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Tuítes de Trump atravessam "Grande Muralha eletrônica" chinesa

Como qualquer visitante estrangeiro, Trump deveria poder tuitar na China sob a condição de pagar gastos de roaming

Trump na China: "O presidente irá tuitar o que quiser", assegurou nesta quarta um porta-voz (Jonathan Ernst/Reuters)

Trump na China: "O presidente irá tuitar o que quiser", assegurou nesta quarta um porta-voz (Jonathan Ernst/Reuters)

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AFP

Publicado em 8 de novembro de 2017 às 16h38.

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, atravessou a "Grande Muralha eletrônica" da China nesta quarta-feira (8), ao publicar mensagens no Twitter durante sua visita ao país, que proibiu o uso da rede social.

Facebook e Google também estão proibidos no país, onde o regime comunista censura diversos conteúdos divulgados na Internet.

A repressão cresceu ainda mais nos últimos meses, com o fechamento de blogs de estrelas da rede e investigações abertas por "obscenidade" contra algumas plataformas chinesas.

Durante uma pergunta sobre a possibilidade do presidente americano tuitar durante a sua visita, o vice-ministro chinês das Relações Exteriores, Zheng Zeguang, respondeu na sexta-feira à imprensa: "os meios de comunicação do presidente Trump com o exterior não devem ser um motivo de preocupação".

"O presidente irá tuitar o que quiser", assegurou nesta quarta à imprensa um responsável de alto escalão da administração americana.

Trump deve usar uma tecnologia sofisticada disponível para ele com o objetivo contornar a chamada Grande Muralha eletrônica.

Nesta quarta-feira, o presidente americano tuitou uma foto da AFP em sua visita à Cidade Proibida, onde seu contraparte chinês, Xi Jinping, e sua esposa levaram ele e a primeira-dama Melania Trump para tomar chá e assistir a uma ópera.

"Em meu nome e da @FLOTUS Melania, OBRIGADO por uma tarde e noite inesquecíveis na Cidade Proibida em Pequim, presidente Xi e madame Peng Liyuan. Estamos ansiosos para nos juntarmos a vocês amanhã de manhã!", escreveu Trump.

Trump aparentemente usou algo diferente de seu smartphone para postar a mensagem, já que a tag "Twitter Web Client" aparecia no lugar de "Twitter for iPhone", como em suas postagens anteriores.

Em outra mensagem, Trump escreveu que estava "ansioso para um dia inteiro de reuniões com o presidente Xi e nossas delegações amanhã. OBRIGADO pela bela recepção, China! @FLOTUS Melania e eu nunca iremos nos esquecer!"

Desde sua eleição, o presidente americano usou muitas vezes o Twitter para denunciar o excedente comercial chinês, ou a suposta falta de ação de Pequim contra a Coreia do Norte, embora nunca tenha feito alusão à situação dos direitos humanos no país asiático.

Em virtude de uma lei adotada por Pequim em 2013, os internautas podem ser condenados a três anos de prisão por mensagem difamatória compartilhada mais de 500 vezes.

A lei também prevê penas de prisão para uma postagem vista mais de 5.000 vezes.

Uma lei de 2016 proíbe a publicação de conteúdos que atentem contra a "honra nacional", "alterando a ordem econômica ou social", ou destinados a "derrubar o sistema socialista".

"Trump não pode viver sem Twitter"

Como qualquer visitante estrangeiro, Trump deveria poder tuitar na China sob a condição de pagar gastos de roaming.

"Mas tudo depende da política das autoridades chinesas. Se decidirem proibir o roaming, podem fazê-lo", avisa James Gong, especialista em Direito da Internet no escritório de advocacia Herbert Smith Freehills.

"Quando alguém é presidente, não deveria supor um problema. Donald Trump não pode viver sem Twitter", disse.

O roaming usa a infraestrutura local, o que levanta a questão da confidencialidade das conversas. Mas Trump provavelmente utiliza uma tecnologia ultrassegura.

Para superar a "Grande Muralha eletrônica", os internautas podem recorrer a um VPN, uma rede privada virtual, que permite ter acesso a sites bloqueados na China. Mas Pequim avisou no início do ano que esses programas precisariam de uma autorização, fazendo temer sua proibição.

"A cada dia, quase todas as comunicações móveis são controladas na China, e dezenas de milhares de pessoas estão sob uma estreita vigilância", disse à AFP Charlie Smith, cofundador do movimento anticensura Greatfire.org.

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