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Turcos votam com Erdogan favorito e oposição determinada a pará-lo

Em 15 anos de governo, Erdogan se impôs como o mais poderoso líder turco da atualidade, mas também é acusado de autoritarismo; eleições ocorrem hoje.

TURQUIA: presidente Erdogan concorre à reeleição, neste domingo e encara oposição mais unida / REUTERS | Goran Tomasevic (Goran Tomasevic/Reuters)

TURQUIA: presidente Erdogan concorre à reeleição, neste domingo e encara oposição mais unida / REUTERS | Goran Tomasevic (Goran Tomasevic/Reuters)

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AFP

Publicado em 24 de junho de 2018 às 09h54.

Última atualização em 24 de junho de 2018 às 09h55.

A Turquia vota neste domingo (24) em eleições presidenciais e legislativas de alto risco para o chefe de Estado Recep Tayyip Erdogan, que enfrenta ventos econômicos adversos e uma oposição determinada a frear sua busca por mais poder.

Em 15 anos de governo, Erdogan se impôs como o mais poderoso líder turco desde o fundador da República, Mustafa Kemal. Transformou a Turquia por meio de megaprojetos de infraestrutura e liberou a expressão religiosa, tornando Ancara um importante ator regional.

Mas seus críticos acusam o "rais" de 64 anos de autoritarismo, especialmente desde a tentativa de golpe de julho de 2016, seguida de grandes expurgos que atingiram os mais diversos setores da sociedade, incluindo opositores e jornalistas, e que causaram preocupação na Europa.

Espera-se que mais de 56 milhões de eleitores votem até às 14h00 GMT (11h00 de Brasília) nestas eleições que marcam a transição do atual sistema parlamentar para um regime presidencial com poderes reforçados por Erdogan.

Após votar em Istambul, Erdogan defendeu esta mudança, que ele classificou de "revolução democrática", enquanto seus partidários gritavam seu nome em frente ao colégio eleitoral.

Ele também indicou que as eleições corriam "sem problemas graves", mas a oposição já denunciou uma série de tentativas de fraudes.

Confiante, o chefe de Estado convocou essas eleições durante o estado de emergência e mais de um ano antes da data prevista. Mas foi surpreendido pelo agravamento da situação econômica e por uma oposição unida.

Vendo nessas eleições sua última chance de deter Erdogan em sua busca por um poder incontestável, partidos tão diferentes quanto o CHP (social-democrata), o Iyi (nacionalista) e o Saadet (islamita) formaram um aliança sem precedentes para as legislativas, com o apoio do HDP (pró-curdo).

O candidato presidencial do CHP, Muharrem Ince, um deputado tenaz, emergiu como o principal rival de Erdogan para a eleição presidencial, atraindo multidões em todo o país e despertando uma oposição atordoada por suas sucessivas derrotas.

"A cada eleição, tenho esperança. Mas este ano acredito muito mais", declarou à AFP Hulya Ozdemiral em frente a uma assembleia de voto em Istambul.

Maioria parlamentar em jogo

Ainda que Erdogan continue sendo o favorito, não há garantias de que alcance os mais de 50% dos votos necessários para evitar um segundo turno, que aconteceria em 8 de julho.

Acima de tudo, os observadores não excluem a possibilidade de a aliança opositora privar o AKP de sua maioria parlamentar, o que mergulharia a Turquia no desconhecido, já que enfrenta uma situação econômica delicada.

Durante a campanha, Erdogan apareceu na defensiva, prometendo, por exemplo, levantar rapidamente o estado de emergência ou acelerar o retorno dos refugiados sírios ao seu país, mas somente depois que Ince prometeu o mesmo.

Este último conduziu uma campanha enérgica, prometendo reverter a transição para um regime presidencial que entrará em vigor após as eleições, depois de um controverso referendo constitucional organizado pelo presidente em abril de 2017.

Para Erdogan, essa reforma, que elimina o cargo de primeiro-ministro e permite que o presidente governe por decreto, é necessária para dotar o país de um executivo forte e estável. Mas seus oponentes o acusam de querer monopolizar o poder.

Voto curdo crucial

A campanha foi marcada por uma cobertura da mídia muito injusta em favor do presidente turco, cujos discursos foram transmitidos pela televisão.

O candidato do partido pró-curdo HDP, Selahattin Demirtas, foi forçado a fazer campanha a partir de uma cela: acusado de atividades "terroristas", ele está preso desde 2016.

"Tenho certeza que o resultado será ótimo", escreveu ele no Twitter depois de votar da prisão.

Um dos fatores determinantes dessas eleições será justamente a participação do eleitorado curdo.

Se o HDP ultrapassar os 10% dos votos necessários para entrar na Assembleia, o AKP poderá perder a maioria parlamentar. Mas se não conseguir ultrapassar esse limite, o AKP colherá, por redistribuição, a maioria de seus votos.

Temendo fraudes, especialmente no sudeste, dominado pelos curdos, opositores e ONGs mobilizaram centenas de milhares de observadores para monitorar as urnas.

O CHP denunciou irregularidades na província de Sanliurfa (sudeste), citado tentativas de encher as urnas de votos.

Depois de votar em seu reduto de Yalova (noroeste), Ince disse que iria a Ancara para esperar pelos resultados em frente à sede da alta autoridade eleitoral.

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