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Trump usa dados falsos para aumentar taxa de assassinatos nos EUA

O índice do FBI se estabilizou no início da década passada e desceu a partir de 2005, até chegar em 2014 a seu ponto mais baixo desde a década de 1950

Trump: "A taxa de assassinatos em nosso país é a mais alta em 47 anos. Vocês sabiam? 47 anos." (Win McNamee/Bloomberg)

Trump: "A taxa de assassinatos em nosso país é a mais alta em 47 anos. Vocês sabiam? 47 anos." (Win McNamee/Bloomberg)

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EFE

Publicado em 7 de fevereiro de 2017 às 22h22.

Washington - O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, disse nesta terça-feira que a taxa de assassinatos no país é a maior em 47 anos, um dado que contrasta com as estatísticas oficiais do FBI (polícia federal americana), que situam esse índice em um nível muito inferior ao das décadas de 1980 e 1990.

Trump, que já tinha feito a mesma "denúncia" em várias ocasiões durante a campanha eleitoral, reiterou esse dado durante uma reunião na Casa Branca com vários xerifes de condados de todo o país.

"A taxa de assassinatos em nosso país é a mais alta em 47 anos. Vocês sabiam? 47 anos. Eu dizia isso em discursos e as pessoas se surpreendiam, porque os veículos de comunicação não dizem as coisas como são. Não lhes convinha dizer", destacou Trump.

Segundo as estatísticas do FBI, que recopila dados dos departamentos de polícia de todo o país, a taxa de assassinatos em 2015 se situou em 4,9 por cada 100.000 habitantes, o último dado conhecido, faltando que se publique o relativo a 2016.

Essa taxa é superior à de 2014, que era de 4,4; mas é notavelmente inferior ao ponto máximo registrado nas estatísticas do FBI, que foi de 10,2 em 1980.

O índice do FBI subiu quase constantemente entre 1957 e 1980, e a partir de então começou a cair, estabilizando-se no início da década passada e descendo de novo a partir de 2005, até chegar em 2014 a seu ponto mais baixo desde a década de 1950, com uma taxa de 4,4, que voltou a aumentar no ano passado.

Quando Trump fez o mesmo comentário durante a campanha eleitoral, alguns analistas sugeriram que poderia estar confundindo o aumento anualizado com o índice em si, dado que, em 2015, a taxa de assassinatos cresceu 10,8% em relação a 2014, o que marcou o maior salto anualizado dos últimos 50 anos.

Trump se centrou também especialmente no caso de Chicago, onde os assassinatos dispararam recentemente e que, em 2016, registrou 762 homicídios, o número mais alto desde os 796 de 1996.

Hoje, o presidente americano assegurou que o nível de criminalidade nessa cidade americana é "pior" que em boa parte do Oriente Médio.

"Se vocês dirigissem Chicago - disse aos xerifes na Casa Branca - resolveriam esse pesadelo. Porque permitir, literalmente, milhares de tiroteios em um mês, é pior do que alguns lugares sobre os quais lemos no Oriente Médio, onde há guerras. É tão triste. Chicago se transformou em uma situação tão triste", ressaltou.

Essa cidade do meio oeste americano registrou 266 tiroteios até agora em 2017, segundo dados do departamento de polícia de Chicago citados pelo jornal local "Chicago Sun Times".

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