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Trump tem 1,3 bilhão de motivos para não provocar a China

As provocações de Trump poderiam atiçar o nacionalismo em um ano em que os líderes chineses já estão trabalhando para incutir o orgulho no povo

Trump: se o discurso explosivo de Trump incitar o patriotismo chinês, Xi terá menos espaço para negociar sem parecer fraco para seu país (Mike Segar/Reuters)

Trump: se o discurso explosivo de Trump incitar o patriotismo chinês, Xi terá menos espaço para negociar sem parecer fraco para seu país (Mike Segar/Reuters)

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Da Redação

Publicado em 26 de janeiro de 2017 às 16h11.

Hong Kong - O presidente dos EUA, Donald Trump, atacou reiteradamente a China por tudo, do comércio a Taiwan, para pressionar seu par chinês, Xi Jinping, a ceder.

Com isso, Trump corre o risco de provocar uma reação que poderia dificultar ainda mais os negócios.

A China tem uma população de 1,3 bilhão de habitantes e sua imprensa estatal dominante quer polir a imagem do Partido Comunista.

Nesse contexto, as provocações de Trump poderiam atiçar o nacionalismo em um ano em que os líderes chineses já estão trabalhando arduamente para incutir o orgulho no povo e enfatizar a união.

Se o discurso explosivo de Trump incitar o patriotismo chinês, Xi terá menos espaço para negociar sem parecer fraco para seu país, o que aumenta as chances de que ele opte pela retaliação, mesmo que as autoridades chinesas costumem tomar cuidado para evitar que o nacionalismo ganhe vida própria, para não desencadear uma instabilidade social maior.

Assim como os presidentes anteriores, Xi usa o nacionalismo para fortalecer sua própria posição e a do partido. Parecer poderoso no palco global, e se esquivar das provocações de outros países, é uma maneira de nutrir isso.

Desde que chegou ao poder, Xi ampliou o alcance do exército da China e redobrou as asseverações sobre território no Mar da China Meridional.

“Se o povo chinês achar que Xi Jinping está sendo provocado por Trump, ele vai esperar uma resposta muito forte”, disse Paul Haenle, que assessorou o ex-presidente George W. Bush sobre a China e atualmente dirige o Carnegie-Tsinghua Center for Global Policy em Pequim.

“Se a situação ficar muito ruim, é possível que o nacionalismo surta efeito”, como nos protestos contra o Japão no fim de 2012.

No auge dos atritos com o Japão por causa do Mar da China Oriental, que ocorreram pouco antes da posse de Xi, os chineses foram às ruas em mais de uma dúzia de cidades, destruindo carros japoneses, rasgando bandeiras do Japão e saqueando lojas japonesas.

Agora, Trump e sua equipe arriscam ofender os nacionalistas da China ao atacar Pequim em relação a Taiwan e ao Mar da China Meridional -- regiões que os líderes do partido consideram “interesses centrais” inegociáveis.

Enquanto Xi se prepara para uma reorganização da liderança de seu partido, que ocorre uma vez a cada cinco anos, qualquer provocação carrega um risco adicional porque ele precisa projetar uma imagem de líder forte que não se acovarda diante de políticas dos EUA que parecem elaboradas para conter a China.

A insinuação de Trump de que ele poderia usar a ameaça de reconhecer oficialmente Taiwan, que a China considera uma província, a fim de obter um acordo comercial melhor, poderia levar Xi a não fazer absolutamente nenhuma concessão no comércio.

Trump também reclamou que a China não se empenhou o bastante para ajudar a desarmar a Coreia do Norte, e o secretário de Estado escolhido por ele, Rex Tillerson, propôs impedir o acesso da China aos recifes recuperados no disputado Mar da China Meridional.

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