023 às 06h45.
Em um cenário de frio e devastação, as equipes de resgate na Turquia e no norte da Síria prosseguiam com os trabalhos nesta terça-feira, 7, à espera da ajuda internacional, após a série de terremotos que matou quase 4.900 pessoas.
O número de vítimas fatais subiu para 3.381 na Turquia, de acordo com o balanço atualizado pela Autoridade de Gestão de Desastres e Emergências (AFAD).
Na Síria, o terremoto provocou 1.509 mortes e deixou 3.548 feridos, segundo os dados divulgados pelo governo e pelos socorristas nas zonas rebeldes.
Em vários momentos sem ferramentas, os bombeiros prosseguiram com a dramática busca por sobreviventes durante a noite, desafiando o frio, a chuva ou a neve, assim como o risco de novos desabamentos.
Em Hatay, sul da Turquia, as equipes de emergência resgataram com vida uma menina de 7 anos que estava bloqueada sob uma montanha de escombros.
"Onde está minha mãe?", perguntou a criança, com um pijama de cor rosa manchado pela poeira, no colo de um socorrista.
As condições meteorológicas na região de Anatolia dificultam os trabalhos de resgate e prejudicam as perspectivas dos sobreviventes, que se aquecem em tendas ou em fogueiras improvisadas.
A ajuda internacional para a Turquia deve começar a chegar nesta terça-feira, com as primeiras equipes de socorristas procedentes da França e Catar.
O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, prometeu ao colega turco Recep Tayyip Erdogan "toda a ajuda necessária".
A equipe francesa deve seguir para Kahramanmaras, epicentro do terremoto, uma região de acesso difícil e que sofre com a neve.
Duas equipes americanas com 79 socorristas cada devem seguir para a região, informou a Casa Branca.
A China anunciou o envio de uma ajuda de 6,9 milhões de dólares, que incluirá equipes especializadas em resgates em áreas urbanas, equipamentos médicos e material de emergência.
Erdogan anunciou que 45 países ofereceram ajuda.
O pedido de ajuda do governo da Síria recebeu resposta da aliada Rússia, que prometeu enviar equipes de emergência nas próximas horas. E 300 militares russos que já estavam na região ajudam nos resgates.
A ONU afirmou que a ajuda deve chegar "a todos os sírios em todo o território", incluindo a parte que não está sob controle do governo.
Aproveitando o caos provocado pelos tremores, 20 supostos combatentes do grupo extremista Estado Islâmico (EI) fugiram de uma prisão militar em Rajo, controlada por rebeldes pró-Turquia.
Os balanços de vítimas dos dois lados da fronteira não param de aumentar e, levando em consideração a magnitude da destruição, a tendência deve persistir.
Apenas na Turquia, as autoridades contabilizaram quase 5.000 imóveis desabados.
Além disso, a queda da temperatura representa um risco adicional de hipotermia para os feridos e as pessoas bloqueadas nos escombros.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) afirmou que teme por números ainda piores e um balanço de vítimas "oito vezes mais elevado".
Na segunda-feira foram registrados pelo menos 185 tremores secundários, além dos dois terremotos principais: um de 7,8 graus durante a madrugada (4H17) e outro de 7,5 graus de magnitude ao meio-dia.
Os tremores secundários prosseguiram durante a madrugada de terça-feira. O mais forte, de magnitude 5,5, aconteceu às 6H13 (0H13 de Brasília) a nove quilômetros de Gölbasi (sul).
As autoridades adaptaram ginásios, escolas e mesquitas para abrigar os sobreviventes. Mas com medo de novos terremotos, muitos moradores preferiram passar a noite ao relento.
"Todo mundo está com medo", disse Mustafa Koyuncu, um homem de 55 anos que passou a noite com a esposa e os cinco filhos no carro da família em Sanliurfa (sudeste da Turquia).
Este foi o terremoto mais devastador na Turquia desde o tremor de 17 de agosto de 1999, que matou 17.000 pessoas, incluindo mil em Istambul.
O presidente turco decretou luto nacional de sete dias e o fechamento das escolas durante uma semana.