Rebeldes do grupo islamita Ansar Dine são vistos em Kidal, no Mali, em 7 de agosto (Romaric Ollo Hien/AFP)
Da Redação
Publicado em 15 de janeiro de 2013 às 07h01.
Ouagadougou - Os rebeldes tuaregues do Movimento Nacional de Libertação de Azawad (MNLA) e os radicais islâmicos do Ansar Al Din aceitaram começar um processo de diálogo político para tentar acabar com a crise no norte de Mali.
''As delegações do MNLA e do Ansar Al Din expressaram sua disponibilidade para começar um processo de diálogo político sob a supervisão da Comunidade Econômica de Estados da África Ocidental (Cedeao)'', informou nesta terça-feira o ministro das Relações Exteriores de Burkina Fasso, Djibrill Bassole.
Após uma reunião dos grupos rebeldes com o presidente burquinense e mediador da Cedeao na crise, Blaise Compaoré, Bassole disse que o objetivo das conversas é ''encontrar uma solução negociada, justa e sustentável para a crise no norte malinês''.
''Eles aceitaram continuar as conversas em um marco formal e se organizaram para apresentar um programa de reivindicações que incluam as dos povos do norte de Mali'', acrescentou Bassole.
Por sua vez, o líder do MNLA, Bilal Ag Cherif, assegurou que chegou a hora de encontrar uma saída pacífica para o conflito.
''Não temos outra opção a não ser nos sentar e conversar seriamente para encontrar uma solução para o conflito entre Azawad e Mali, que já dura mais de 50 anos'', declarou o líder rebelde aos jornalistas.
Por sua vez, Bassole advertiu que ''o diálogo não substituirá a intervenção militar, nem a intervenção militar o diálogo''.
''Temos que combinar um processo diplomático e político com um militar para libertar a região dos grupos terroristas que representam uma ameaça para o processo de paz e para toda a região'', asseverou Bassole.
Enquanto isso, na região oriental malinesa de Menaka foram travados nesta sexta-feira combates entre o MNLA e Monoteísmo e a Jihad na África Ocidental, um dos grupos fundamentalistas islâmicos que controlam o norte do país africano.
Mali se encontra imerso em uma profunda crise desde o dia 22 de março, quando um golpe de Estado militar derrubou o presidente eleito democraticamente, Amadu Tumani Turé.
Segundo os últimos números do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (Acnur), o conflito do norte de Mali causou o deslocamento de mais de 200 mil pessoas, das quais pelo menos 46 mil se mudaram para Bamaco, a capital do país.