Combatentes peshmerga enfrentam militantes do Estado Islâmico: o governo considera o PYD “irmão” do Partido dos Trabalhadores do Curdistão (PKK), que em 1984 iniciou rebelião armada na Turquia (JM Lopez/AFP)
Da Redação
Publicado em 14 de outubro de 2015 às 09h23.
A Turquia convocou nessa terça-feira (13) os embaixadores dos Estados Unidos e da Rússia para alertar contra qualquer ajuda aos combatentes curdos da Síria no âmbito de suas operações militares, informou hoje (14) fonte oficial turca.
As autoridades “informaram [aos embaixadores] a posição da Turquia em relação ao Partido da União Democrática [PYD, curdos da Síria]”, disse à agência France Press um representante do Ministério dos Negócios Estrangeiros, acrescentando que foram feitas as advertências necessárias.
O governo considera o PYD “irmão” do Partido dos Trabalhadores do Curdistão (PKK), que em 1984 iniciou rebelião armada em áreas do Sudeste da Turquia com maioria de população curda, em resposta à repressão das autoridades de Ancara.
“A Turquia não pode tolerar qualquer cooperação com organizações terroristas que lhe fazem guerra”, declarou à imprensa o primeiro-ministro islamita conservador Ahmet Davutoglu.
As milícias do PYD, apoiadas por combatentes do PKK e com o apoio aéreo dos Estados Unidos, derrotaram os jihadistas em janeiro na emblemática cidade síria curda de Kobane. Em junho, os expulsaram de Tall Abyad, na fronteira turca.
A Rússia entrou no conflito sírio, em apoio ao regime do presidente Bashar Al Assad e assegurou que suas operações aéreas, à semelhança da coligação ocidental, têm como alvo o grupo Estado Islâmico.
Nos últimos dias, no entanto, os russos multiplicaram os ataques contra diversos movimentos rebeldes que combatem Damasco, incluindo o Estado Islâmico.
Na semana passada, o enviado especial do presidente russo Vladimir Putin para o Oriente Médio, Mikhail Bogdanov, reuniu-se com o chefe do PDY Salih Muslim para discutir a cooperação no combate às forças jihadistas.
Davutoglu lembrou as “ligações orgânicas” que unem o PYD e o PKK, considerado organização terrorista por Ancara, Washington e a União Europeia.
“À semelhança dos Estados Unidos e de outros países aliados que combatem os grupos filiados à Al Qaeda, a Turquia está determinada a combater o PKK e as suas filiais. Tal como os Estados Unidos e seus aliados não toleram a entrega de armas à Al Qaeda e suas filiais, a Turquia não tolera as destinadas ao PKK”, afirmou o chefe do governo turco.