Panama Papers: o caso foi um consórcio jornalístico internacional que revelou como foram criadas sociedades que poderiam ter ajudado ricos e famosos a sonegar impostos através do escritório Mossack Fonseca (Rodrigo Arangua/AFP)
AFP
Publicado em 31 de março de 2017 às 21h59.
Última atualização em 6 de novembro de 2017 às 11h56.
Um ano após a publicação dos "Panama Papers", uma advogada do escritório de advocacia envolvido no escândalo afirmou que todas as empresas criadas foram constituídas dentro da legalidade.
"Não existe o delito, porque não ocorreu lavagem de dinheiro, as sociedades foram constituídas no âmbito da lei e foi mantida a devida diligência", disse à AFP Marlene Guerra, uma das advogadas do escritório de advocacia Mossack Fonseca, de onde os "Panama Papers" foram vazados.
Além disso, as entidades responsáveis por supervisionar as sociedades "em nenhum momento apontaram a empresa como se estivesse constituindo sociedades para um ato ilícito", acrescentou Guerra.
Na próxima segunda-feira, a publicação dos "Panama Papers" completa um ano, um trabalho realizado por um consórcio jornalístico internacional que revelou como - através do escritório Mossack Fonseca - foram criadas sociedades que poderiam ter ajudado ricos e famosos de todo o mundo a sonegar impostos.
O presidente russo, Vladimir Putin, o jogador de futebol argentino Lionel Messi e o cineasta espanhol Pedro Almodóvar apareceram entre os clientes do escritório.
A Procuradoria panamenha investiga este escândalo internacional que vincula 87 jurisdições de todo o mundo, segundo Guerra.
Até agora, não há pessoas presas ou processadas por este caso no Panamá, onde a evasão fiscal não é um crime, embora os fundadores da empresa, Jürgen Mossack e Ramón Fonseca, estejam detidos no país centro-americano em relação ao escândalo de corrupção investigado pela Operação"Lava Jato" no Brasil.
"É uma missão quase impossível que se possa saber em qual parte do mundo uma empresa foi comprada ou não e se foi utilizada para sonegar impostos", disse Guerra.
A advogada desafiou a Procuradoria a dizer onde está a quantia da suposta lavagem de dinheiro, a procedência do dinheiro e a demonstrar que ele foi obtido de maneira ilícita.
"Terão que continuar buscando no resto do planeta um crime cometido por eles, porque não fizeram isso. São inocentes", disse Guerra, para quem constituir sociedades para salvaguardar o patrimônio "é um direito inalienável" em "qualquer lugar do mundo".