Curda participa dos festejos do Dia Internacional de Mulher, em Istambul (AFP)
Da Redação
Publicado em 10 de março de 2011 às 19h35.
Ancara - Na Turquia, país muçulmano laico que aspira a ingressar na União Europeia, 187.000 mulheres dividem o marido com uma segunda esposa através do casamento religioso, mesmo a poligamia sendo considerada ilegal, revela um relatório.
Esta prática ocorre especialmente no sudeste do país, área pobre e com tradições feudais, povoada em sua maioria por curdos, mas também no oeste industrializado, destacou um estudo de dois demógrafos turcos da Universidade de Hacettepe.
O informe foi apresentado na semana passada a uma comissão parlamentar sobre a igualdade de possibilidades para homens e mulheres.
A maioria dos homens toma uma segunda esposa quando a primeira não pode ter filhos ou se a primeira não tiver tido filho homem, destacou o estudo.
Mais de sete milhões de mulheres, de uma população de 73 milhões de habitantes, teriam se casado por decisão dos pais, ou seja, através de um um casamento arranjado, e cerca de 5,5 milhões de mulheres se casaram antes da idade legal, que é de 18 anos, acrescentou o estudo.
Quatrocentas e cinquenta mil mulheres, a maioria no sudeste asiático, estão unidas aos seus maridos por meio de um casamento religioso, a princípio proibido na falta de um casamento civil, e não têm os direitos conferidos a uma esposa legítima.
A Turquia multiplicou as reformas a favor das mulheres para reforçar suas chances de aderir um dia à UE.
Mas na prática e na cultura ainda resta muito a fazer para reduzir as discriminações de que são vítimas as mulheres, segundo as organizações feministas.