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Turquia ataca Síria em represália, mas diz não querer guerra

Damasco imediatamente enviou um pedido de desculpas a Ancara pelo fato de vários morteiros disparados por suas forças terem caído em território turco

Soldados turcos assumem suas posições na fronteira com a Síria na cidade de Akçakale (©AFP / Bulent Kilic)

Soldados turcos assumem suas posições na fronteira com a Síria na cidade de Akçakale (©AFP / Bulent Kilic)

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Da Redação

Publicado em 4 de outubro de 2012 às 15h51.

Akçakale - A Turquia bombardeou por algum tempo nesta quinta-feira o território da Síria em resposta ao lançamento de vários morteiros contra a cidade fronteiriça de Akçakale, que matou cinco pessoas, e recebeu autorização do Parlamento para responder aos ataques, mas assegurou que não deseja a guerra.

Damasco imediatamente enviou um pedido de desculpas a Ancara pelo fato de vários morteiros disparados por suas forças terem caído em território turco.

O Exército turco retomou ao amanhecer os disparos de artilharia em território sírio, um dia depois de ter executado os primeiros ataques que atingiram os arredores do posto de fronteira sírio de Tall al-Abyad, perto de Akçakale, em represália pelo impacto de morteiros sírios contra esta localidade turca.

Segundo o Observatório Sírio dos Direitos Humanos (OSDH), a resposta militar turca, que teve como alvo uma posição do Exército leal ao presidente Bashar al-Assad na região de Rasm al-Ghazal, perto de Tall al-Abyad, matou vários soldados sírios.

Decidido a não deixar o ataque sírio impune, o governo turco pediu ao Parlamento autorização formal para desenvolver operações militares em território sírio em nome da "segurança nacional".

A Constituição turca prevê que qualquer operação militar externa deve ser autorizada previamente pelo Parlamento.

O Parlamento da Turquia adotou uma moção do governo autorizando as Forças Armadas a conduzir, se necessário, operações na Síria depois de um grave incidente de fronteira que custou a vida de cinco civis turcos, informou a imprensa local.

O texto da moção foi adotado com o voto favorável de 320 legisladores, contra 129 contrários.


Nesse meio tempo, o governo da Síria admitiu para as autoridades da Turquia que vários morteiros disparados por suas forças caíram em território turco e pediu desculpas pelo ocorrido, informou o vice-primeiro-ministro turco, Besir Atalay.

"A parte síria admitiu o que fez e pediu desculpas, afirmou o dirigente à imprensa, acrescentando que o governo sírio assegurou às autoridades turcas que "um incidente deste tipo não se repetirá".

Neste contexto, Atalay insistiu que a aprovação pelo Parlamento "não é uma moção para a guerra".

"A Turquia não busca a guerra, mas é perfeitamente capaz de defender-se contra qualquer ataque que ameace sua soberania", declarou Ömer Celik, um dos vice-presidentes do Partido da Justiça e do Desenvolvimento (AKP).

Na quarta-feira à noite, o primeiro-ministro turco, Recep Tayyip Erdogan, já havia manifestado a determinação de responder ao bombardeio.

"A Turquia nunca deixará impunes tais provocações do regime sírio, que ameaçam nossa segurança nacional, respeitando o direito internacional e suas regras de intervenção", disse Erdogan.

O incidente de Akçakale foi condenado pelos Estados Unidos e pela Otan, que expressaram solidariedade a Ancara, um dos 28 países membros da Aliança Atlântica.

Na quarta-feira, o Conselho da Otan se reuniu em caráter de emergência em Bruxelas para exigir que a Síria interrompa as violações flagrantes do direito internacional.


O secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, declarou estar "preocupado com a escalada de tensões na fronteira sírio-turca" e pediu a todas as partes envolvidos a máxima moderação, segundo seu porta-voz Martin Nesirky.

Os 15 membros do Conselho de Segurança da ONU devem publicar nesta quinta-feira uma declaração condenando os disparos sírios e pedindo a Damasco que respeite o território de seus vizinhos.

Esta declaração devia ser ratificada na noite de quarta-feira, mas no último momento, a Rússia, aliada do regime sírio, solicitou o adiamento e nesta quinta ainda continuava bloqueada. O ministro russo das Relações Exteriores, Serguei Lavrov, pediu, no entanto, que Damasco reconhecesse que o bombardeio na Turquia era "um incidente trágico".

Outro aliado do regime sírio, Irã, pediu moderação e que o incidente seja investigado.

O ministro sírio da Informação, Omran Zoabi, comunicou o início de uma investigação sobre a origem dos bombardeios e apresentou os pêsames de seu país à Turquia.

Na Síria, os combates entre rebeldes e tropas do regime pelo controle da cidade de Aleppo (norte), batalha iniciada no final de julho, prosseguiam nesta quinta-feira.

Por fim, em Qudsaya, subúrbio do oeste de Damasco, 21 membros da força de elite da Guarda Republicana morreram em uma explosão seguida de tiroteio.

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