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Turco acusa Israel de tirania, compara parlamentar a Hitler

Primeiro-ministro turco, Tayyip Erdogan, acusou Israel de "aterrorizar a região" com o bombardeio de Gaza


	Bombardeio em Gaza: ao menos 184 palestinos foram mortos desde que operações do Exército israelense começaram
 (Jack Guez/AFP)

Bombardeio em Gaza: ao menos 184 palestinos foram mortos desde que operações do Exército israelense começaram (Jack Guez/AFP)

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Da Redação

Publicado em 15 de julho de 2014 às 14h12.

Ancara - O primeiro-ministro turco, Tayyip Erdogan, acusou Israel de "aterrorizar a região" com o bombardeio de Gaza e comparou uma parlamentar israelense a Hitler, em ataques que devem dificultar ainda mais as relações frágeis entre os dois países.

Israel retomou os ataques a Gaza na terça-feira, seis horas após um cessar-fogo proposto pelo Egito não conseguir deter o lançamento de foguetes por militantes palestinos em território israelense.

Ao menos 184 palestinos, muitos deles civis, foram mortos desde que as operações do Exército israelense começaram há uma semana.

"Com desprezo pelas leis internacionais, Israel continua a aterrorizar a região, e nenhum país além de nós pede para que eles parem", disse Erdogan aos membros e seu partido AK em um discurso no Parlamento na terça-feira.

"Nenhuma tirania é eterna, mais cedo ou mais tarde todos os tiranos têm de pagar o preço ... Essa tirania vai ter consequências", acrescentou.

Suas palavras levaram a clamores “a Turquia se orgulha de você” por seus partidários.

A Turquia já foi aliada estratégica mais próxima a Israel na região, mas Erdogan tem sido cada vez mais severo em sua crítica sobre o tratamento de Israel aos palestinos nos últimos anos.

A retórica agrada sua base eleitoral muçulmana sunita, em grande parte conservadora, particularmente no momento em que ele faz campanha para se tornar o primeiro presidente eleito diretamente da Turquia em 10 de agosto.

Erdogan também criticou uma parlamentar israelense, aparentemente Ayelet Shaked, do partido ultranacionalista Yisrael Beiteinu (Israel é Nosso Lar).

"Uma mulher israelense disse que as mães palestinas deveriam ser mortas também. E ela é membro do parlamento israelense. Qual é a diferença entre esta mentalidade e a de Hitler", afirmou.

A mídia pró-palestinos na semana passada acusou Shaked de incitação à violência depois que ela postou no Facebook um trecho do texto de um jornalista israelense dizendo que "mães dos mártires" também deve ser mortas, referindo-se às mães de homens-bomba palestinos.

"Elas deveriam seguir os passos de seus filhos. Não há nada mais justo do que isso. Elas precisam ir ... Caso contrário, elas vão criar mais pequenas víboras", afirmava o texto.

Na terça-feira, a porta-voz de Shaked confirmou a publicação, mas negou que ela estivesse incitando a violência.

As declarações de Erdogan devem complicar ainda mais as relações entre os dois países, desde o incidente em 2010, quando comandos israelenses invadiram o navio turco Mavi Marmara, que fazia parte de uma frota de ajuda que desafiava o bloqueio naval do Estado judeu na Faixa de Gaza. Dez pessoas foram mortas na ocasião.

Os esforços para reparar as relações têm se intensificado nos últimos meses depois de o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, pedir desculpas pelo ataque e prometer pagar uma indenização, como parte de uma reaproximação mediada pelos Estados Unidos. No início deste ano, Erdogan sinalizou que os dois lados estariam prestes a fazer um acordo.

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