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Trump sugere que a Ucrânia 'poderia ser russa algum dia'

Em entrevista à Fox News, presidente americano afirmou querer recuperar 'os cerca de US$ 500 bilhões enviados' como ajuda à Ucrânia, recebendo em troca 'terras raras' ucranianas

Donald Trump, presidente dos Estados Unidos (Andrew Harnik/AFP)

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Agência o Globo
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Publicado em 11 de fevereiro de 2025 às 06h45.

Última atualização em 11 de fevereiro de 2025 às 06h47.

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O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, sugeriu na segunda-feira que a Ucrânia poderia ser russa "algum dia", justamente na semana em que está prevista uma reunião de seu vice-presidente, J. D. Vance, com o líder ucraniano Volodymyr Zelensky.

O líder republicano chegou à Casa Branca prometendo um fim rápido para o conflito entre Rússia e Ucrânia, que se aproxima de seu terceiro aniversário, e criticando a ajuda massiva enviada a Kiev por seu antecessor, Joe Biden.

Esse discurso gera preocupação entre as autoridades ucranianas, que temem ser pressionadas a aceitar uma proposta de paz desfavorável aos seus interesses.

Em uma entrevista à emissora conservadora americana Fox News, divulgada na segunda-feira, o magnata chegou a evocar a possibilidade de que a antiga república soviética caia nas mãos de Moscou.

"Eles podem chegar a um acordo, podem não chegar a um acordo. Podem ser russos um dia, podem não ser", afirmou.

Trump também insistiu que os Estados Unidos devem recuperar a ajuda prestada a Kiev e sugeriu um intercâmbio pelos recursos naturais do país, especialmente as terras raras.

"Vamos ter todo esse dinheiro lá, e eu digo que quero ele de volta. Eu disse a eles que quero o equivalente, cerca de US$ 500 bilhões, em terras raras", defendeu o presidente.

"E, basicamente, eles aceitaram fazer isso, então pelo menos não nos sentimos estúpidos", acrescentou.

Trump também confirmou separadamente, na segunda-feira, o envio de seu emissário especial Keith Kellogg à Ucrânia, encarregado de esboçar uma proposta para interromper o conflito.

Segundo uma fonte do gabinete da Presidência em Kiev, a visita ocorrerá em 20 de fevereiro, quatro dias antes do terceiro aniversário do início da invasão russa.

Zelensky exige garantias

Antes disso, nesta sexta-feira, 14 de fevereiro, o presidente ucraniano se reunirá com o vice-presidente americano em uma conferência de segurança em Munique, na Alemanha.

Embora nos últimos meses tenha se mostrado mais aberto a negociar com Moscou, Zelensky insistiu na segunda-feira que qualquer acordo deve garantir uma "paz real e medidas de segurança eficazes" para a Ucrânia.

"Segurança para a população, segurança para nosso Estado, segurança para nossas relações econômicas e, claro, para a sustentabilidade de nossos recursos: não apenas para a Ucrânia, mas para todo o mundo livre", declarou.

"Tudo isso está sendo decidido agora", afirmou em um vídeo publicado em suas redes sociais.

Trump afirma querer encerrar a guerra o mais rápido possível, mas ainda não apresentou um plano para aproximar as posturas divergentes de Moscou e Kiev.

Na semana passada, o presidente americano também disse que "provavelmente" se reunirá com seu homólogo ucraniano nos próximos dias, mas descartou uma viagem a Kiev.

Zelensky confirmou que um encontro está sendo planejado, mas que ainda não há uma data definida.

Diante desse cenário, tanto a Ucrânia quanto a Rússia intensificaram seus ataques nos últimos meses para reforçar suas posições em uma eventual negociação de paz.

No entanto, no campo de batalha, são as tropas russas, mais numerosas e melhor armadas, que têm a iniciativa, especialmente na frente oriental, onde capturaram várias localidades.

Na terça-feira, o Ministério da Energia ucraniano anunciou ataques russos contra o setor elétrico e a infraestrutura de gás do país.

"Para minimizar as possíveis consequências para o sistema energético, o operador do sistema de transmissão está aplicando restrições emergenciais no fornecimento de eletricidade", informou o ministério.

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