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Tuíte de Trump sobre incêndio mortal na Califórnia "incendeia" internet

Incêndio histórico já matou nove pessoas e destruiu mais de mil casas na Califórnia

Bombeiros lutam contra um incêndio que destrói casas e obriga milhares de moradores a evacuarem na Califórnia.  (Gene Blevins/Reuters)

Bombeiros lutam contra um incêndio que destrói casas e obriga milhares de moradores a evacuarem na Califórnia. (Gene Blevins/Reuters)

Vanessa Barbosa

Vanessa Barbosa

Publicado em 6 de agosto de 2018 às 17h08.

São Paulo - Conhecido por seus comentários "sem freios" no Twitter e que, não raro, geram debates polêmicos, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump postou no domingo (5) em sua conta oficial no microblog uma análise pessoal sobre o incêndio histórico que já matou 9 pessoas e destruiu mais de mil casas na Califórnia. 

"Os incêndios da Califórnia estão sendo ampliados e agravados pelas más leis ambientais que não permitem que uma grande quantidade de água seja utilizada corretamente. [Água] Tem sido desviada para o Oceano Pacífico. Devem também limpar as árvores para impedir a propagação do fogo", diz Trump no Twitter.

O tuíte veio um dia após o governador da Califórnia, Jerry Brown, pedir ajuda ao governo americano para lidar com a atual temporada de incêndios florestais no estado.  Alimentado por ventos tempestuosos e vegetação seca, o incêndio que começou na segunda-feira passada (29) ganhou corpo e se alastrou rapidamente sobre a floresta e cidades no norte do estado americano. 

https://twitter.com/realDonaldTrump/status/1026228024403021824

O texto confundiu os especialistas e atraiu uma onda de críticas de seguidores e ambientalistas. Embora as estratégias estaduais e federais de manejo florestal nos últimos anos tenham sido citadas como facilitadoras dos recentes incêndios florestais, estudiosos foram rápidos em refutar a alegação do presidente americano de que a política da água era a culpada.

"Do lado da água, isso confunde a mente", disse LeRoy Westerling, professor da UC Merced e especialista em incêndios, ao San Francisco Chronicle.  “Nós gerenciamos todos os nossos rios na Califórnia, e toda a água é alocada muitas vezes. Então eu não tenho certeza do que ele estava recomendando. . . . Mesmo se tivéssemos eliminado todo o habitat de espécies [de mata] ciliares e peixes, e permitido a intrusão de água salgada no delta e estabelecido um sistema de irrigação sobre o estado, isso não compensaria a maior perda de umidade associada à mudança climática”.

Segundo o site Huffington Post, não ficou claro o que o presidente quis dizer com "água desviada para o Pacífico". O site destaca que a Califórnia aloca água para consumidores residenciais, agrícolas e industriais, e para a manutenção de áreas naturais estratégicas, incluindo as que abrigam espécies ameaçadas. Porém, ao final de todo seu percurso, as águas do estado acabam drenando para o oceano.

O portal de notícias Vox pontua outras razões que tornam as declarações de Trump desconcertantes, como as relacionadas às atividades humanas. "As pessoas estão construindo em áreas vulneráveis, estão ateando a maioria desses incêndios e os humanos estão promovendo mudanças climáticas, o que torna as condições de incêndio mais severas", diz.

Nesta segunda-feira, Trump voltou a falar do incêndio na Califórnia, desta vez culpando o governador Jerry Brown. "O governador Jerry Brown deve permitir o fluxo livre das vastas quantidades de água vindas do norte e que são tolamente desviadas para o Oceano Pacífico. Podem ser usadas para incêndios, agricultura e tudo mais. Pense na Califórnia com muita água - Boa! Governo federal aprovaria rápido", escreveu o presidente americano. 

Na sequência do primeiro tuíte de Trump, especialistas em ciências da natureza usaram seu perfis no Twitter para rebater as alegações do presidente, destacando que o próprio governo federal não tem feito a sua parte no combate às mudanças climáticas. Um dos comentários lembra que os EUA se retiraram do histórico Acordo climático de Paris. 

Muitos internautas também manifestaram desagrado pelo fato do presidente americano não ter demonstrado solidariedade às vítimas fatais e às milhares de pessoas deslocadas pela tragédia.

 

 

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