Ahmet Davutoglu: "se a agenda do G20 for limitada somente a questões financeiras, o G20 não pode funcionar, não pode ter legitimidade internacional" (Umit Bektas/Reuters)
Da Redação
Publicado em 14 de novembro de 2014 às 08h56.
Brisbane - O primeiro-ministro turco, Ahmet Davutoglu, pediu nesta sexta-feira por um fórum do G20 mais inclusivo e afirmou que vai dar a países com produção menor uma voz mais forte a partir de 2015, quando a Turquia assume a presidência do grupo.
Davutoglu também indicou que a Turquia vai expandir o papel do G20 para além da cooperação e decisão sobre assuntos econômicos para incluir questões como a crise de refugiados no leste da Europa, o surto de Ebola na África e o terrorismo no Oriente Médio.
"Durante nossa presidência queremos ser a voz de todos", disse Davutoglu em uma entrevista coletiva em Brisbane, onde participará da cúpula do G20 durante o fim de semana.
A agenda mais inclusiva da Turquia contrasta com aquela do atual país-sede, a Austrália, que tem tentado impor um foco restrito ao grupo, com uma proposta de aumentar o crescimento da economia global em 2 por cento extras pelos próximos cinco anos, até 2017.
Davutoglu disse que a Turquia iria continuar a pressionar por esse objetivo econômico, mas ressaltou a importância de se discutirem também questões geopolíticas na reunião do grupo. "Se a agenda do G20 for limitada somente a questões financeiras, o G20 não pode funcionar, não pode ter legitimidade internacional", disse.
Davutoglu também discordou da Austrália, atual presidente do grupo, sobre a questão das mudanças climáticas, dizendo ser imperativo que haja um acordo sobre uma meta sob mandato da ONU para conter as emissões de carbono. A Austrália tem tentado manter o tema das mudanças climáticas fora da agenda do G20.
Ancara assume a presidência do G20 em dezembro, num momento em que suas relações com Washington e Europa estão tensas por causa da relutância turca em assumir um papel mais central na luta contra o grupo Estado Islâmico na Síria e Iraque.