Tsunami na Indonésia: Policiais procuram vítimas entre os escombros de um hotel destruído em frente à praia atingida (Jorge Silva/Reuters)
AFP
Publicado em 24 de dezembro de 2018 às 07h24.
Última atualização em 24 de dezembro de 2018 às 11h35.
O balanço de vítimas fatais do tsunami provocado por uma erupção vulcânica na Indonésia subiu para 373, com 1.459 feridos, anunciou a Agência Nacional de Gestão de Desastres nesta segunda-feira (24), ao mesmo tempo que prosseguem as buscas de sobreviventes.
"O número de vítimas e de anos continuará aumentando", afirmou o porta-voz da agência, Sutopo Purwo Nugroho, que também citou 57 pessoas desaparecidas. O balanço anterior registrava 222 mortos.
Centenas de edifícios foram danificados pela onda gigante, que atingiu praias do sul da ilha de Sumatra e do extremo oeste de Java às 21h30 locais (12h30 de Brasília) de sábado. O tsunami foi provocado pela erupção do vulcão que é considerado o "filho" do lendário Krakatoa, o Anak Krakatoa, segundo o porta-voz.
As equipes de emergência, com diversos equipamentos, prosseguiam com os trabalhos nesta segunda-feira para procurar sobreviventes entre os escombros.
Os especialistas advertiram para o risco de novas ondas mortais em consequência da atividade vulcânica, enquanto as autoridades destacaram que o número de vítimas fatais pode aumentar.
Um vídeo dramático que circula pelas redes sociais mostra o momento em que uma onda gigantesca atinge um show do grupo de música pop "Seventeen".
Os integrantes da banda correm desesperados do palco, enquanto a onda chega aos espectadores. Em uma mensagem no Instragram, o vocalista do grupo, Riefian Fajarsyah, anunciou, sem conter as lágrimas, as mortes do baixista e do empresário que organizava a turnê, assim como o desaparecimento de outros dois músicos, um técnico e de sua esposa.
Imagens exibidas por um canal de televisão mostram a onda na praia de Carita, um popular destino turístico da costa oeste de Java: na passagem, o fenômeno deixa um rastro de destruição, com pedaços de telhados, madeira e árvores derrubadas.
Em Carita, Muhammad Bintang, de 15 anos, viu a aproximação da onda. "Chegamos às 21H00 para as férias e logo a água chegou. Tudo ficou escuro. Não havia energia elétrica", disse o adolescente.
Na província de Lampung, do outro lado do estreito, Lutfi al Rasyid, 23 anos, contou à AFP como fugiu da praia de Kalianda.
"Não consegui ligar a moto, então saí correndo. Rezei e corri o mais rápido que consegui".
De acordo com autoridades, o tsunami pode ter sido provocado por um aumento repentino da maré provocado pela lua cheia, combinado com uma avalanche no fundo do mar após a erupção do Anak Krakatoa (o "filho do Krakatoa"), que forma uma pequena ilha no estreito de Sunda.
"A combinação provocou um tsunami repentino que atingiu a costa", afirmou Nugroho, antes de destacar que a Agência Geológica da Indonésia trabalha para elucidar o que aconteceu exatamente.
As autoridades indonésias chegaram a afirmar em um primeiro momento que não havia tsunami, e sim um aumento da maré, e pediram à população que não entrasse em pânico.
"Se houve um erro a princípio, lamentamos", escreveu Nugroho mais tarde no Twitter.
As erupções vulcânicas submarinas, que são relativamente incomuns, podem provocar tsunamis pelo deslocamento repentino de água ou deslizamentos em encostas, de acordo com o Centro Internacional de Informação sobre Tsunamis.
O presidente americano, Donald Trump, que lamentou a devastação, tuitou: "Rezamos por sua recuperação. Os Estados Unidos estão com vocês!".
A ONU se mostrou disposta a apoiar os esforços do governo, indicou o porta-voz de Antonio Guterres, secretário-geral da organização.
O Centro Indonésio de Vulcanologia e de Gestão de Riscos Geológicos informou que o Anak Krakatoa mostrava sinais de atividade intensa há uma semana. Um pouco antes das 16h aconteceu uma erupção de 13 minutos, que provocou uma coluna de cinzas de centenas de metros.
Anak Krakatoa é uma pequena ilha vulcânica que surgiu no oceano meio século depois da letal erupção do vulcão Krakatoa em 1883. É um dos 127 vulcões ativos da Indonésia.
Naquela ocasião, uma coluna de cinzas, pedra e fumaça foi expelida a mais de 20 km de altura, o que deixou a região no escuro e provocou um grande tsunami, com repercussões em todo o mundo. A catástrofe deixou mais de 36 mil mortos.
A Indonésia, uma das áreas mais propensas a sofrer catástrofes no planeta, fica no Círculo de Fogo do Pacífico, onde se encontram placas tectônicas e que registra grande parte das erupções vulcânicas e terremotos do planeta.
O país sofre com frequência terremotos violentos, o mais recente deles na cidade de Palu, na ilha Célebes, onde milhares de pessoas morreram vítimas de um tremor e posterior tsunami.
Em 2004, um tsunami provocado por um terremoto no fundo do mar de 9,3 graus de magnitude, na costa de Sumatra, Indonésia, provocou a morte de 220.000 pessoas em vários países do Oceano Índico, 168.000 delas na Indonésia.