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Trump vai perdoar sufragista americana que votou ilegalmente em 1872

Susan B. Anthony, que lutou pelo direito de voto das mulheres, foi culpada por um júri formado apenas por homens por ter votado para eleição presidencial

Susan B. Anthony: apesar de sua importância para o voto feminino, a comunidade feminista questiona retóricas racistas usadas por ela na época (Fotosearch/Getty Images)

Susan B. Anthony: apesar de sua importância para o voto feminino, a comunidade feminista questiona retóricas racistas usadas por ela na época (Fotosearch/Getty Images)

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Clara Cerioni

Publicado em 18 de agosto de 2020 às 12h42.

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou nesta terça-feira, 18, que vai perdoar a sufragista americana Susan B. Anthony, morta há 114 anos.

“Ela nunca foi perdoada. Você sabia disso?", disse Trump na Casa Branca antes de assinar uma proclamação marcando o 100º aniversário da ratificação da 19ª Emenda (também é conhecida como a emenda Susan B. Anthony), que concedeu às mulheres o direito de voto.

A ação de Trump é vista como uma estratégia eleitoral para tentar atrair o eleitorado feminino, que, segundo as pesquisas de opinião, prefere o ex-vice-presidente Joe Biden nas eleições de novembro.

Em 1872, ela ganhou os holofotes quando foi detida por votar ilegalmente em uma eleição em Rochester, Nova York. Ela foi considerada culpada por um júri formado apenas por homens e multada em US$ 100. 

Susan seguiu militando pelo direito de voto das mulheres, mas sua figura não é consenso no movimento feminista. Isso porque, quando lutava pela igualdade de votos, ela adotou retóricas racistas, principalmente em relação aos homens negros.

A ativista protestou veementemente contra a 14ª emenda, que garantiu proteção igual para os negros, mas também manteve que apenas “cidadãos do sexo masculino” tinham o direito de voto. “Vou cortar meu braço direito antes de trabalhar ou exigir o voto para o negro e não para a mulher”, disse ela na época.

Atualmente, Susan também é reverenciada como um ícone entre os ativistas contrários ao aborto, que alegam que se ela estivesse viva estaria lutando ao lado deles. O argumento tem como base um artigo anônimo publicado no jornal sufragista que a ativista editava, chamado The Revolution.

No texto, a pessoa que escreveu e se identificou como A, afirmava que discordava dos apelos de uma revista médica por leis contra o aborto, mas mesmo assim o lamentava o "assassinato de crianças".

Segundo reportagem da Vice americana, há um poderoso grupo anti-aborto chamado de Susan B. Anthony List, que prometeu $ 52 milhões para reeleger Trump e candidatos anti-aborto ao Senado no início deste ano.

Para essas mulheres, que se consideram feministas modernas anti-aborto, o fato de o artigo ter sido publicado na revista editada por Susan prova que esse tipo de feminismo é o "herdeiro legítimo do trabalho das feministas de primeira onda" para garantir às mulheres o direito de votar.

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