Hagia Sophia: presidente Tayyip Erdogan converteu o museu em uma mesquita (Umit Bektas/Reuters)
Reuters
Publicado em 13 de julho de 2020 às 21h50.
Os mosaicos de Hagia Sophia, em Istambul, serão cobertos por cortinas ou lasers durante os momentos de orações dos muçulmanos, disse o porta-voz do partido governista turco AK nesta segunda-feira depois que o presidente Tayyip Erdogan converteu o museu em uma mesquita.
Os ícones cristão serão descobertos e abertos a todos os visitantes o restante do tempo, e a entrada será gratuita, informou Omer Celik.
Não ficou claro de imediato como os lasers funcionariam. Na sexta-feira, uma corte da Turquia determinou que a conversão do edifício em um museu em 1934 foi ilegal.
Declarando-o uma mesquita, Erdogan disse que as primeiras orações ocorrerão ali dentro de duas semanas.
A medida provocou preocupação e críticas internacionais, incluindo de Grécia, Estados Unidos e Rússia, além da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) e do papa Francisco, que se disse magoado com a decisão.
Celik disse em uma coletiva de imprensa em Ancara que o maior desrespeito contra Hagia Sophia em toda a história foi cometido pelo papado.
Ele disse que os cristãos ortodoxos e Hagia Sophia sofreram durante anos com uma "invasão latina" liderada pelo papado no século 13, quando cruzados pilharam a catedral.
A Grécia repudiou a decisão na sexta-feira, dizendo que ela repercutirá nas relações entre os dois países e nos laços da Turquia com a União Europeia. O Departamento de Estado dos EUA se disse "decepcionado" com a ação.
O líder do partido italiano de extrema-direita Liga, Matteo Salvini, comandou uma manifestação diante do consulado turco em Milão para protestar contra a decisão.
"Eu interromperia qualquer tipo de ajuda financeira ao regime turco e acabaria de uma vez por todas com qualquer hipótese de a Turquia entrar na União Europeia, porque demos mais de 10 bilhões de euros a um regime que transforma igrejas em mesquitas, e acho que passaram do limite", disse Salvini.
Ainda na sexta-feira, a Unesco disse que revisará o status de Patrimônio da Humanidade do monumento após o anúncio de Erdogan.