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Trump x Kim: relembre a novela que antecedeu a cúpula histórica

Apesar das provocações e ameaças, Donald Trump e Kim Jong-un parecem ter encontrado um caminho comum. Relembre como chegaram até aqui

Drinks decorados para cúpula Trump x Kim: relação entre os líderes foi uma montanha-russa de emoções (Feline Lim/Reuters)

Drinks decorados para cúpula Trump x Kim: relação entre os líderes foi uma montanha-russa de emoções (Feline Lim/Reuters)

Gabriela Ruic

Gabriela Ruic

Publicado em 11 de junho de 2018 às 12h00.

Última atualização em 11 de junho de 2018 às 12h00.

São Paulo – Foi uma montanha-russa de emoções. Desde que o presidente americano, Donald Trump, assumiu a presidência no início de 2016, as relações com o líder da Coreia do Norte, Kim Jong-un, se tornaram um espetáculo de altos e baixos.

Agora, as turbulências entre os países, cujo poderio dos arsenais nucleares não são segredo para ninguém, parecem ter se acalmado enquanto Trump e Kim caminham rumo à uma cúpula histórica em que o programa nuclear norte-coreano será o tema central.

O encontro, o primeiro entre líderes em exercício desses países, está marcado para acontecer nesta terça-feira, 12 de junho, em Singapura. Abaixo, EXAME listou os principais capítulos da novela Trump x Kim que antecedeu essa cúpula.

Testes, testes e testes

2017 foi sem dúvidas o ano em que os testes balísticos e nucleares conduzidos pela Coreia do Norte se tornaram ainda mais agressivos e esse foi o pano de fundo da relação entre Trump e Kim.

O primeiro teste veio menos de um mês depois de o republicano ter assumido a presidência, em fevereiro, e o artefato poderia ser capaz de atingir o a porção continental dos Estados Unidos.

Só naquele ano, o regime de Kim realizou dezenas de testes de mísseis e um nuclear: uma bomba de hidrogênio que causou um terremoto de magnitude 6,3 que fora sentido também na Coreia do Sul.

Fogo e fúria

As provocações entre Trump e Kim se intensificaram a partir de meados de 2017, especificamente quando notícias vindas da península coreana davam conta de que a Coreia do Norte já estava dominando o processo de miniaturização de ogivas nucleares para que pudessem ser acopladas aos mísseis intercontinentais.

“É melhor que a Coreia do Norte não faça ameaças aos EUA”, disse Trump na época, “ou irá encontrar fogo e fúria jamais vistos”, alertou o republicano.

A partir desse momento, as provocações entre os líderes tornaram-se frequentes. Trump chegou a debochar publicamente física de Kim diversas vezes, o chamando de “pequeno homem dos foguetes” e subestimando os testes realizados pelo país.

O temperamento explosivo dos líderes se tornou uma preocupação para especialistas e para a comunidade internacional, que temia que um deles pudesse começar a caminhar na direção de um conflito bélico.

Ânimos controlados

O mundo esteve à beira de uma catástrofe nuclear em 2017. Em 2018, no entanto, o tom norte-coreano diminuiu consideravelmente e o programa nuclear pareceu ter atingido o seu objetivo: abrir caminho para negociações de igual para igual entre o regime e a comunidade internacional.

As notícias divulgadas pela agência estatal do país passaram a sugerir essa abertura e as atividades nucleares se reduziram significativamente ante o observado em anos anteriores. Em março, especulações sobre um possível encontro entre Kim e Trump surgiram a partir da intermediação da Coreia do Sul.

Em abril, Mike Pompeo, secretário de Estado dos Estados Unidos, faz uma visita secreta à Coreia do Norte, reforçando as esperanças de que a cúpula aconteceria em breve. Foi a primeira vez em anos que uma visita diplomática de alto nível foi feita pelo governo americano ao país asiático.

Aperto de mão histórico

Com a situação aparentemente controlada, o presidente sul-coreano, Moon Jae-in, e Kim realizaram outro encontro histórico, o primeiro em anos, que trouxe à tona esperanças de reunificação entre os países e contou com um aperto de mão simbólico entre eles na Zona Desmilitarizada que divide os territórios.

Moon Jae-in e Kim Jong Un

Em guerra desde a década de 50, porém sem confronto armado real em razão de um armistício assinado entre as partes na época, a reunião entre os líderes foi vista como o passo mais importante dado recentemente para que o fim do conflito.

Poucos dias depois, o local e a data do encontro de Kim com Trump foi divulgado: seria em 12 de junho, em Singapura.

Tudo (quase) vai por água abaixo

O clima de festa, no entanto, quase foi por água abaixo novamente em razão de declarações explosivas de ambos os lados (Kim e Trump). Pouco tempo depois do anúncio da cúpula entre EUA e Coreia do Norte, as forças armadas americanas seguiram com exercícios militares conjuntos com a Coreia do Sul, irritando Kim.

Na época, o regime norte-coreano retomou as ameaças, chegando a alertar os EUA para que não confundissem a disponibilidade coreana em debater a paz com um sinal de fraqueza e cancelando uma nova reunião com Moon.

Novas farpas foram trocadas até que Trump, em um movimento hostil, divulgou uma carta em 24 de maio na qual cancelava, oficialmente, o encontro com Kim. A comunidade volta a temer que instabilidades pudessem causar um conflito armado na região, mas é logo acalmada pelo restabelecimento do contato entre EUA e Coreia do Norte.

Em 1 de junho, a reunião volta a ganhar força e é confirmada para acontecer conforme o previsto depois da visita de um oficial do alto escalão do regime a Trump no Salão Oval da Casa Branca. Agora, o mundo estará ligado no próximo capítulo dessa novela no próximo dia 12.

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