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Turquia acusa militantes curdos por atentado em Ancara

O ataque é o mais recente dos vários atentados que atingiram o país, membro da Otan, desde meados do ano passado


	Explosão atinge Ancara: o ataque é o mais recente dos vários atentados que atingiram o país, membro da Otan, desde meados do ano passado
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Explosão atinge Ancara: o ataque é o mais recente dos vários atentados que atingiram o país, membro da Otan, desde meados do ano passado (Reuters)

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Da Redação

Publicado em 18 de fevereiro de 2016 às 08h47.

A Turquia acusou nesta quinta-feira os curdos pelo atentado com carro-bomba contra um comboio militar que deixou 28 mortos nesta quarta-feira em Ancara, em um clima de grande tensão a respeito da guerra na vizinha Síria.

O ataque é o mais recente dos vários atentados que atingiram o país, membro da Otan, desde meados do ano passado.

Outro ataque executado nesta quinta-feira e atribuído ao Partido dos Trabalhadores do Curdistão (PKK) matou pelo menos seis soldados turcos no momento em que viajavam em um comboio pela região de Diyarbakir, sudeste do país.

Menos de 24 horas depois do atentado em Ancara, o primeiro-ministro turco Ahmet Davutoglu afirmou que foi planejado pelo PKK e milícias curdas da Síria, e executado por um sírio de 23 anos. Os curdos negaram as acusações.

"Este ataque terrorista foi cometido por elementos da organização terrorista (PKK) na Turquia e um miliciano das YPG (Unidades de Proteção Popular, milícias curdas da Síria)", disse Davutoglu à imprensa.

O premier também anunciou que a polícia realizou nove detenções como parte da investigação.

"O nome do autor do atentado é Salih Necar. Nasceu em 1992 na cidade de Amuda, ao norte da Síria. A organização terrorista (PKK, ndr) e as YPG cometeram em conjunto este ataque", afirmou o chefe de Governo.

Davutoglu prometeu que os culpados "pagarão um preço" e anunciou que a Turquia adotará todas as medidas na fronteira para garantir sua defesa.

Horas depois do atentado em Ancara, a aviação turca bombardeou bases rebeldes do PKK no Iraque. Davutoglu disse que entre 60 e 70 combatentes morreram nos bombardeios.

Paralelamente, desde sábado, a artilharia turca bombardeia diariamente as posições no norte da Síria das YPG, que aproveitaram a ofensiva das forças do regime de Damasco na província de Aleppo (norte) para assumir o controle de novos territórios próximos da fronteira turca.

A Turquia considera tanto o PKK como as YPG grupos terroristas, ao contrário do governo dos Estados Unidos, que considera terrorista apenas o PKK, mas trabalha ao lado das YPG na luta contra os jihadistas na Síria.

Curdos negam acusação

O PKK negou, por meio de um de seus dirigentes, Cemil Bayik, estar por trás do atentado que atingiu o coração da capital turca na quarta-feira.

"Não sabemos quem cometeu, mas pode ter sido uma resposta às matanças da Turquia no Curdistão", disse o líder do PKK, citado pela agência pró-curda Firat.

O líder do principal partido curdo da Síria, o Partido de União Democrática (PYD), Saleh Muslim, também negou à AFP "qualquer envolvimento" no atentado de Ancara.

"Desmentimos qualquer envolvimento no ataque. Estas acusações da Turquia estão claramente vinculadas com uma tentativa de intervir na Síria", disse.

A Turquia teme que os curdos sírios criem uma zona autônoma no norte da Síria, perto de sua fronteira, similar a dos curdos do Iraque.

O país vive em estado de alerta permanente há vários meses, quando começaram os atentados atribuídos pelo governo ao grupo jihadista Estado Islâmico (EI).

O mais grave foi o ataque de 10 de outubro durante uma passeata pela paz em Ancara, que matou 103 pessoas e deixo 500 feridos. Em 16 de janeiro, 10 turistas alemães morreram em um ataque, atribuído ao EI, em um bairro turístico de Istambul.

Além disso, desde o ano passado, o país se viu afetado pela retomada do conflito curdo. As forças de segurança e os ativistas do PKK se enfrentam diariamente no sudeste do país, de maioria curda.

O reinício dos confrontos e os atentados atribuídos ao PKK após mais de dois anos de trégua acabaram com os diálogos de paz iniciados em 2012 para buscar uma solução ao conflito curdo, que provocou mais de 40.000 mortes desde 1984.

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