Donald Trump e Jerome Powell: presidente dos EUA aumenta pressão contra Powell e ameaça demissão do Federal Reserve. (Drew Angerer/Getty Images)
Freelancer
Publicado em 17 de julho de 2025 às 08h21.
Após especulações sobre Donald Trump estar prestes a demitir Jerome Powell do comando do Federal Reserve, um questionamento foi levantado: o presidente norte-americano tem poder para isso?
A suspeita surgiu depois que Trump, em reunião com deputados republicanos, teria levantado a hipótese de afastar o presidente do banco central. A informação, publicada pela Bloomberg, acendeu um alerta em Wall Street, já sensível às pressões do governo por juros mais baixos.
A legislação que criou o Federal Reserve, em 1913, determina que os integrantes do Conselho de Governadores, indicados pelo presidente e confirmados pelo Senado, só podem ser removidos do cargo por “justa causa”. Tradicionalmente, esse termo tem sido interpretado como má conduta grave, não divergência em decisões de política monetária.
Embora o presidente do Fed também tenha mandato próprio de quatro anos, a lei é omissa sobre restrições específicas quanto à sua destituição. Isso, segundo a Reuters, deixa espaço para interpretações. Entretanto, ainda não garante que o presidente demita o titular apenas por discordar das taxas de juros.
Caso a demissão ocorra, é considerada sem precedentes nos Estados Unidos. Nenhum presidente americano jamais tentou afastar chefe do Banco Central. Entretanto, ações judiciais em andamento sobre demissões de outras agências independentes durante o governo Trump podem servir como parâmetro. A Suprema Corte já indicou, em um desses processos, que o Fed ocupa uma posição única que as regras aplicadas a outras instituições podem não valer nesse caso.
A Bloomberg afirma que caso o Trump seguisse com o afastamento de Powell, o tema seria provavelmente decidido na Justiça.
Jerome Powell hoje acumula três funções: é presidente do Federal Reserve, membro do Conselho de Governadores e também lidera o Comitê Federal de Mercado Aberto (FOMC), responsável por definir a taxa básica de juros.
Trump poderia tentar tirá-lo de uma dessas posições — ou de todas.
Com legitimidade para contestar uma possível demissão, Jerome Powell entraria provavelmente com um recurso na Justiça Federal. Anteriormente, o atual presidente do Fed afirmou em público que considera ilegal uma eventual demissão e desse não acreditar que as decisões judiciais sobre outras agências se apliquem ao Banco Central.
Entretanto, como não teria o apoio institucional para a contestação, ele teria que arcar o processo com recursos próprios, o que, de acordo com a Bloomberg, não seria um problema — considerando que ele é ex-executivo de private equity e possui patrimônio suficiente para conduzir a disputa.